domingo, 15 de fevereiro de 2009

RECORDANDO O NAUFRÁGIO DO NAVIO-MOTOR BACALHOEIRO “JOÃO COSTA” EM SETEMBRO DE 1952 E A ODISSEIA DA SUA EQUIPAGEM



O navio-motor bacalhoeiro JOÃO COSTA
Logo que a 27, foi conhecida a noticia de que o navio-motor bacalhoeiro JOÃO COSTA, pertencente à Sociedade de Pesca Luso Brasileira, Lda., da Figueira da Foz, havia naufragado no dia 23, cerca das 09h00 (hora local) e transmitida pelo navio Americano COMPASS, que encontrara 12 homens em três dóris, todos os serviços da Armada e Mutua dos Armadores dos Navios da Pesca do Bacalhau, tomaram imediatamente as providencias necessárias tendentes ao salvamento dos náufragos, tarefa insana que se prolongou durante toda a noite.
O JOÃO COSTA, com 73 homens de tripulação, entre oficiais, marinheiros e pescadores, saíra de Lisboa em 15/04/1952 para os Bancos da Terra Nova e Groenlândia, iniciando a viagem de regresso, no dia 18/09/1952, com um carregamento de cerca de 11.000 quintais de bacalhau. Cinco dias depois o navio deixou de comunicar com Lisboa, o que a principio não causou grandes apreensões. No entanto, elas avolumaram-se, à medida que os dias iam passando, tanto mais que – segundo rádios do navio de apoio GIL EANNES – dois violentos ciclones assolavam o Atlântico, obrigando os 24 navios da frota Portuguesa, que se encontravam nos Bancos a abrigarem-se no porto de St. John’s, onde permaneceram ainda livres de qualquer perigo.
Tanto na Figueira da Foz como em Lisboa, aguardavam-se informes do JOÃO COSTA, até que anteontem cerca da 18h00, foi recebido em Ponta Delgada o rádio transmitido de bordo do COMPASS, a que atrás se aludiu, não dando pormenores da sua nacionalidade, nem do navio que se afundara no próprio dia 23, às 09h00.
A falta de notícias do navio Português, deu logo a ideia de que os náufragos lhe pertenciam. De Ponta Delgada comunicaram o facto ao Comando Geral da Armada, tendo o Almirante Oliveira Pinto, ordenado a saída imediata dos Açores, do contratorpedeiro NRP TEJO e os patrulhas NRP S. TIAGO e NRP FLORES, largando estes anteontem ao fim da tarde e aquele à meia-noite. Simultaneamente, as autoridades aeronáuticas da Base das Lajes, determinavam a largada de aviões da Secção de Busca e Salvamento.
De bordo do COMPASS continuavam a receber-se mensagens, anunciando
o naufrágio à navegação e solicitando a sua colaboração nas pesquisas. Navios de várias nacionalidades convergiram para a área indicada, ao mesmo tempo que no Grémio dos Armadores, em Lisboa, na Figueira da Foz, no Ministério da Marinha e na residência do comandante Henrique Tenreiro, no Porto, continuavam a receber-se rádios sobre o decorrer das pesquisas.
Finalmente, às 10h30 de ontem, informaram, de Ponta Delgada, estarem salvos todos os tripulantes do seguinte modo: 35 a bordo do navio Americano STEEL EXECUTIVE, que os encontrara em 8 dóris; 27 a bordo do navio Alemão HENRIETTE SCHULTE que recolhera 6 dóris.
Após sete dias no alto mar, naquelas pequenas embarcações, os 74 tripulantes estavam salvos – sendo 73 do JOÃO COSTA e um de outro navio, mas instalado naquele e que regressava a Portugal por motivo de doença.
Os serviços de Marinha e os particulares continuavam aguardando noticias, visto ignorarem-se ainda as causas do acidente e os locais para onde estariam a ser conduzidos os náufragos.
O JOÃO COSTA, 47,17m/773tb, propriedade da Sociedade de Pesca Luso-Brasileira, Lda., sedeada na Figueira da Foz, foi construído em madeira em 1945, e era comandado pelo capitão João José Silva Costa, um dos mais jovens oficiais da frota bacalhoeira e com seu pai, sócio gerente da empresa proprietária do navio naufragado. Desde o seu lançamento à agua nos Estaleiros Navais do Mondego, Murraceira, por mestre Benjamim Bolais Mónica, em 20/12/1945, dia de temporal desfeito, juntamente com o gémeo CAPITÃO FERREIRA, para a Atlântica Companhia Portuguesa de Pesca, Lda., de Lisboa, fora comandado pelo Capitão João de Deus.

