sábado, 8 de fevereiro de 2014

RECORDANDO O NAUFRAGIO DO NAVIO-MOTOR “ERIKA BOJEN” JUNTO Á BARRA DA FIGUEIRA DA FOZ

O ERIKA BOJEN  encalhado junto ao molhe sul da barra da Figueira da Foz

O capitão do ERIKA BOJEN ao centro, e o capitão do porto da Figueira da Foz à direita

25/04/1992 – A barra da Figueira da Foz voltou a ser notícia. Desta feita a culpa não terá sido o malfadado assoreamento, mas a falha de máquina do navio-motor ERIKA BOJEN, propriedade de armador alemão, mas arvorando bandeira de conveniência de Antígua e Barbuda, uma pequena ilha situada nas Caraíbas. Trata-se de um navio rio-mar do tipo “boxshape”, muito utilizado no transporte de pasta de papel das indústrias celulósicas. Tripulantes deixaram de ser preocupação, pois foram recolhidos. Quarenta toneladas de combustível podem originar alguma maré negra de efeitos imprevisíveis para uma zona de veraneio.
Tudo aconteceu cerca da 09h35, logo após o ERIKA BOJEN ter cruzado a barra de saída, e no preciso momento em que o motor parou, obrigando a que fundeasse, com evidente dificuldade do lado de fora da barra, aproximadamente a meio do molhe sul.
O comunicado da capitania do porto diz que, logo que foi tomado conhecimento da avaria, foram mobilizados todos os meios disponíveis para socorrer o navio em dificuldades. Entretanto, a bordo, uma tripulação de seis homens – um alemão, um polaco, um português, um chileno e dois cabo-verdianos – tentavam solucionar o problema que se mostrava difícil, acabando o ERIKA BOJEN, devido aos vagalhões, por ser atirado para cima do enrocamento do molhe, onde ficou prisioneiro das pedras.
Um helicóptero da Força Aérea foi requisitado para resgatar os tripulantes, que cerca do meio-dia, já pisavam terra firme, libertos de um pesadelo de quase três horas, cujo fim chegou a preocupar, dada a força da agitação marítima a fustigar um casco que amparava 499 toneladas brutas e uma carga de pasta de papel enfardada, que havia sido carregada na Soporcel, cujo peso era 1.500 toneladas e se destinava à Escócia.
De momento a preocupação é a obtenção de camiões-cisterna para a trasfega do combustível (40 toneladas de gasóleo) e, posteriormente, a contratação de rebocadores para um possível desencalhe do navio.
Refira-se que a barra se encontrava aberta, e que a curiosidade que o inusitado acontecimento foi grande, de tal sorte que se iniciou uma peregrinação até à praia do Cabedelo, onde se conseguia ver de perto o navio.
Mas há que acentuar que todas as forças foram mobilizadas – os bombeiros municipais e voluntários, a Cruz Vermelha e a Guarda Fiscal, e mesmo alguns soldados da paz que desfilavam na Avenida Marginal, integrados nas manifestações do 25 de Abril, foram desmobilizados ante o espectro de uma tragédia.
O capitão do ERIKA BOJEN esclarecera os jornalista presentes, que o problema fora devido à falha do motor, embora não tenha adiantado a causa da avaria, que persistiu ao longo das horas.
Questionado sobre o seguro, manifestou a convicção de que tudo estará sob controlo. Embora tenha de aguardar o desenrolar dos acontecimentos. Importante – afirmou – foi que se salvassem os tripulantes de uma situação embaraçosa.
Fez o elogio dos subordinados:
«Toda a tripulação se manteve sempre calma ante os acontecimentos, o que não evitou a tensão. Foi preferível que a anomalia se detectasse à saída da barra do que no alto mar, onde as consequências poderiam ser piores, por não haver meios de salvamento tão facilmente mobilizados».
A Figueira da Foz, como se sabe, é uma das mais importantes estâncias de veraneio e uma eventual maré negra poderia comprometer a época balnear. Ainda que o capitão do porto, Tito Sequeira, desdramatizasse o problema, adiantando que, em caso de derrame, em oito dias tudo se solucionaria, o certo é que a questão não parece, à primeira vista, tão simples, pese embora a experiência e competência do responsável.
Pela posição do navio sinistrado parece facilitada a trasfega do combustível; no entanto, as entidades da cidade-praia estão atentas ao evoluir de um quadro que pode ou não ser lesivo, dependendo da forma como tudo se resolver. O alerta que aqui se deixa não pretende ser pessimista, antes realista, face a exemplos anteriores conhecidos à escala mundial.
27/04/1992 – O navio ERIKA BOJEN, que no sábado encalhou à saída da barra, já depois de desembarcado o piloto da barra, continua entregue ao seu destino, batido pelas vagas de uma maré grande que vai acelerando a sua agonia. Preocupações dominantes a carga de pasta de papel e o gasóleo, ambos elementos poluidores.
