segunda-feira, 1 de novembro de 2010

RECORDANDO A PRIMEIRA ENTRADA DE UM NAVIO-TANQUE NO PORTO DE AVEIRO – “RUHRLAND”

O RUHRLAND acostado a uma das pontes-cais da Gafanha da Nazaré / Imprensa Diária /.


Não há dúvida de que o porto de Aveiro, dadas as mínimas condições de acesso que já em finais da década de 50 oferecia à navegação, poderia em função comercial prestar grandes serviços à importante região, com altos benefícios para a sua economia. Pena foi que as suas instalações interiores continuassem a ser as primitivas, e que tal circunstancia motivava o afastamento para outros portos de navios cuja carga ou descarga, devido aos insuficientes recursos de que dispunha o porto, estaria sujeita a uma demora que as empresas de navegação não suportavam. A provar o que então se afirmava, teve-se o caso da importação de sal, parte do qual fora descarregado nos cais de Leixões para, depois, vir para Aveiro pelo caminho de ferro e, mais tarde ainda, o caso do bacalhau destinado às secas da Gafanha, vindo em arrastões Franceses e Alemães, que também se viram impossibilitados de demandar o porto Aveirense, e arribaram ao porto de Leixões, onde descarregaram a referida carga, que foi ali transbordada para camionetas, contudo mais tarde, devido à interferência das entidades ligadas ao porto, o bacalhau das capturas de arrastões Alemães, de pouco porte e calado, destinados às varias secas locais, passaram a ser descarregados na Gafanha da Nazaré, uma vez que os respectivos armadores facilitaram as “demurrages” devido aos problemas de pouca água na barra e no canal de navegação, e falta de locais de acostagem com maquinaria ou aparelhagem apropriada, clausulas contractuais essas, que usualmente os armadores não perdoam, como é óbvio.

Eis aqui alguns dos inconvenientes que traduziam sérios e importantes prejuízos para a vasta região Aveirense, e tudo isto foi uma chamada de atenção para que as autoridades responsáveis resolvessem aos poucos e poucos transformar o porto de Aveiro num dos grandes portos a nível nacional e porque não também poder-se afirmar internacional.


STOCKHOLM actual ATHENA / postal da Svenska Amerika Linjen - m/ colecção /.


Na década de 50, quem diria que o paquete de linha Sueco STOCKHOLM, que a 25/07/1956 ao largo de Nantucket, Massachusetts, colidira, sob denso nevoeiro, com o congénere Italiano ANDREA DORIA, acabando este por se afundar, embora depois de passar por vários armadores e ostentar tantos outros nomes, hoje profundamente alterado das suas formas primitivas e transformado no elegante paquete de cruzeiros de bandeira Portuguesa ATHENA, 160m/16.144tb, um dos mais antigos do mundo, pois foi construído em 1948, um dia viria a acostar ao porto de Aveiro, embora para posicionamento, e ainda a barca-escola Russa SEDOV, 118m/3.476tb, de 1921, da Marinha das Pescas, ex barca-escola mercante KOMMODORE JOHNSEN da Nordeutscher Lloyd, Bremen, ex barca comercial MAGDALENE VINNEN de F. A. Vinnen, Bremen, muitos anos mais tarde viria também a demandar a laguna Aveirense, acostando aos cais de Ílhavo.


A barca-escola KOMMODORE JOHNSEN, actual SEDOV, sendo saudada pela guarnição de um u-boot /Revista Signal /.


Ainda me recordo do esforçado e experimentado prático Ferreira, tudo fazer para que os poucos navios comerciais que por vezes escalavam o seu porto não ficassem dias à espera de entrada e retidos à largada, em ocasiões de maré fraca ou mar na barra, como acontecia com os navios bacalhoeiros, se bem que estes de muito maior calado de água.

Pois o primeiro navio-tanque, pelo menos para produtos não petrolíferos, foi o Alemão RUHRLAND, do comando do Kapt. Eilemann Wilhelm Herman, que atracara a uma das pontes-cais da Gafanha da Nazaré, depois de ter escalado o porto de Lisboa para receber óleo de fígado de bacalhau, e fora a Aveiro completar a carga, em consequência do fornecimento do mesmo produto pelas firmas locais Empresa de Pesca de Aveiro, Pascoal & Filhos, e da Companhia Portuguesa de Pesca, da Figueira da Foz. Tratava-se de uma unidade mercante de cujo tipo, ainda não havia entrado barco algum, circunstancia essa, que atraiu á Gafanha da Nazaré inúmeros curiosos não só residentes locais como de outros pontos da região.


RUHRLAND /Autor desconhecido - Photoship Co. UK /.