Os navios-motor bacalhoeiros JOÃO COSTA e CAPITÃO FERREIRA na carreira dos Estaleiros Navais do Mondego, Murraceira, Figueira da Foz, dias antes do lançamento à água.

Este ano já se perderam cinco navios bacalhoeiros. RIO CAIMA, SENHORA DA SAUDE, MARIA FREDERICO, SÃO JACINTO, e agora o JOÃO COSTA, todos eles quando regressavam a Portugal com carregamentos completos de pescado.O Grémio doa Armadores de Navios da Pesca de Bacalhau e relativamente ao naufrágio do JOÃO COSTA, enviou a Imprensa a seguinte nota:«Segundo informação recebida hoje, no Estado-Maior Naval, os 27 náufragos a bordo do navio Alemão HENRIETTE SCHULTE, desembarcaram, hoje, mesmo, às 15h30, em Ponta Delgada. Também os 35 náufragos resgatados pelo navio Americano STEEL EXECUTIVE, chegaram ao mesmo porto pelas 16h00.
Os restantes 12 náufragos recolhidos pelo navio Americano COMPASS devem desembarcar – conforme foi comunicado pelo seu capitão, às nossas autoridades navais – na próxima sexta-feira, 8 de Outubro, nas proximidades de Lagos, às primeiras horas da manhã. Deste porto sairão embarcações para os receber.
O Grémio, hoje, mesmo, transmitiu instruções aos arrastões bacalhoeiros Portugueses ALVARO MARTINS HOMEM, da SNAB, de Lisboa, e ao INVICTA, da Companhia de Pesca Transatlântica, do Porto, que estão a realizar a viagem de regresso a Portugal, para escalar Ponta Delgada, em cujas proximidades navegam, a fim de conduzir os 62 náufragos a Portugal Continental. Também foi solicitado às autoridades navais de Ponta Delgada, que prestem toda a assistência aos náufragos desembarcados naquele porto e os agradecimentos aos capitães dos navios salvadores».
A ODISSEIA DA TRIPULAÇÃO
Ponta Delgada, 30 – Acabam de desembarcar neste porto de bordo do navio Americano STEEL EXECUTIVE 35 náufragos do navio-motor bacalhoeiro JOÃO COSTA, incluindo o respectivo capitão, João José Silva Costa, que contou ao representante da “Lusitânia” a odisseia da tripulação.
No dia 23, pelas 20h00, em consequência dum curto-circuito, deu-se uma explosão na casa das máquinas, entre os tanques de gasóleo. Nesse momento o JOÃO COSTA encontrava-se a 43,23N e 26,36W., faltavam três dias para terem o cabo Mondego à vista e os familiares na barra à sua espera. A tripulação e os pescadores, em número de 74 homens abandonaram o navio em 22 dóris.
Alguns tripulantes, antes de saltarem para os dóris, com grave risco, conseguiram trazer de bordo do navio em chamas, duas bússolas e remos, mantendo-se alguns homens, ainda a bordo, durante 15 minutos, para transmitir os sinais de socorro pela fonia, embora o risco de novas explosões pusessem as suas vidas em perigo eminente. Com efeito, meia hora depois, de terem ocupado os dóris, verificaram-se seis terríveis explosões.
O navio submergiu-se totalmente na manhã do dia 24 e então começou a tragédia da tripulação, perdida no mar sem água, nem alimento.
Tentando fazer rumo a terra, os dóris mantiveram-se agrupados, tendo avistado ao largo sete navios que não puderam prestar-lhes socorro, pois não foi possível chamar a sua atenção. Para facilitar o socorro, o capitão determinou que os dóris se dividissem em dois grupos, cada um deles utilizando uma das duas únicas bússolas que possuíam. Entretanto vagas altas inutilizaram algumas das pequenas embarcações. A sede era tão terrível que ocasionou grandes sofrimentos, mas ao quarto dia da sua odisseia, os náufragos conseguiram aproveitar água da chuva para se dessedentarem.
O navio que saíra da Terra Nova no dia 17, conduzia 11.000 quintais de bacalhau. Um dos seus 75 tripulantes por doença, transitara para outro navio.
Este grupo de 35 náufragos salvos pelo STEEL EXECUTIVE foi recolhido às 05h00. O HENRIETTE SCHULTE, salvou mais 27 homens e o COMPASS dirigiu-se ao porto de Lagos com 12 náufragos. A tragédia ocorreu aproximadamente a 60 milhas ao Norte da Ilha de S. Miguel.
Os náufragos desembarcados nesta cidade, não obstante os sofrimentos porque passaram sentem-se felizes, perante o carinhoso acolhimento das autoridades e da população.
Os náufragos passaram os dias da sua odisseia recolhidos nos 22 dóris, transferindo-se mais tarde apenas para 17 deles, suportando frio, sede e fome, ao ponto de quase estado de loucura estarem dispostos a comer o cão de bordo, o Mondego, o que não aconteceu. Afogaram-no com medo que ficasse raivoso. Conseguiram capturar uma tartaruga, que a comeram crua, por não terem maneira de a cozinhar, a fim de matarem a fome para sobreviver. As alucinações estavam a aparecer.

