domingo, 16 de fevereiro de 2014

RECORDANDO O NAUFRÁGIO DO NAVIO-MOTOR “SAVE” NA COSTA DE MOÇAMBIQUE EM 07/1961

 O SAVE demandando o porto de Leixões em 1953 / (c) Foto Mar, Leixões /.

O SAVE transformado numa gigantesca e trágica fogueira / Jornal de Noticias /.

Compungidamente assinalou-se nas páginas do Jornal da Marinha Mercante, o naufrágio no litoral de Moçambique, do navio-motor SAVE, da Companhia Nacional de Navegação, que sofreu um golpe na sua frota, constituindo trágico acontecimento para a Marinha Mercante Nacional.
Nas suas viagens de rotina e exercício de cabotagem, o SAVE saíra no dia 29 de Junho de Lourenço Marques para os portos do norte da Província com carregamento completo, e 550 passageiros e 53 tripulantes. A maioria dos viajantes era constituída por trabalhadores nativos que regressavam às suas terras, após serviço nas minas do Transval; mas tinha também embarcado um contingente militar, composto por 55 soldados e cabos europeus e 167 soldados nativos, sob comando dum alferes.
na sexta-feira, 7 do corrente, o navio depois de escalar o porto da Beira, onde deixara parte da carga e outra embarcara, ao fazer rumo a Quelimane, e quando estava a cerca de dez milhas deste porto, encalhou num banco de areia em frente do rio dos Bons Sinais. O comandante do SAVE, capitão da Marinha Mercante Mário Nobre Vieira, informou para os portos próximos e solicitou socorros.
Para o local assinalado partiu da Beira o rebocador SOFALA e do Chinde o rebocador TEMBE. A tripulação do SAVE conseguiu safar o navio pelos seus próprios meios; mas pouco tempo decorrido, por virtude da agitação do mar, o navio foi novamente impelido para outro banco de areia.
Verificou-se que, por um rombo, o barco estava a meter água, pelo que foi julgado prudente desembarcar os passageiros. A invasão da água provocou um curto-circuito num porão onde seguiam alguns tanques de combustível; aberta uma escotilha por onde se infiltrava fumo, os gases comprimidos provocaram uma explosão que matou imediatamente o imediato do navio António Esteves Coelho, quatro tripulantes europeus e abalou o navio de popa à proa, destroçando anteparas e pavimentos vitais.
Deu-se o natural pânico, ao verificar-se o navio em chamas, na sua crítica posição. Muitos dos passageiros não aguardaram tomar as baleeiras e saltaram para o mar, confiados em poder chegar a terra, que não estava longe. As vagas continuavam alterosas; a primeira baleeira conseguiu chegar â costa com os náufragos, mas a segunda foi desfeita pelo mar de encontro ao costado do SAVE, morrendo todos que nela se encontravam.
O local do litoral onde se verificou o sinistro é dos mais inóspitos, pois a praia é rodeada de pântanos e mangais, impedindo, praticamente, o seu acesso pelo lado de terra.
Aos pedidos de socorro, além dos rebocadores citados, acudiram os navios LIAZI, CHAIMITE e ANGOCHE, mas destas unidades se mostrou também impraticável qualquer auxílio, dada a agitação do mar. Por via aérea, porém, foi possível a algumas avionetas localizar o sítio alcançado pelos náufragos e aterrar na praia, para embarcar aqueles que mais urgentemente necessitavam de transporte, por terem sofrido queimaduras. Foram especialmente os aviões do Aero Clube de Quelimane que se distinguiram nessa humaníssima faina, mas outros aparelhos sobrevoaram a área onde se deu a tragédia, um deles conduzindo o governador-geral sr. almirante Sarmento Rodrigues, que viajando no norte da Província, para ali se dirigiu a fim de tomar conhecimento do ocorrido.
