O Caça-minas alemão "BAD RAPPENAU" (M 1607) atracado ao cais da Estiva/Terreiro, Ribeira, em 02/07/2008. /(c) Foto Rui Amaro/.
Já muitos e muitos vasos de guerra e navios-escola de várias armadas escalaram o porto do Douro, fossem em visitas oficiais, Presidenciais, rotina, bancas, etc. Eram do Reino Unido, França, Espanha, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Colômbia, Polónia, Suécia, Itália, Eire e particularmente de Portugal e desta última recordo-me em Junho de 1946 da visita do contratorpedeiro NRP DOURO, acompanhado dos submersíveis NRP’s DELFIM, GOLFINHO e ESPADARTE, 2ª esquadrilha, que vieram representar a Marinha nas Festas da Cidade do Porto, dedicadas ao São João, hábito muito antigo e que terminadas aquelas, numa manhã de nevoeiro cerrado, sob a orientação dos respectivos pilotos da barra, largaram do cais do Terreiro, Ribeira, onde se encontravam prolongados com o contratorpedeiro NRP DOURO, o qual apenas largaria passados alguns dias.
O primeiro, o NRP DELFIM desceu o rio e cruzou a barra sem qualquer percalço, sem que o prático, que se ia orientando pelos típicos ruídos de terra, vislumbrasse as margens, apenas uma das lanchas do rio ia assinalando com toques da buzina as usuais balizas do canal de navegação. O segundo, o NRP GOLFINHO, fundeou junto do lugar da Afurada, por receio do seu comandante, que encalhasse, contudo logo de seguida, aproveitando uma pequena aberta da névoa, suspendeu e fez-se à barra, que a cruzou com sucesso. O terceiro o NRP ESPADARTE, esse também fundeou por ordem do seu comandante, em Massarelos, só que devido à força da corrente, sem que de bordo se apercebessem, descaiu e foi sobre o banco de Massarelos, ficando encalhado na lama. Na maré da tarde safou-se pelos próprios meios e saiu a barra, já sem a temível cerração. Os três submersíveis destinavam-se ao porto de Viana do Castelo.
Vindo do Mediterrâneo, capitaneado pelo Kapitanleutnant Jochen Beyer, onde esteve afecto ao 2º Agrupamento Naval Permanente de Medidas Contraminas da OTAN (SNYCMG-2), juntamente com unidades das Marinhas de Espanha, Itália, Grécia e Turquia, sob a chefia do navio de apoio espanhol DIANA (M-11), demandou a barra do Douro, a fim de ser abastecido de combustivel e água fresca e ainda para dar descanso à sua tripulação de 40 elementos, entre os quais cinco oficiais e quatro mulheres, o caça-minas da Armada Alemã, a “Bundesmarine”, BAD RAPPENAU, que teve a particularidade de ter sido a primeira unidade daquela armada e mesmo da “Kriegsmarine” a visitar o porto do rio Douro e a cidade do Porto, que desde há bastantes anos não têm visto unidades navais estrangeiras cruzarem a sua barra, o que tem sido desmoralizador, pois daria um certo colorido às zonas ribeirinhas.
O BAD RAPPENAU, 54,5m/660tcp, que entrou a 02/07/2008 consignado à Garland Navegação, como representante da "Bundesmarine", atracou ao cais da Estiva/Terreiro, Ribeira, e fez-se ao mar a 04/07/2008 de rumo base naval de Kiel, Baltico, com escala por Cherbourg, França. Aquela unidade faz parte de uma série de 10 caça-minas costeiros (MHC) do tipo M3-332, da classe Frankenthal, tendo sido construída pelo estaleiro Abeking & Rasmussen, Lemwerder, e entregue à “Bundesmarine” em 19/04/1994. Casco de aço não magnético; 2 motores a diesel MTU 16 V 396 TB 84 – 2 hélices – 5.500 cv (4.080Kw); motor auxiliar para velocidades lentas e silenciosas; radar, sonar, 2 lança-engodos; armamento 1/27 – 2 sist. Stinger-Fligerfaust (IV x 2); câmara de descompressão; sistema de caça-minas MWS-80/4 da Krupp-Atlas, sistema de comando SATAM; 2 peixes autopropulsionados Pinguin B3 e sistema de navegação MC 500 da Ferranti.
Rui Amaro
Fontes: Revista Naval (Espanha); Fórum Defesa.com; Wikipedia, the free encyclopedia.