Um dos navios salvadores, o STEEL EXECUTIVE

CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS DIFICULTARAM AS OPERAÇÕES DA AVIAÇÃO
Angra de Heroísmo, 30 – Os aviões que saíram da Base Aérea das Lajes, de madrugada, para sobrevoar a zona em que tinham sido assinalados os primeiros náufragos do navio JOÃO COSTA tiveram as maiores dificuldades por serem desfavoráveis as condições atmosféricas. Os últimos três aparelhos que levantaram voo, como os primeiros, foram forçados a retroceder. As unidades navais NRP TEJO, NRP S. TIAGO e NRP FLORES, que saíram imediatamente para o mar, tiveram conhecimento do salvamento de todos os náufragos antes de chegaram ao local do sinistro.
NÁUFRAGOS SALVOS PELO “COMPASS” E PELO “STEEL EXECUTIVE”
Aeroporto de Santa Maria, 30 – Os náufragos do JOÃO COSTA recolhidos pelo navio COMPASS são Bernardino do Nascimento, Francisco Luis, Armando Parracho, Silvério Madeira, António Silva, Manuel Borges, Bartolomeu Ramalho, Manuel Guerra, José Fidalgo, António Charana, Joaquim Soares e Francisco Baptista. Todos se encontram de saúde.
O COMPASS segue a sua rota para a Índia via canal de Suez, e tentará desembarcar os náufragos junto da Estação Semafórica da Ponta de Sagres.
As três unidades navais mandadas seguir em busca dos desaparecidos, encontraram no local do sinistro muitos destroços do navio naufragado.
CONGRATULAÇÕES PELO SALVAMENTO E O DESEMBARQUE DOS NÀUFRAGOS
O almirante Guerreiro de Brito e o comandante João Fialho, superintendente dos serviços da Armada e capitão do Porto de Lisboa, respectivamente, logo que tomaram conhecimento do salvamento de todos os náufragos, apresentaram cumprimentos de congratulação ao Grémio dos Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau.
Segundo informações recebidas do Estado Maior Naval, os 24 náufragos do JOÃO COSTA recolhidos pelo HENRIETTE SCHULTE chegaram ontem às 15h30 a Ponta Delgada e os 35 resgatados pelo STEEL EXECUTIVE chegaram às 16h00 ao mesmo porto.
Os restantes 12 náufragos que foram recolhidos pelo COMPASS deverão chegar às proximidades de Lagos na próxima sexta-feira, onde barcos portugueses irão recolhê-los.
A NOTICIA DO SALVAMENTO NA FIGUEIRA DA FOZ
Figueira da Foz, 30 – A cidade recebeu com júbilo a notícia oficial de terem sido salvos todos os tripulantes do navio-motor JOÃO COSTA, que no passado dia 23 se afundou, a cerca de 60 milhas dos Açores.
Dos 74 elementos a bordo, são da Figueira da Foz 49, e anteriores noticias ofereciam dúvidas quanto ao salvamento total, ontem tornado publico pelo capitão do porto, Primeiro Tenente João Carlos Gomes, que recebeu a boa-nova do Ministério da Marinha. E as pobres mulheres, que há dias lutavam com a horrível dúvida, deram largas à sua alegria, à qual se somou toda a cidade festivamente.
Semelhante alegria reinara em Vila do Conde, de onde são sete dos tripulantes, na Povoa de Varzim e na Fuzeta, que de cada qual são três dos tripulantes, da Nazaré dois, um de Almada e outro de Lagos. Desta cidade é também o capitão do navio, João Jose Silva Costa, filho do respectivo armador, João José de Figueiredo Costa, e vários graduados daquele navio, que foi aqui construído em 1945.
Não obstante o sofrimento passado por aqueles “Heróis do Mar”, tudo acabou em bem, caso contrário teríamos a lamentar mais um episódio da “Historia Trágico Marítima”, que infelizmente, apesar de todas as modernas tecnologias náuticas, continua a ocorrer por esse mundo fora!
O “INVICTA” DESEMBARCA EM LEIXÕES PARTE DO NAUFRAGOS DO “JOÃO COSTA”
Enquanto o arrastão ALVARO MARTINS HOMEM conduziu para Lisboa parte dos náufragos, a 07/10/1952, manhã cedo, demandava o porto de Leixões de regresso dos mares da Groenlândia e Terra Nova, com escala por Ponta Delgada, para cujos pesqueiros partira há cerca de dois meses, o arrastão INVICTA, pertencente à Companhia de Pesca Transatlântica, Porto, comandado pelo capitão Manuel Inácio Gaio. A bordo vinham 31 náufragos do navio-motor bacalhoeiro JOÃO COSTA, que naufragara a 23/09/1952, e foram embarcados naquele porto insular.
Cedo, o INVICTA era aguardado em Leça da Palmeira por numerosos familiares e amigos vindos, propositadamente da Figueira da Foz, Buarcos, Povoa de Varzim e outros centros piscatórios do Pais, pressurosos de abraçar os seus. Logo que aquele arrastão fundeou, juntamente com as autoridades marítimo-portuárias, subiram a bordo os Snrs. Joaquim Maia Águas, Vasco de Sousa, António Lourenço Pessoa, Frederico de Sousa, Jorge Simões e João José de Figueiredo Costa , este sócio-gerente da Sociedade de Pesca Luso-Brasileira, Lda., Figueira da Foz, e pai do capitão João José Silva Costa, do navio naufragado e logo que as formalidades portuárias e aduaneiras foram concluídas, os 31 náufragos, após terem passado por uma odisseia atroz, ainda combalidos, porém com certo ar de felicidade, acompanhados de familiares e amigos, lá seguiram para as suas terras de origem, onde certamente não deixaram de contar aos seus conterrâneos a aventura porque passaram.
Na maré da tarde, o INVICTA, 66m/1.297tb, largou da bacia do porto de Leixões e fez-se ao rio Douro, carregando nos seus porões cerca de 19.000 quintais de bacalhau e produtos afins, indo amarrar no lugar do Cavaco, a dois ferros, cabos estabelecidos para terra e ancorote dos pilotos, ao lançante para Noroeste.