Entre outras autoridades que se encontraram no local figuravam o governador do distrito da Zambézia, comandante Daniel Rocheta, que na praia dirigiu os trabalhos de salvamento, com o capitão do porto de Quelimane.
Segundo um telegrama recebido em Lisboa do Comando Naval de Moçambique, foram salvos 252 passageiros e 38 tripulantes. Destes, 17 são europeus; dados como mortos: quatro europeus e desaparecidos 12 indígenas.
Quanto aos passageiros calcula-se em 243 os desaparecidos, mortos ou levados pela corrente para qualquer ponto do litoral.
Dá-se de seguida uma relação da tripulação:
Mário Nobre Vieira, capitão, de Lisboa; António Esteves Coelho, imediato, do Porto; José Morgado Nunes, 2º piloto, de Lisboa; José Sancho de Freitas, 3º piloto, de Ilha Brava; António Barroso de Sampaio, radiotelegrafista, de Algueirão; José Franco de Almeida, c/mestre, de Lisboa; José dos Reis Varandas, chefe de máquinas, de Lourenço Marques; Artur Ramos Correia, 2º maquinista, de Lisboa; Viriato Francisco Borges, 3º maquinista, de Lisboa; Raúl Inácio Valadas, artífice, de Lourenço Marques; João Baptista da Cunha de Jesus, Electricista, de Lisboa; Gregório Santa Rita, paioleiro, de Lisboa; José Bernardo Ferreira Mesquita, enfermeiro, de Lourenço Marques; António Cristóvão Mendes Barata, Despenseiro, de Lisboa; António de Castro Paradela, encarregado, de Monte da Caparica; Manuel Rodrigues Caneja, Padeiro, de Lourenço Marques; Joaquim G. de Oliveira Pegado, conferente, de Lourenço Marques; Silvério Santos Costa Júnior, conferente, de Lourenço Marques; Sebastião Denfo Naifante, residente a bordo.
Além dos tripulantes acima referidos, havia mais trinta e três indígenas, dos quais dezasseis do convés, seis das máquinas e onze criados.
Destes tripulantes faleceram na tragédia: António Esteves Coelho, imediato; José Morgado Nunes, 2º piloto; João Baptista da Cunha de Jesus, electricista; José Franco de Almeida, c/ mestre.
Tripulantes hospitalizados:
Para Lourenço Marques foram transportados de avião, com graves ferimentos António Paradela, José de Freitas, Gregório Santa Rita, Raul Valadas, Viriato Borges e Joaquim Pegado e um outro.
Há notícia de estarem também feridos Artur Ramos Correia e António Cristóvão Mendes Barata.
- Segundo um telegrama recebido de Lourenço Marques, o comandante Vitor Ferreira, inspector da CNN, em Moçambique afirmou que “todos os tripulantes do SAVE se revelaram dignos da profissão que abraçaram e das nobres tradições dos homens do mar”.
- O Governo português recebeu de Chefes de Estado e chancelarias de várias nações estrangeiras condolências pela tragédia.
SAVE (2) - n / m misto, imo 5607732 / 78,93 m / 2.036tab / Passageiros 652 / tripulantes 46/2 Motores Diesel Bruto Polar 5 CIL. 1.800hp / 12nós;. 10/1951 O entregue los Grangemouth Dockyard Co.. Ltd., Grangemouth, a Companhia Nacional de Navegação, Lisboa, SEJA para o quali empregou Norte SERVIÇO costeiro da Província de Moçambique, nomeadamente Emoção Norte de Nativos, Trabalhadores das Minas de Volta Transval, na África do Sul.
Fonte: in Jornal da Marinha Mercante.
Rui Amaro

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CASO “ANGOCHE”: MISTÉRIO OU TALVEZ NÃO

 O ANGOCHE no porto de Lisboa em 03/1959 / F. Cabral, Porto /.

O ANGOCHE chega a Lourenço Marques conduzido pelo BALTIC / Flama /.