Enquanto as condições de mar não sofrerem evolução, o casco continua a ser castigado, de tal sorte que o navio tem já uma inclinação de 45 graus, o que faz com que a carga se desprenda com tal intensidade que bem se poderá dizer estar reduzida a metade à que se encontra nos porões.
Os fardos com a maré alta são atirados como penas para a costa, vogando ao sabor das ondas e a praia do Cabedelo, uma das mais apetecidas dos veraneantes, está já alcatifada de pasta de papel. Uma máquina já andou na recolha do material libertado, todavia, como sempre acontece, a burocracia impera e como não se sabe onde será recolhida, os trabalhos, lamentavelmente, pararam.
Todos os esforços estão a ser desenvolvidos para que os fardos fiquem armazenados nas instalações da lota ou noutro local com idênticas condições, urgindo uma decisão, pois, de contrário, não se evitará que as folhas de papel sejam tragadas pelo mar insaciável que não tem dado tréguas ao navio.
Como era de esperar, há quem se aproveite das circunstancias para complicar e como o sol tem fustigado a pasta de papel, esta vai-se desfazendo, com curiosos a rasgarem os fios que seguram a carga para levarem estranhos “recuerdos” para casa. E não se pense que se trata de tentativas isoladas, pois muitos dos curiosos e ociosos se lembraram de colecionar o que noutras circunstancias não lhes despertaria a mínima curiosidade.
Segundo uma fonte a que o jornalista teve acesso, depois de uma reunião efectuada, ontem de manhã, terá ficado decidido, se o tempo o permitir, que hoje seria feita nova tentativa para retirar as quarenta toneladas de gasóleo que ainda se encontram nos tanques do navio e que podem vir a ser um mundo de preocupações para uma cidade que vive do turismo e da sua praia, que é a principal fonte de rendimento e um suporte da economia local.
Por outro lado, os técnicos estão, de certo modo, apreensivos quanto a recuperação do navio e de acordo com as suas convicções, se nos próximos três dias não for possível libertá-lo da posição de encalhamento, terá de ser considerado perdido, acabando na Figueira da Foz a existência do ERIKA BOJEN, um navio que foi lançado ao mar em 1978.
A tripulação, que como na altura se acentuou, foi salva por um helicóptero da Força Aérea, está a ser alvo de cuidados médicos, especialmente dois dos tripulantes, um deles com um pé fracturado e outro com ferimentos na cabeça, que se lesionaram quando lançavam as amarras para segurar o navio. Ainda que não sendo ferimentos graves, têm de justificar alguma atenção por parte das equipas médicas. Os restantes estão a tratar dos problemas legais para serem repatriados.
O capitão, um lobo do mar com vinte e cinco anos de actividade, com doze como capitão, permanecerá na cidade até que a situação esteja completamente resolvida e embora habituado a quadros onde o dramatismo tem imperado, não deixou de dizer que «era triste ver o seu navio naquela situação. È como se um pouco dele ali estivesse».
As próximas horas serão decisivas, pois se esclarecerão algumas dúvidas que atormentam muito boa gente. Estará o navio perdido ou resultarão positivas as tentativas para o colocar a flutuar? Será a Figueira da Foz afectada pela maré negra ou tudo se processará dentro da normalidade? Salvar-se-á parte da carga?
Nestas interrogações estará o desfecho de um caso que apaixonou a cidade e que provocou uma grande onda de curiosidade. Com influência nestas respostas, o mar, que insensível à angústia vai cumprindo a sua missão destruidora. Dele se espera uma trégua para que o clima de tensão se desanuvie.
Um elemento dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz, de nome Jorge Maia Rodrigues, de 22 anos, sofreu ontem um traumatismo craniano, em consequência de um incidente durante a tentativa de trasfega do combustível do navio, por ter sido atingido por um ferro.
ERIKA BOJEN – imo 7822471/ 81,6m/ 499tab/ 1.503dwt/ 11nós; 1978 entregue pelo estaleiro Martin Jansen Schiffswerft & Machine Fabrik, Leer, Alemanha, a Reederei Siegfried Bojen KG, Leer, Alemanha; 1992 ERIKA BOJEN, Reederei Siegfried Bojen KG, Leer, Alemanha, tendo sido registado no porto Saint John’s, de Antigua e Barbuda.
A 25/08/1992 naufragou por encalhe junto da barra da Figueira da Foz, tendo sido considerado “perda total constructiva”, sendo os destroços vendidos pela seguradora à firma Tramslingote, Lda, da Figueira da Foz, que o desmantelou para sucata no próprio local do encalhe.
Fonte e imagens: Jornal de Noticias, do Porto.
Rui Amaro                   

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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

REBOCADOR “MERCÚRIO”

O MERCURIO no porto de Sines em 2002  com as cores da Reboport / Foto de autor desconhecido, a quem solicito autorização para que a mesma continue a ilustrar o texto. /.