O Invicta demanda o rio Douro, década de 50
NO SENTIDO DE SABER NOVIDADES DO NAUFRÁGIO NÃO LARGUEI MAIS O MEU RECEPTOR DE ONDA MARITIMA
Na altura, que se soube pelos noticiários da rádio e dos jornais diários, do salvamento dos primeiros náufragos do JOÃO COSTA pelo COMPASS, no sentido de saber novidades do naufrágio, não larguei mais o receptor PHILCO MAYOR, com onda marítima, que embora não fosse muito potente, com uma antena estabelecida entre duas chaminés de minha casa e de uma vizinha, engendrada por meu pai, conseguia-se escutar, razoavelmente os “faladoiros” dos navios bacalhoeiros nos pesqueiros da Terra Nova e Groenlândia e os vapores de pesca do Cabo Branco.
Já na minha vida profissional, consegui escutar os capitães de navios holandeses da VNGCo’s (Nigoco Schepen), Roterdão, companhia para quem trabalhava, em conversa no Mar do Norte e mesmo na costa Norte da Noruega. Uma certa ocasião consegui escutar um navio da companhia a navegar no meio do gelo, à saída do porto Sueco de Sundsvall, Norte do Mar Báltico.
HISTÓRICO DOS NAVIOS SALVADORES
COMPASS, 134,5m/7.243tb; 1943 construído por California Shipbuilding Corp., California, para a U.S. War Shipping Administration, Los Angeles, como petroleiro; 1949 convertido em navio de carga; 1952 COMPASS; 1955 MARY P; 1957 P. PREKLA; 1966 NEBRASKAN; 22/09/1967 chegou a Hirao, Japão, para desmantelamento.
STEEL EXECUTIVE, 141,8m/8.018tb; 1945 construído por Ingalls Shipbuilding Corp,, Pascagoula, como SEA LYNX para U.S. War Shipping Administration, New Orleans; 1947 STEEL EXECUTIVE, Isthmian Steamship Co., New York; 30/09/1973 chegou a Kaohsiung, Taiwan, para desmantelamento.
HENRIETTE SCHULTE, 143,72m/6.205tb; 1951 construído por Nordseewerke, Emden para Atlas Reederei A.G. Emden; 1960 TAI CHUNG; 02/1973, Após um grave acidente, chegou a Kure, Japão, para desmantelamento.
Fontes: Imprensa diária; Miramar Ship Index.
Imagens da Imprensa diária.
STEEL EXECUTIVE, imagem de autor desconhecido.
INVICTA, F. Cabral
Rui Amaro