 O ANGOCHE assistido  em Lourenço Marques pelo INCOMATI  / Flama /.

 Dois tripulantes do BALTIC no castelo de proa do ANGOCHE / Flama /.

O ANGOCHE adornado assistido em Lourenço Marques pelo INCOMATI

ESSO PORT DICKSON / autor desconhecido - Photoship Co. Uk /.

Tudo leva crer que o navio-motor de cabotagem português ANGOCHE, tenha sido vítima de um golpe de mão, ao largo da costa de Moçambique, quando em rota de Nacala para Porto Amélia, levando a bordo 23 tripulantes e um passageiro, e carga geral composta principalmente por gasolina para a força aérea e armamento. Mas golpe de mão praticado por quem? Estando activa na província do Indico, desde 1963, a guerrilha da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e tendo, até, a Rádio Pequim feito referencia ao incidente somos levados, tal como pensou imediatamente a opinião pública local, a pensar na participação dos guerrilheiros no assalto. Mas – à hora a que a Flama entrava nas máquinas – ainda estava de pé uma negativa da Frelimo, pretendendo nada ter a ver com o caso, mas também existiam outros movimentos de guerrilha moçambicanos. Ao certo, neste momento sabe-se, apenas, de concreto, oficialmente, que o navio deixou de ser visto a 23/04/1971, para ser encontrado, três dias mais tarde, por um petroleiro de registo panamiano, de nome ESSO PORT DICKSON, 170m/12,992tab, tendo os tripulantes deste, apenas visto a bordo como única manifestação de vida, um pacato bichano e um cão. Dos tripulantes e passageiro, nem traço. E o navio era uma desolação – as chamas, possivelmente provocadas por uma explosão, haviam destruído a ponte, o posto de rádio, os camarotes. Mas a bordo encontrava-se apenas uma baleeira, a de estibordo, nos respectivos turcos.
O petroleiro entrou imediatamente, e segundo manda a lei internacional na posse do navio, uma vez que se encontrava abandonado no mar alto, mas não deu o alerta geral aquando do encontro, o que devia ter feito, e após o ter rebocado durante algum tempo de rumo a Durban, no entanto foi-lhe recusada a entrada fez-se de rumo à Beira, onde foram entabuladas as conversações com o armador e autoridades, sobre as condições de pagamento pela entrega do salvado, e parece que ai, contratou o salvadego germânico BALTIC, 51m/662tab, para conduzir o ANGOCHE para Lourenço Marques, onde chegou já sob escolta da Marinha de Guerra Portuguesa. Dois tripulantes dos BALTIC vinham - e ficaram a bordo – para garantia da posse do “fantasma”, até ser resolvido o pagamento. De momento, é tudo – até que as autoridades nos digam, de facto, o que se passou – abordagem, motim, guerrilha, ou quê? Até que nalgum país africano independente apareçam os tripulantes. E expliquem o mistério que talvez o não seja.
Se tudo isto esclarece muito pouco o abandono, nada revela o destino da tripulação. Intensas buscas aéreas e marítimas têm sido feitas em todo o litoral de Mocímboa da Praia até à Beira, sem quaisquer resultados: nem corpos, nem vestígios da baleeira desaparecida. A zona é muito infestada por tubarões, mas mesmo que a baleeira se tivesse voltado por qualquer motivo, e porque o navio navegava junto â costa a baleeira poderia ter sido avistada, o que infelizmente não ocorreu.
O que mais perturbou logo de início as autoridades foi o facto de ninguém aparecer a reivindicar a autoria do incidente, tanto mais que, como é sabido, estas iniciativas têm em regra objectivos definidos. Quando os palestinianos desviam um avião comercial pretendem o quê? Antes de mais espaço na comunicação social, sacudir a opinião pública mundial a fim de angariar apoio para uma causa que consideram justa. Quando na América do Sul, alguém rapta um embaixador, pois é certo que ele acabará por ser trocado ou aparecerá morto. Mas um rapto sem chantagem, sem cadáveres, sem objectivos, nem autores, um rapto apenas com vitimas, um navio sozinho e enegrecido pelas chamas ao sabor dos ventos do indico, como explicá-lo? Eis, pelo menos durante alguns dias, o parâmetro do mistério do ANGOCHE, que se não vier a ser devidamente esclarecido, entrará na história como uma das mais estranhas fábulas marítimas.
Em Lourenço Marques o ANGOCHE foi assistido, também pelo rebocador local INCOMATI, 46m/508tb.
Após tanta tinta gasta, e na Net há imensos e variados relatos sobre o caso, o certo é que dos 24 desventurados homens que compunham a lotação do malfadado ANGOCHE, a bordo só sobreviveram dois animais mascotes de bordo, um gato e um cão, e até hoje nem um dos tripulantes foi encontrado, apesar das acções desenvolvidas. Se não foi sabotagem, accão dos movimentos independentistas, de pirataria, ou de outros interesses e ninguém se manifestou, até parece que se deu um ataque de “extra terrestres”!?
ANGOCHE (2) – imo 5017668/ 81,65m/ 1.689,37tab/ 11,5nós; 07/1958 entregue pela Companhia União Fabril, Lisboa, â Companhia Nacional de Navegação, Lisboa, que o empregou no seu serviço costeiro de Moçambique; 1971 ANGOCHE, transferido para a subsidiária da CNN, Companhia Moçambicana de Navegação, Lourenço Marques; 03/1972 vendido a sucateiros de Lourenço Marques para demolição.
Fontes: Semanário a Flama; jornal O Século; Miramar Ship Index.
Rui Amaro      