O MERCURIO com as cores da Tinuta / Foto do Site da empresa Tinita, de autor desconhecido, a quem solicito autorização para que a mesma continue a ilustrar o texto. /.

Rebocador multiusos MERCÚRIO, imo 7626097/ mat. A2712/ s. chamada CSTY/ cff 28,14m/ boca 09,14m/ calado 05,40m/ 249,89tab/ tracção 35tons/ lotação 7/ 2xstork Werkspoor 2.200bhp 1976 Zwole Holanda/ 2xschottel SRP503-505/ 11nós/ cap. água 24tons/ combustível 143tons/ espuma 9m3/ dispersante 1,2m3/ Veios 2/ Lemes 2/ equipamento combate a incêndios/ Radar/ VHF/sonda/ piloto automático/ jangadas 2x10 pessoas/ Equipamento combate a incêndios e poluição; 1978 entregue pela Foznave - Estaleiros Navais da Figueira da Foz, Figueia da Foz, em conjunto com os rebocadores gémeos PEGASO e POSEIDON à APS – Administração do Porto de Sines, Sines; 2000 MERCURIO, Reboport – Sociedade Portuguesa de Reboques Marítimos SA, Setúbal; 2008 MERCURIO, Tinita – Transportes e Reboques Maritimos SA, Viana do CasTelo, que empregou no serviço de reboques e assistência às manobras de navios surtos nos portos de Viana do Castelo e Aveiro, e na costa. 02/2014 em serviço activo.
Fontes: Tinita, Viana do Castelo; Nuno BartolomeU, Almada.
Rui Amaro

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domingo, 2 de fevereiro de 2014

REBOCADOR PORTUGUÊS “NAUTICUS”, EX “MARS 2º, EX MARS

O rebocador MARS / autor desconhecido - colecção F. Cabral /

O rebocador MARS 2º prestando assistencia a um paquete da Norseutscher LLoyd, Bremen, avos 20 / autor desconhecido - colecção F. Cabral /

 Rebocador NAUTICUS no rio Tejo, finais anos 40 /autor desconhecido - colecção F. Cabral //

 Rebocador NAUTICUS no rio Tejo, finais anos 40 /autor desconhecido - colecção F. Cabral //

Rebocador NAUTICUS, após remodelação, inicio anos 50 //autor desconhecido - colecção F. Cabral //

Rebocador a fogo português NAUTICUS/ imo?; 31,88m/ 114gt/ 10nós/ casco de aço, 09/1909, entregue por Scott & Sons (Bowling), Glasgow, como MARS para The Booth Steamship Co., Ltd. (Booth Line), Liverpool, para assistência aos seus navios no porto de Leixões, que tomou o lugar do desventurado rebocador MARS, de 1906, perdido no rio Douro na grande cheia de 1909, e para rebocagem dos batelões da casa Garland, Laidley do serviço “feeder” Douro/Leixões/Douro e assistência a navios de outras agências; 1912 MARS 2 º, transferido para a Empresa de Transportes Fluviais e Marítimos, Lda., gestores Garland, Laidley & Co., Ltd., Porto, agentes da Booth Line no Porto/Leixões, bandeira portuguesa; 1942 NAUTICUS, Companhia Colonial de Navegação, Lisboa, que empregou no tráfego fluvial do estuário do Tejo e serviço costeiro, juntamente com o OCEANIA, rebocando entre Lisboa e Douro os batelões “feeders” MASSAMÁ, OTA, RESTELO, JAMOR e NAZARÉ, a ex nau PORTUGAL, também da Companhia Colonial de Navegação; 1947 NAUTICUS, já modernizado, foi juntamente com OCEANIA e PRINCIPE prestar serviço algures em portos dos territórios portugueses de África, talvez em Angola, mas parece que regressaram a Lisboa anos depois. História subsequente não encontrada.
Fontes: Booth Line, Garland, Laidley & Co, Ltd, F. Cabral, Porto.
Rui Amaro

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