27 comentários:

J.pião disse...

Foi a muitos anos ,tinha eu 9 anos quando ouvi mulheres aqui nas caxinas aos gritos ,eu miúdo nem imaginava que se tinha afundado um navio da pesca do bacalhau ,más como o meu pai também lá andava já sentia preócupações ,afinal daqui das caxinas estavam a bordo meia duzia de pescadores e realmente foi um horror quando o navio se incendiou ,porque o navio já vinha de viagém para Portugal ,mesmo a faltar tres ou quatro dias na altura ,foi horroroso e eu sei daquilo que escrevo porque também naufraguei por incendio duas vezes no Aviz e Inacio Cunha ,só que foi diferente ,diria mesmo prá mim foi positivo ,más como o incendio do João COSTA foi uma tragédia e só não foi mais porque além de tudo o pessoal nos dóris mantiveram-se únidos e com Deus ainda tiveram a felicidade de serem encontrados por navios que passavam por perto,émbora já nos limites da vida ,enfim um drama ! Obrigado a Navios À Vista Saúdações Maritimas .Jaime Pontes

fangueiro.antonio disse...

Caro Rui Amaro,

Agradeço o grande e elucidativo comentário que fez ao FRV "Anton Dohrn" no meu blogue e é sempre em busca de artigos como este sobre bacalhoeiros ou navios / barcos de pesca que quase diariamente investigo o seu excelente blogue em busca de algo novo.
Quando estive com o Sr. Óscar Fangueiro na Póvoa de Varzim, mencionou-me o seu nome, entre outros, como pessoas com grandes tesouros e saber destas coisas marítimas. O seu blogue comprova-o e sigo-o fielmente.

Cumprimentos,
A.Fangueiro
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

Anónimo disse...

Fico muito agradecido pela recordação do salvamento do João Costa. É uma página da história da que foi uma importante actividade do nosso país.

Iniciei a minha actividade profissional na Companhia de Pesca Transatlântica em 1949 mas, por meu pai ser lá empregado, há mais tempo que eu já percorria a margem direita do nosso Douro a ver os navios e ia para bordo do Avis e do Condestável e mais tarde para o INVICTA que, aliás, quando chegou do estaleiro na Holanda onde foi construido, acolitei na cerimónia da benção o Cónego Valente.

Saí em 1966 quando a Transatlântica liquidou e passei para a margem esquerda paa o Vº. do Porto. Fiz o resto da minha carreira na casa Warre, aliás hoje Symington Family Estates (Warre Dow Graham Vesuvio, etc.). Aposentei-me com 65 anos em 1999.

Cheguei à sua página quando tentava encontrar fotografias sobre a pesca do bacalhau para poder num grupo de séniores amigos do conhecimento documentar uma apresentação sobre a pesca do bacalhau e hoje em dia uma apresentação sem imagem não funciona tão bem.

Fiz há pouco uma sobre Vº. do Porto
mas foi fácil pois a industria está em actividade em hoje em dia há muitas fotos actuais.

Há dias expliquei ao Museu de Ilhavo o meu interesse em obter fotografias sobre o tema mas ainda não obtive resposta. Será que me pode informar de alguma fonte ?

Muito obrigado pelo seu trabalho.

Julio Caldeira

jamcaldeira@sapo.pt

Rui Amaro disse...