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sábado, 8 de fevereiro de 2014

RECORDANDO O NAUFRAGIO DO NAVIO-MOTOR “ERIKA BOJEN” JUNTO Á BARRA DA FIGUEIRA DA FOZ

O ERIKA BOJEN  encalhado junto ao molhe sul da barra da Figueira da Foz

O capitão do ERIKA BOJEN ao centro, e o capitão do porto da Figueira da Foz à direita

25/04/1992 – A barra da Figueira da Foz voltou a ser notícia. Desta feita a culpa não terá sido o malfadado assoreamento, mas a falha de máquina do navio-motor ERIKA BOJEN, propriedade de armador alemão, mas arvorando bandeira de conveniência de Antígua e Barbuda, uma pequena ilha situada nas Caraíbas. Trata-se de um navio rio-mar do tipo “boxshape”, muito utilizado no transporte de pasta de papel das indústrias celulósicas. Tripulantes deixaram de ser preocupação, pois foram recolhidos. Quarenta toneladas de combustível podem originar alguma maré negra de efeitos imprevisíveis para uma zona de veraneio.
Tudo aconteceu cerca da 09h35, logo após o ERIKA BOJEN ter cruzado a barra de saída, e no preciso momento em que o motor parou, obrigando a que fundeasse, com evidente dificuldade do lado de fora da barra, aproximadamente a meio do molhe sul.
O comunicado da capitania do porto diz que, logo que foi tomado conhecimento da avaria, foram mobilizados todos os meios disponíveis para socorrer o navio em dificuldades. Entretanto, a bordo, uma tripulação de seis homens – um alemão, um polaco, um português, um chileno e dois cabo-verdianos – tentavam solucionar o problema que se mostrava difícil, acabando o ERIKA BOJEN, devido aos vagalhões, por ser atirado para cima do enrocamento do molhe, onde ficou prisioneiro das pedras.
Um helicóptero da Força Aérea foi requisitado para resgatar os tripulantes, que cerca do meio-dia, já pisavam terra firme, libertos de um pesadelo de quase três horas, cujo fim chegou a preocupar, dada a força da agitação marítima a fustigar um casco que amparava 499 toneladas brutas e uma carga de pasta de papel enfardada, que havia sido carregada na Soporcel, cujo peso era 1.500 toneladas e se destinava à Escócia.
De momento a preocupação é a obtenção de camiões-cisterna para a trasfega do combustível (40 toneladas de gasóleo) e, posteriormente, a contratação de rebocadores para um possível desencalhe do navio.
Refira-se que a barra se encontrava aberta, e que a curiosidade que o inusitado acontecimento foi grande, de tal sorte que se iniciou uma peregrinação até à praia do Cabedelo, onde se conseguia ver de perto o navio.
Mas há que acentuar que todas as forças foram mobilizadas – os bombeiros municipais e voluntários, a Cruz Vermelha e a Guarda Fiscal, e mesmo alguns soldados da paz que desfilavam na Avenida Marginal, integrados nas manifestações do 25 de Abril, foram desmobilizados ante o espectro de uma tragédia.
O capitão do ERIKA BOJEN esclarecera os jornalista presentes, que o problema fora devido à falha do motor, embora não tenha adiantado a causa da avaria, que persistiu ao longo das horas.
