segunda-feira, 27 de outubro de 2008

« O ADEUS AO RMS "QUEEN ELIZABETH 2" E OS CUNARDERS EM LEIXÕES »



O RMS QUEEN ELIZABETH 2 sulcando os mares da Biscaia /(c) Cortesia do Captain D. S. Pyatt, comandante do porta-contentores COMMODORE ENTERPRISE, do qual foi obtida a imagem em 1986 - Colecção Rui Amaro/.

O RMS QUEEN ELIZABETH 2, o mais famoso transatlântico do mundo, pertencente a uma das mais marcantes companhias de navegação a nível mundial, cuja Flâmula Azul já foi hasteada em alguns dos seus paquetes, incluindo o QE2, como também é reconhecido, está de despedida do seu porto de registo Southampton e dos principais portos de cruzeiro do globo, incluindo Lisboa, que escalará a 29/10 e 13/11, tendo largado pela sua última vez de Nova Iorque a 16/10 com destino ao Reino Unido.
Nessa travessia do Atlântico Norte, que ficará memorável, está a ser honrado com a escolta de um dos seus substitutos, o QUEEN MARY 2, que juntamente com o seu irmão mais novo, o QUEEN VICTORIA, estão a iniciar a sua vida no mundo dos cruzeiros, que se espera seja longa, mostrando as suas chaminés pintadas de cor vermelha com duas listas pretas e topo preto, cores emblemáticas da Cunard Line, além da “Cunard House Flag” e da “Red Duster” arvoradas nos respectivos mastros.
O QE2, que completa cerca de 40 anos de relevante serviço no próximo mês de Novembro, já navegou mais de 5,6 milhões de milhas náuticas e transportou mais de 2,5 milhões de passageiros, dentre eles a Rainha Isabel ll e vários membros da Família Real Britânica, será reconvertido em 2009, num hotel de luxo flutuante, restaurante e centro de diversões, ficando acostado em Palm Jumeirah, a maior ilha artificial jamais edificada pelo mão do homem, no Dubai, um dos sete estados Árabes Unidos, que o adquiriu por 100 milhões de dólares. Aliás, já por algumas vezes serviu de hotel flutuante para eventos mundiais importantes.
Quando do seu lançamento à água em 20/09/1969 com a presença da Rainha Isabel ll, que foi sua madrinha de baptismo, embora de casco de cor preta, a sua aerodinâmica chaminé viria a ser pintada de cor branca e preto. Em 1982, quando tomou parte na guerra das Falklands como navio hospital militar, a cor do seu casco era cinzenta azulada.
Durante a sua longa carreira sofreu alguns percalços, dos quais se distingue aquele que, quando em viagem ao longo da costa Leste dos EUA, ao largo de New England, ficou encalhado em pleno oceano, tendo sofrido alguns danos no seu fundo. Realizadas reparações provisórias em Boston, rumou a Hamburgo para finalização das mesmas.
Ficou para a história, a célebre manobra da sua acostagem ao “pier” do porto de Nova Iorque, conduzida por um experimentado piloto, que na falta de rebocadores, devido a uma greve, não exitou em a realizar e foi bem sucedido.
Num certo dia de Julho 2008, os três “Queens” da Cunard Line, Ltd., Liverpool, – QUEEN MARY 2, QUEEN VICTORIA e o QUEEN ELIZABETH 2, encontravam-se alinhados na muralha do seu porto de armamento, Southampton, para um histórico “meeting”. Então Os dois primeiros deixaram o cais, um seguido do outro, permanecendo o QE2 para trás. Nessa ocasião fora a terceira vez que a Rainha Isabel ll visitara o QE2, desde o dia em que lhe dera o nome nos Estaleiros de John Brown Clydebank, Clyde.
As suas principais características são: 295,52m, 70.327tb, 28,5 nós de velocidade, 1.822 passageiros e 1.011 tripulantes.
A Cunard Line, Ltd., Liverpool, entretanto já encomendou um novo transatlântico de cerca de 92.000tb, e que ostentará o nome do agora disponibilizado, o qual deverá entrar ao serviço em 2010.

Os dois QUEENS iniciando a viagem de Nova Iorque para Inglaterra a 16/10/2008 /Noticia de "O Público" de 17/10/2008 - Colecção Rui Amaro /.