Caro Júlio Caldeira
Obrigado pelo seu comentário.
Imagens da "faina maior", pesca do bacalhau, não possuo e as poucas que tenho postadas no meu blogue, são de recortes da imprensa diária, que naqueles tempos se interessava pelo tema e pelo assuntos do mar e percebiam do assunto. Hoje, que este país plantado à beira mar, que foi de marinheiros e descobriu quase todo o mundo e até os "bacalhaus", parece se desviar do mar, fonte importante da economia, que diminuiria o desemprego. Veja-se o que fizeram à Escola da Marinha Mercante e Pescas e agora o que estão a fazer ao espólio do Estaleiro do Alfeite, que deveria ser preservado como motivo museológico!
Quanto à questão colocada, só estou a ver o MUSEU MARITIMO DE ILHAVO, ou algum bloguista do tema, das áreas de Aveiro, Ilhavo, Viana, Figueira ou Lisboa, que esteja a ler esta mensagem e possa satisfazer o seu pedido e que de certeza não deixará de atender o seu pedido.
De qualquer maneira irei procurar saber hipoteses e depois comunicar-lhe-hei para o seu E-mail.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro - Foz do Douro

luiscurado disse...

27-09-2010 Faz hoje 58 anos que ocorreu o naufrágio do JOÃO COSTA,tinha eu apenas 6 anos de idade,mas ainda tenho presente na memória tal tragédia.O meu Pai, Alberto Curado era o 1º motorista e foi quem desceu á casa das máquinas para parar os motores, evitando assim a explosaão do navio,o que permitiu que todos os tripulantes abandonassem o mesmo para os dóris.Luis Curado

luiscurado disse...

27-09-2010 Faz hoje 58 anos que ocorreu o naufrágio do JOÃO COSTA,tinha eu apenas 6 anos de idade,mas ainda tenho presente na memória tal tragédia.O meu Pai, Alberto Curado era o 1º motorista e foi quem desceu á casa das máquinas para parar os motores, evitando assim a explosaão do navio,o que permitiu que todos os tripulantes abandonassem o mesmo para os dóris.Luis Curado

Rui Amaro disse...

Caro Luis Curado
È mais uma achaga para a história da saga do bacalhoeiro JOÃO COSTA e da sua companha. Graças a Deus tudo acabou por correr bem.
Obrigado pela mensagem lembrando a data do naufrágio.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro

João Costa disse...

O capitão João José Silva Costa era meu avô e desde miudo que ouvi esta estória, é bom ver que a memória perdura agora na web.

Rui Amaro disse...

Amigo João Costa
Grato pelo seu comentário e ainda para mais sendo do neto do capitão João Costa.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro

Anónimo disse...

Ainda bem se salvaram todos, mas pergunto sem malicia este naufragio
teve consequencias num «banco» que existia no largo de carvão?

Rui Amaro disse...

Caro Anónimo
È sabido que em navios construídos de ferro ou aço, as suas perdas devido a acidentes motivados por fogo têm sido catastróficas, mesmo em deslumbrantes navios de cruzeiro, devido a tantas cozinhas, copas, lavandarias, etc. Agora veja-se em navios de madeira, o fogo propaga-se quase sem se dar por ele e é um vê se te safas, e no caso do bacalhoeiro JOÃO COSTA sem baleeiras salva-vidas, apenas com os frágeis dóris sem um mínimo de condições de sobrevivência para vários dias. Valeu àqueles ”verdadeiros heróis do mar”, a agitação marítima se conservar aparentemente calma, se fosse em condições de borrasca, infelizmente nem um se salvaria para contar a odisseia. Recorde-se parte da companha do lugre bacalhoeiro MARIA DA GLÓRIA que nunca mais foi encontrada.
Saudações marítimo-entusiásticas.
Rui Amaro

Anónimo disse...

Sou neta de JOÃO JOSÉ DE FIGUEIREDO COSTA (e não como está escito por Vós), nascida em 1948 e que acompenhei de muito perto esta "história", até pq morava em casa dos meus avós... Há coisas q não são bem assim, no q diz respeito ao cão... mas vamos deixar como "dizem" de modo a dar paz a quem dela precisa e merece !!!... Andei no Liceu , ao mesmo tempo q o Luis António Curado e lembro-me perfeitamente do pai dele, o Alberto e da avó e mãe respectivamente... um doce de criatura, a ROSA PATRÍCIA. (responsávelpor eu ter dado o nome de Patrícia, á minha filha mais nova, em sua homenagem ). O meu muito obrigada por trazerem a lume esta "história". Estou disponivel para contar muito mais coisas... Maria Isabel Costa Mascarenhas

Rui Amaro disse...