Questionado sobre o seguro, manifestou a convicção de que tudo estará sob controlo. Embora tenha de aguardar o desenrolar dos acontecimentos. Importante – afirmou – foi que se salvassem os tripulantes de uma situação embaraçosa.
Fez o elogio dos subordinados:
«Toda a tripulação se manteve sempre calma ante os acontecimentos, o que não evitou a tensão. Foi preferível que a anomalia se detectasse à saída da barra do que no alto mar, onde as consequências poderiam ser piores, por não haver meios de salvamento tão facilmente mobilizados».
A Figueira da Foz, como se sabe, é uma das mais importantes estâncias de veraneio e uma eventual maré negra poderia comprometer a época balnear. Ainda que o capitão do porto, Tito Sequeira, desdramatizasse o problema, adiantando que, em caso de derrame, em oito dias tudo se solucionaria, o certo é que a questão não parece, à primeira vista, tão simples, pese embora a experiência e competência do responsável.
Pela posição do navio sinistrado parece facilitada a trasfega do combustível; no entanto, as entidades da cidade-praia estão atentas ao evoluir de um quadro que pode ou não ser lesivo, dependendo da forma como tudo se resolver. O alerta que aqui se deixa não pretende ser pessimista, antes realista, face a exemplos anteriores conhecidos à escala mundial.
27/04/1992 – O navio ERIKA BOJEN, que no sábado encalhou à saída da barra, já depois de desembarcado o piloto da barra, continua entregue ao seu destino, batido pelas vagas de uma maré grande que vai acelerando a sua agonia. Preocupações dominantes a carga de pasta de papel e o gasóleo, ambos elementos poluidores.
Enquanto as condições de mar não sofrerem evolução, o casco continua a ser castigado, de tal sorte que o navio tem já uma inclinação de 45 graus, o que faz com que a carga se desprenda com tal intensidade que bem se poderá dizer estar reduzida a metade à que se encontra nos porões.
Os fardos com a maré alta são atirados como penas para a costa, vogando ao sabor das ondas e a praia do Cabedelo, uma das mais apetecidas dos veraneantes, está já alcatifada de pasta de papel. Uma máquina já andou na recolha do material libertado, todavia, como sempre acontece, a burocracia impera e como não se sabe onde será recolhida, os trabalhos, lamentavelmente, pararam.
Todos os esforços estão a ser desenvolvidos para que os fardos fiquem armazenados nas instalações da lota ou noutro local com idênticas condições, urgindo uma decisão, pois, de contrário, não se evitará que as folhas de papel sejam tragadas pelo mar insaciável que não tem dado tréguas ao navio.
Como era de esperar, há quem se aproveite das circunstancias para complicar e como o sol tem fustigado a pasta de papel, esta vai-se desfazendo, com curiosos a rasgarem os fios que seguram a carga para levarem estranhos “recuerdos” para casa. E não se pense que se trata de tentativas isoladas, pois muitos dos curiosos e ociosos se lembraram de colecionar o que noutras circunstancias não lhes despertaria a mínima curiosidade.