A 06/06/1933, manhã cedo, demandava o porto de Leixões, o grande paquete inglês LANCASTRIA, 169m/16.243tb, transportando 565 excursionistas, como então se designavam os turistas, que se espalharam pelas vilas de Matosinhos, Gaia e cidade do Porto, ficando fundeado a dois ferros a meio na bacia. O piloto da barra Manuel Pinto da Costa orientou as manobras de entrada e a amarração.
Aquele paquete, pertencente à famosa companhia de navegação Cunard White Star Line, armadora dos maiores transatlânticos da linha Inglaterra/Nova Iorque/Canadá, vinha em 26 pés de calado e fez-se ao mar pelas 19h00, conduzido pelo prático Hermínio Gonçalves dos Reis, rumando aos portos de Villagarcia, La Corunha, Le Havre e Southampton. Os rebocadores LUSITANIA e MARS 2º prestaram-lhe assistência, tanto de entrada como de saída, por ordem dos agentes Garland, Laidley & Co., Ltd., que eram os donos da firma armadora do segundo rebocador.
Em 1939, o LANCASTRIA foi requisitado pelo Almirantado Britânico, tendo sido adaptado a transporte de tropas. A 17/06/1940, ao largo das praias de St. Nazaire, foi bombardeado e afundado em vinte minutos pela Força Aérea Alemã, quando se encontrava a embarcar refugiados e tropas evacuadas de França. Das cerca de 5.000 pessoas a bordo, salvaram-se apenas 2.477.

LANCASTRIA / Postal da Cunard White Star Line - Colecção Rui Amaro /.

Fora a escala regular no porto de Leixões, no ano de 1912, do paquete ALBANIA da carreira experimental do Brasil e Rio da Prata e do LANCASTRIA em 1933, há quem diga, que vapores de carga da Cunard Line escalavam, esporadicamente o porto do Douro, bastantes anos antes da guerra de 1914/18, porém navios de cruzeiro daquela companhia, têm visitado Leixões com alguma regularidade, a partir de finais da década de 70, dos quais se destacam os seguintes: SAGAFJORD, VISTAFJORD, CARONIA (3), SEA GODDESS l, SEA GODDESS ll e o ROYAL VIKING SUN, contudo o QUEEN ELIZABETH 2, num mês de Junho da década de 80 esteve prevista a sua vinda ao “Douro/Leixões”. Claro está, que ficaria fundeado diante de uma das barras e os turistas seriam transportados nas próprias lanchas daquele transatlântico e não seria a primeira vez que assim se procederia. Já outros paquetes o fizeram, entre eles um dos EUROPA.
Por volta de 1935, na embocadura do porto de Leixões, entre molhes, formou-se um enorme assoreamento, e como tal os vapores de bastante calado, que se atreviam a vir àquele porto Nortenho, realizavam as operações junto da entrada, nomeadamente os paquetes.
A vinda do QUEEN ELIZABETH 2 só não se realizou, porque o mês de Junho, embora de situação de mar chão, surgem nevoeiros impresiveis, que poderiam prejudicar a programação de escalas.
Na década de 50, algumas vezes assisti à passagem do paquete CARONIA (2), correndo muito perto da costa, de Norte para Sul, certamente em viagens de cruzeiro, dado que aquele paquete estava afecto ao tráfego transatlântico Europa/EUA.
Com a compra da Ellerman Lines pela Cunard Line, Ltd., em 1987 foi formada a Cunard Ellerman, Ltd., cujos porta-contentores continuaram a vir ao porto de Leixões.
A Cunard Line, Ltd, Liverpool, desde há longos anos tem sido representada nas praças do Porto e Lisboa pela firma Garland, Laidley & Co., Ltd, hoje denominada Garland Navegação., Lda.
Fontes: Internet e Comunicação Social.
Rui Amaro

O SEA GODDESS l ao largo do Cabo San Lucar, México / Postal da Cunard Line - Colecção Rui Amaro/.

3 comentários:

JOSÉ MODESTO disse...

Ninguém melhor que Rui Amaro para nos contar estas Histórias e nos divulgar o quanto teremos ainda que aprender sobre Shipping

J.pião disse...

Fasso minhas as palavras do amigo José Modesto ,mas que bélas narrativas? só o Sre .Rui Amaro ,tém essa enciclopédia na memória ,que beleza os lugres doutros tempos ,o Ana Maria ,o Paços de Brandão ,o Islandia ,o meu Aviz ,o Condestavel entre outros ! Que maravilha os navios de cruzeiro ,os Senhores dos Mares, esses bélos navios a entrar ém Leixões e no Douro ? UM abraço Sre.Rui e amigo Jose Modesto Saúdações Maritimas .Jaime Pontes.

elieser disse...

MUITO BOM !!!!!!!!SEMPRE FUI APAIXONADO POR NAVIOS E LER ESTE TIPO DE HISTÓRIA ME MOTIVA AINDA MAIS A ESTUDAR ENGENHARIA NAVAL