Exma. Sra.
D. Maria Isabel Costa Mascarenhas
Fico-lhe imensamente grato pelo seu comentário e já corrigi o nome de seu avô. que estava errado de acordo com a noticia da Imprensa diária, que foi uma das minhas principais fontes, se bem que muito do que escrevi no texto também é de memória, pois já na minha infância me interessava pelos assuntos maritimos, e conheci o navio JOÃO COSTA surto mo rio Douro, quando vinha hibernar ou aliviar carga que era transportada para a Figueira da Foz por um batelão de que já não me recordo o nome e que era conduzido pelo pequeno rebocador ALFREDO COSTA da mesma empresa.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro - Foz do Douro

Anónimo disse...

Senhor Rui Amaro:Devo dizer-lhe que adoraria conversar consigo, pelas histórias de barcos bacalhoeiros que conhece... os "meus dentes" nasceram-me a ouvir falar de barcos,capitães, pescadores etc, pq além de como já disse ser neta de João José de Figueiredo Costa e sobrinha do Cap João Costa, o meu falecido pai, foi sócio de um navio de pesca do bacalhau, o São Gabriel, e foi tb o responsável pela seca, primeiro no Seixal e depois na Gafanha.Após a morte do meu pai, a sociedade foi vendida a António Vieira e ... acabei por perder o resto da vida do navio .Cordiais cumprimentos, Maria Isabel Costa Mascarenhas

Rui Amaro disse...

Exma. Snra.
D. Maria Isabel Costa Mascarenhas
Quanto ao historial do navio bacalhoeiro SÃO GABRIEL, posso esclarecer que foi entregue pelos ENVC, Viana do Castelo, como navio-motor de pesca à linha salgador, à importante empresa da industria da pesca, Sociedade de Pesca Luso-Brasileira, Lda., Lisboa (segundo o Lloyd's Register of Shipping); 1987 ALPES III, Challenger II SA, Panamá, (bandeira e registo de conveniência e possivelmente pertença do armador António Vieira, de Aveiro, que talvez tenha alterado o sistema de pesca e conservação do pescado); 17/07/1995 naufragou no Atlântico Sul, posição 16.02N / 23,28W devido a explosão.
Fotos poderão ser encontradas nos seguintes sites: Museu Marítimo de Ilhavo, item NAVIOS e no link http://lugardoreal.com/imaxe/navio-de-pesca-a-linha-s-gabriel/.
Sobre navios da pesca do bacalhau e sua indústria poderá também pesquisar entre outros nos blogues NAVIOS E NAVEGADORES e em MARINTIMIDADES.
È tudo que consegui pesquisar sobre o excelente navio bacalhoeiro que foi o SÃO GABRIEL.
Sempre ao dispor
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro – Foz do Douro

Rui Amaro disse...

Exma. Snra
D. Maria Isabel Costa Mascarenhas
Devo acrescentar que o navio SÃO GABRIEL foi entregue pelos conceituados E N V C, Viana do Castelo, em 04/1956, que construiu um razoável numero de navios identicos.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro

Anónimo disse...

Snr Rui Amaro, grata pelas suas informações, sobre o SÃO GABRIELe não só. Devo dizer, que a Soc. Pesca Luso Brasileira, era a do meu avô, que após naufrágio do João Costa e morte e falência do meu avô, o Alvará da Sociedade, foi vendido a António Inácio Ferreira e um outro sócio. Só mais tarde o meu pai entra para a sociedade. O SÃO GABREL, teve como primeiro Cap JOÃO DE DEUS e depois Cap JUVENAL CARLOS FILIPE FERNANDES, até o barco pertencer á LUSO BRASILEIRA. Um outro bacalhoeiro da mesma época do SÃO GABRIEL, era o SÃO RAFAEL, que tinha a Seca tb no Seixal, mesmo ao lado da Luso Brasileira. Cordiais cumprimentos, Maria Isabel Costa Mascarenhas

Madeira disse...

Sou Silverio Madeira era pescador do navio João Costa e gostaria de saber o que é feito do Capitão João Costa deixo meu contacto para que alguem me de noticias sobre o Capitão.
Obrigado .
madeira.ze@gmail.com

Rui Amaro disse...

Amigo Silvério Madeira
Segundo um dos comentários da Exma. Sra. D. Maria Isabel Costa Mascarenhas na m/ postagem sobre o naufrágio do n/m JOÃO COSTA, o seu tio o Capitão João Costa já faleceu.
Lamento não possuir o endereço electrónico daquela Senhora para melhor informação.
Abraço
Rui Amaro

Luis Curado disse...