RUHRLAND – 61m/833tb/11nós; 04/1954 entregue por Lindenau GmbH Schiffswerft & Maschinenfabrik, Kiel, a Carl W. Hanssen Tankschiffahrt, Hamburgo; 1959 RUHRLAND, Vereinigte Tanker Co. in Neuss, Hamburgo; 1961 NORDSTRAND, Walter Joch & Co. KG, Hamburgo; 1962 NORDSTRAND, Carl W. Hanssen Tankschiffahrt, Hamburgo; 1972 NORDSTRAND, Deutsch Nordissche Schiffahrt GmbH, Hamburgo; 1972 NAVINIA FLAME, Navinia Shipping Co., Famagusta; 1979 NAVINIA FLAME, Nicolas Shipping Co., Piraeus; 1981 PORT I, Mocoport Shipping Co., Piraeus; 04/1986 arrived Perama for breaking up by K, Kourtidis SA.

Fontes: Imprensa Diária; Miramar Ship Index.

Rui Amaro

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O FAMOSO SALVADEGO DINAMARQUÊS “VALKYRIEN”

O salvadego VALKYRIEN em manobras de amarração junto do lugar do cais de Santo António do Vale da Piedade, rio Douro, margem de Gaia, auxiliado por uma catraia da corporação de pilotos /(c) foto de autor desconhecido - colecção Reinaldo Delgado /.


O salvadego oceânico Dinamarquês VALKYRIEN, 50m/343tb, foi construído pelos estaleiros Burmeister & Wain, Copenhaga, no ano de 1907 para o armador A/S Em. Svitzer’s Bjerg., Copenhaga, chegando a ser um dos mais famosos rebocadores de alto-mar da sua época.


VALKYRIEN /(c) Cortesia Danish Maritime Museum, Elsinore /.


Aquele salvadego do comando do Kapt. Wittrup, que fazia do porto de Leixões a sua estação de assistência, além dos portos de Gibraltar, Corunha e Lisboa, foi adaptado a navio-motor mercante em 1948, tendo para tal recebido uma transformação total, apenas se aproveitando o seu casco com popa de rebocador, recebendo o nome de KNUDSHOVED, em 1954 INGELA e a 01/08/1974 chegava a Masnedo, Dinamarca, para desmantelamento.


KNUDSHOVED em cima e INGELA em baixo /(c) Cortesia Danish Maritime Museum, Elsinore /.

Em 09/1923 participou nas tentativas de salvamento do vapor Português SANTA MARIA, 72m/ 1.104tb, que naufragara e acabou por se perder na enseada de Corme, perto do cabo Vilano, Noroeste da Galiza, quando em viagem do porto de Anvers para o rio Douro, vapor esse que foi uma das primeiras unidades da Companhia de Navegação Carregadores Açoreanos, Ponta Delgada, também em 03/06/1932, coadjuvado pelo SEEFALKE, contribuiu na reflutuação do navio-motor Alemão GAUSS, 76m/ 1.236tb, encalhado na barra do Douro, desde 11/05/1932 e ainda no desencalhe do vapor Português AVIZ, 68m/ 847tb, que sofrera um grave acidente ao demandar o porto de Leixões em 12/03/1934, tendo sido varado num areal dentro do porto, junto do molhe Norte, com vários rombos e safo a 23/04/1934, tendo-o o conduzido a reboque para o porto de Lisboa, a fim de ser reparado em dique seco.

Fontes: Imprensa diária; Miramar Ship Index.

Rui Amaro

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

D I V U L G A Ç Ã O


EXEMPLAR DO TALL SHIPS’ RACES LISBON 2012 ATRACADO NA DOCA DE ALCÂNTARA

Grande Veleiro Gunilla de visita a Lisboa

O imponente Veleiro “Gunilla” está em Lisboa, atracado na Doca de Alcântara. Este “tall ship” (classe A) foi construído em 1940 como navio de carga e reconstruído em 1997 pela Associação de Treino de Vela da Suécia. Trata-se do maior veleiro sueco e é habitualmente utilizado como escola de vela para jovens suecos mas também para conferências.



O Gunilla é uma barca de 3 mastros com cerca de 60 metros de comprimento total e capacidade para 38 “trainees” (formandos).

Lisboa está cada vez mais na rota dos grandes veleiros, sobretudo no Outono e na Primavera quando estes navios fazem trajectos Norte/Sul em busca de meteorologia mais favorável.

Em 2012, a Cidade de Lisboa irá receber a "Tall Ships' Races 2012 Lisbon" uma das competições de grandes veleiros, trazida pela APORVELA, Associação Portuguesa de Treino de Vela.

As Tall Ship's Races são Regatas organizadas pela Sail Training International numa base anual, com vista a promover a formação e o treino de mar, assim como a convivência intercultural junto dos jovens de todo o mundo.