Segundo uma fonte a que o jornalista teve acesso, depois de uma reunião efectuada, ontem de manhã, terá ficado decidido, se o tempo o permitir, que hoje seria feita nova tentativa para retirar as quarenta toneladas de gasóleo que ainda se encontram nos tanques do navio e que podem vir a ser um mundo de preocupações para uma cidade que vive do turismo e da sua praia, que é a principal fonte de rendimento e um suporte da economia local.
Por outro lado, os técnicos estão, de certo modo, apreensivos quanto a recuperação do navio e de acordo com as suas convicções, se nos próximos três dias não for possível libertá-lo da posição de encalhamento, terá de ser considerado perdido, acabando na Figueira da Foz a existência do ERIKA BOJEN, um navio que foi lançado ao mar em 1978.
A tripulação, que como na altura se acentuou, foi salva por um helicóptero da Força Aérea, está a ser alvo de cuidados médicos, especialmente dois dos tripulantes, um deles com um pé fracturado e outro com ferimentos na cabeça, que se lesionaram quando lançavam as amarras para segurar o navio. Ainda que não sendo ferimentos graves, têm de justificar alguma atenção por parte das equipas médicas. Os restantes estão a tratar dos problemas legais para serem repatriados.
O capitão, um lobo do mar com vinte e cinco anos de actividade, com doze como capitão, permanecerá na cidade até que a situação esteja completamente resolvida e embora habituado a quadros onde o dramatismo tem imperado, não deixou de dizer que «era triste ver o seu navio naquela situação. È como se um pouco dele ali estivesse».
As próximas horas serão decisivas, pois se esclarecerão algumas dúvidas que atormentam muito boa gente. Estará o navio perdido ou resultarão positivas as tentativas para o colocar a flutuar? Será a Figueira da Foz afectada pela maré negra ou tudo se processará dentro da normalidade? Salvar-se-á parte da carga?
Nestas interrogações estará o desfecho de um caso que apaixonou a cidade e que provocou uma grande onda de curiosidade. Com influência nestas respostas, o mar, que insensível à angústia vai cumprindo a sua missão destruidora. Dele se espera uma trégua para que o clima de tensão se desanuvie.
Um elemento dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz, de nome Jorge Maia Rodrigues, de 22 anos, sofreu ontem um traumatismo craniano, em consequência de um incidente durante a tentativa de trasfega do combustível do navio, por ter sido atingido por um ferro.
ERIKA BOJEN – imo 7822471/ 81,6m/ 499tab/ 1.503dwt/ 11nós; 1978 entregue pelo estaleiro Martin Jansen Schiffswerft & Machine Fabrik, Leer, Alemanha, a Reederei Siegfried Bojen KG, Leer, Alemanha; 1992 ERIKA BOJEN, Reederei Siegfried Bojen KG, Leer, Alemanha, tendo sido registado no porto Saint John’s, de Antigua e Barbuda.
A 25/08/1992 naufragou por encalhe junto da barra da Figueira da Foz, tendo sido considerado “perda total constructiva”, sendo os destroços vendidos pela seguradora à firma Tramslingote, Lda, da Figueira da Foz, que o desmantelou para sucata no próprio local do encalhe.
Fonte e imagens: Jornal de Noticias, do Porto.
Rui Amaro                   