Luis Curado disse: O Capitão João Costa faleceu há já uns anos, não sei precisar a data, mas sei que foi uns anos antes de meu Pai, Alberto Curado,1º motorista do João Costa,falecido a 27-01-1996.Com os meus cumprimentos.

Luis Curado disse...

Luis Curado disse: O Capitão João Costa faleceu há já uns anos, não sei precisar a data, mas sei que foi uns anos antes de meu Pai, Alberto Curado,1º motorista do João Costa,falecido a 27-01-1996.Com os meus cumprimentos.

rui amaro disse...

Caro Júlio Curado
Obrigado pelo comentário, e já agora, sabe-me dizer, ai por 1961
julgo que o capitão do SENHORA DO MAR também se chamava Joãao Costa. Será que era a mesma pessoa!?
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro

luis curado disse...

Luis Curado disse:Sr.Rui Amaro O Capitão João Costa, após o naufrágio do " João Costa", em 24 de Setembro de 1952 foi comandar em 1953 o " Senhora do Mar", da firma Mariano & Silva, do Porto,tendo efectuado campanhas á pesca do bacalhau á linha até 1961, as quais foram interrompidas devido a grande cheia do Douro em Janeiro de 1962 que danificou o bacalhoeiro que se encontrava fundeado em frente a Massarelos e partiu as amarras vindo parar ao cais do frio.Posteriormente foi o navio reparado no estaleiro de Viana do Castelo e transformado em arrastão bacalhoeiro,continuando como seu Capitão , João Costa.Os meus cumprimentos.b

Rui Amaro disse...

Caro Luis Curado
Lembro-me muito bem do acidente do n/m SENHORA DO MAR que devido ao n/m inglês LANRICK ter vindo rio abaixo numa das maiores cheias do rio Douro, rebentou com as amarras de terra do n/m SENHORA DO MAR, amarrado à margem de Gaia, e este atravessou o rio e estatelou-se contra a prancha-cais do Entreposto Frigorifico do Peixe, ficando com a proa na direcção da íngreme rua da Restauração, Massarelos, parecendo mesmo que estava com intenções de subir a referida rua.
Quanto ao LANRICK ficou completamente em seco sobre a estrada onde o SENHORA DO MAR estivera amarrado durante a sua hibernação. Mas tudo acabou em bem, pois ambos os navios foram mais tarde postos a reflutuar e voltaram às suas actividades normais.
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro

Anónimo disse...

Caros Srs:
O meu nome é Fernando Valentim de Oliveira,e depois de ver todos estes excelentes comentários acerca do Navio João Costa e do seu grande capitão João José da Silva Costa, gostaria de deixar aqui o meu testemunho das seis campanhas que fiz com o capitão Costinha como era popularmente conhecido na época já a bordo do navio Rainha Santa, da empresa Pascoal e Filhos.
Depois de ter sido dispensado do navio Neptuno por não ter capturado o peixe suficiente para lá permanecer, fui para a lista de dispensados do Grémio onde no seguinte ano o Costinha me foi buscar para pescador no Rainha Santa.
O Capitão Costinha foi sempre muito querido no Rainha Santa por toda a tripulação, não tenho palavras que possa descrevê-lo, tive horas, e horas de conversas com esse grande senhor que hoje recordo com muita saudade.
Gostaria de poder contactar ainda com alguns companheiros dessas viagens aos Grandes Banks, mas decerto que muitos já não se encontram entre nós, é a lei da vida.Para quaisquer informação aqui fica o meu e-mail ( fernando-puxa1@hotmail.com )Os meus respeitosos cumprimentos, e obrigado pela vossa atenção...

Rui Amaro disse...

Caro Fernando
Pois é, de facto o capitão João Costa devia ser além de um excelente profissional era também um estimado capitão para os homens do dory que comandava.
Apesar da idade já avançada dos seus colegas, pode ser ser que algum o contacte para o seu e-mail.
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro - Foz do Douro

Anónimo disse...

Lamentavelmente só hoje voltei a visitar este BLOG ...por isso mesmo só hoje vos digo que o meu tio, o Cap João José da Silva Costa, nascido na FFoz,em 23/04/1919, faleceu no HDFF, em 09/08/1990. Quanto ao meu mail, ele aqui vai : micosmascarenhas@gmail.com
Saudações cordeais, Maria Isabel Costa