Cerca de uma centena de Grandes Veleiros, como o Gunilla, com um número aproximado de 6.000 tripulantes, em representação de 49 países, estarão em Lisboa ao longo de quatro dias, num espaço aberto ao público e cheio de animação.

ANALIMA COMUNICAÇÃO E MKT

Rua de Buenos Aires, 39, 1200-623 Lisboa

Ana Lima + 351 91 777 60 18

Teresa Nogueira + 351 91 777 60 22

Tel./Phone: + 351 21 391 01 93

Email: alc@alcomunicacao.pt

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A OBRA DOS MOLHES DO DOURO ARRECADA PRÉMIO SECIL DE ENGENHARIA CIVIL





No dia 9 de se Setembro pp., realizou-se a cerimónia de entrega do “Prémio SECIL de Engenharia Civil 2009”, que pela primeira vez na sua história, foi atribuído a uma obra portuária – os molhes da barra do Douro.

A inauguração de uma placa alusiva à efeméride, colocada no molhe Norte, contou com a presença do ministro das Obras Públicas, António Augusto de Ascensão Mendonça, e de Fernando Silveira Ramos, o engenheiro autor do projecto.


Na cerimónia, em que estiveram ainda presentes os concessionários do futuro restaurante/esplanada (já em fase de instalação), Manuel Tavares de Pina e Cerqueira Gomes, e o presidente da APDL (Administração Portuária), Matos Fernandes, o qual destacou a importância que o espaço lúdico vai ter no processo de inserção e integração urbana dos molhes da nova barra do Douro.



Matos Fernandes aproveitou também para assegurar que estão criadas todas as condições de segurança necessárias para que o seu funcionamento se inicie já este ano.

Pena é, agora que temos uma barra com um mínimo de segurança – poderia ter ficado um pouco melhor, particularmente em condições de algum mar ou correntes de águas na barra – não se tenha aproveitado ou reservado o estuário do Douro, nomeadamente na sua margem esquerda para tráfegos marítimos que futuramente possam vir a surgir. Valha-nos, pelo menos, a autarquia Gaiense, que em boa hora projectou, o que parece vir a ser uma excelente marina e já lançou a primeira pedra, no lugar de São Paio da Afurada, uma boa localização até para situações de cheia no rio, que irá chamar à barra do Douro, um razoável número de iates de recreio, que hoje em dia passam ao largo, procurando portos com melhores condições de escala para a navegação de recreio, e que jamais existiu no porto fluvial do Porto, se bem que em minha opinião, deveria levar um cais acostável para iates ou unidades navais de algum porte, uma vez que os actuais cais, normalmente estão ocupados com tonelagem fluvial-turística.


Já em 1987 houve um projecto similar para uma potencial marina que acolheria cerca de 2.000 embarcações, provida de todas as infra-estruturas necessárias a um bom atendimento, para a então desaproveitada margem esquerda do estuário do Douro, mais propriamente entre Lavadores, Alumiara e São Paio da Afurada, que consistia na marina propriamente dita a Oeste e um cais exterior para embarcações de maior porte, incluindo unidades navais, e uma vasta doca reservada às embarcações de pesca do centro piscatório da Afurada a Leste, com os respectivos meios e edifícios de apoio, e na área então a ocupar, já era um razoável "habitat de passarinhos”, o qual não se incomodava, mesmo nada com o impacto humano do vasto areal do Cabedelo.



Os dois molhes da nova barra do Douro, vieram dar uma boa protecção ás margens estuarinas, e ainda uma melhor segurança de navegabilidade aos seus mareantes, sobretudo aos pescadores da Afurada e da Cantareira, e pena é que a navegação fluvial-marítima em transito para os cais de Sardoura e Várzea do Douro, já bastante razoável, vocacionada para o tráfego dos granitos, não tenha sido acompanhada pelo de outras mercadorias, mas é compreensível, porque as vias rodoviárias de acesso àquela região não são nenhuma maravilha, e as férreas são quase que inexistentes.

Agora que a galeria de acesso ao farol da barra e o espaço destinado à restauração, olhando ao local onde está instalado, que é um autentico fosso, certamente irá sofrer elevados estragos, em dia de borrasca. Ah isso vai mesmo! Aliás não será novidade, pois como é sabido, ainda este ano assim ocorreu. Em minha opinião e de muitos Fozeiros, aquele espaço de restauração deveria ser edificado, e tornar-se-ia muito mais aprazível no piso superior, ou seja na área ajardinada, totalmente abrigada das investidas da forte agitação marítima, muito frequentes na época invernosa.

http://naviosavista.blogspot.com/search?q=molhes+do+douro

Fontes e imagens: Jornal de Noticias / Viva / O Comércio do Porto.

Rui Amaro