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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

REBOCADOR “MERCÚRIO”

O MERCURIO no porto de Sines em 2002  com as cores da Reboport / Foto de autor desconhecido, a quem solicito autorização para que a mesma continue a ilustrar o texto. /.

O MERCURIO com as cores da Tinuta / Foto do Site da empresa Tinita, de autor desconhecido, a quem solicito autorização para que a mesma continue a ilustrar o texto. /.

Rebocador multiusos MERCÚRIO, imo 7626097/ mat. A2712/ s. chamada CSTY/ cff 28,14m/ boca 09,14m/ calado 05,40m/ 249,89tab/ tracção 35tons/ lotação 7/ 2xstork Werkspoor 2.200bhp 1976 Zwole Holanda/ 2xschottel SRP503-505/ 11nós/ cap. água 24tons/ combustível 143tons/ espuma 9m3/ dispersante 1,2m3/ Veios 2/ Lemes 2/ equipamento combate a incêndios/ Radar/ VHF/sonda/ piloto automático/ jangadas 2x10 pessoas/ Equipamento combate a incêndios e poluição; 1978 entregue pela Foznave - Estaleiros Navais da Figueira da Foz, Figueia da Foz, em conjunto com os rebocadores gémeos PEGASO e POSEIDON à APS – Administração do Porto de Sines, Sines; 2000 MERCURIO, Reboport – Sociedade Portuguesa de Reboques Marítimos SA, Setúbal; 2008 MERCURIO, Tinita – Transportes e Reboques Maritimos SA, Viana do CasTelo, que empregou no serviço de reboques e assistência às manobras de navios surtos nos portos de Viana do Castelo e Aveiro, e na costa. 02/2014 em serviço activo.
Fontes: Tinita, Viana do Castelo; Nuno BartolomeU, Almada.
Rui Amaro

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domingo, 2 de fevereiro de 2014

REBOCADOR PORTUGUÊS “NAUTICUS”, EX “MARS 2º, EX MARS

O rebocador MARS / autor desconhecido - colecção F. Cabral /

O rebocador MARS 2º prestando assistencia a um paquete da Norseutscher LLoyd, Bremen, avos 20 / autor desconhecido - colecção F. Cabral /

 Rebocador NAUTICUS no rio Tejo, finais anos 40 /autor desconhecido - colecção F. Cabral //

 Rebocador NAUTICUS no rio Tejo, finais anos 40 /autor desconhecido - colecção F. Cabral //

Rebocador NAUTICUS, após remodelação, inicio anos 50 //autor desconhecido - colecção F. Cabral //

Rebocador a fogo português NAUTICUS/ imo?; 31,88m/ 114gt/ 10nós/ casco de aço, 09/1909, entregue por Scott & Sons (Bowling), Glasgow, como MARS para The Booth Steamship Co., Ltd. (Booth Line), Liverpool, para assistência aos seus navios no porto de Leixões, que tomou o lugar do desventurado rebocador MARS, de 1906, perdido no rio Douro na grande cheia de 1909, e para rebocagem dos batelões da casa Garland, Laidley do serviço “feeder” Douro/Leixões/Douro e assistência a navios de outras agências; 1912 MARS 2 º, transferido para a Empresa de Transportes Fluviais e Marítimos, Lda., gestores Garland, Laidley & Co., Ltd., Porto, agentes da Booth Line no Porto/Leixões, bandeira portuguesa; 1942 NAUTICUS, Companhia Colonial de Navegação, Lisboa, que empregou no tráfego fluvial do estuário do Tejo e serviço costeiro, juntamente com o OCEANIA, rebocando entre Lisboa e Douro os batelões “feeders” MASSAMÁ, OTA, RESTELO, JAMOR e NAZARÉ, a ex nau PORTUGAL, também da Companhia Colonial de Navegação; 1947 NAUTICUS, já modernizado, foi juntamente com OCEANIA e PRINCIPE prestar serviço algures em portos dos territórios portugueses de África, talvez em Angola, mas parece que regressaram a Lisboa anos depois. História subsequente não encontrada.
Fontes: Booth Line, Garland, Laidley & Co, Ltd, F. Cabral, Porto.
Rui Amaro

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