quinta-feira, 1 de abril de 2010

GRAÇAS A UM MERGULHADOR SAFOU-SE O ARRASTÃO COSTEIRO “SILVA FERNANDES” QUE ENCALHARA NA COSTA DA CAPARICA EM 1969

O arrastão costeiro SILVA FERNANDES encalhado no areal da praia da Bela Vista


Lisboa 18/01/1969 – Ao regressar, ontem, ao Tejo, de onde saíra, dois dias antes, para a faina da pesca, o arrastão da costa SILVA FERNANDES, da Sociedade Silva & Fernandes, Lda., encalhou na praia da Bela Vista, entre a Costa da Caparica e a Fonte da Telha, ficando completamente em seco no areal. As causas do sinistro foram duplas, denso nevoeiro e avaria no radar.

Em socorro do SILVA FERNANDES, cuja tripulação não correu perigo, seguiram o salvadego PRAIA DA ADRAGA, da Sociedade Geral, e os arrastões costeiros COMANDANTE DAVID DE CARVALHO, da Empresa de Pesca Alarriba, e NAIR, da Sociedade de Pesca Miradouro.

Nos trabalhos de salvamento, tentados à tarde, na maré cheia, tomaram parte os Bombeiros Voluntários de Cacilhas, Almada, Trafaria e Paço de Arcos, equipados com material de socorros a náufragos.


O arrastão costeiro COMANDANTE DAVID DE CARVALHO, que tomou parte nas operações de salvamento, visto aqui no dia do lançamento à água na Gafanha da Nazaré.


Um mergulhador dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas conseguiu libertar a hélice da embarcação, de um cabo que a paralisava, o que permitiu também, pouco depois, às 15h00, terem-se coroado de êxito as tentativas de salvamento.

O PRAIA DA ADRAGA havia chegado ao local às 15h20, mas os seus serviços foram dispensados, pois o arrastão SILVA FERNANDES já tinha recebido reboque do COMANDANTE DAVID DE CARVALHO e do NAIR que o conseguiram safar do areal, também com a ajuda dos seus próprios meios.

Fonte e imagem do matutino JORNAL DE NOTICIAS.

Rui Amaro

RECORDANDO O ABALROAMENTO ENTRE AS TRAINEIRAS “SÃO PEDRO 2º” e a “GONDOMAR”, RESULTANDO O AFUNDAMENTO DA PRIMEIRA

A traineira SÃO PEDRO 2º vinda de mais um maré, demanda o porto de Leixões


Matosinhos 29/12/1968 – Na manhã de ontem, mais precisamente às 07h36, a setenta braças a Noroeste do porto de Leixões, na zona marítima da Póvoa de Varzim, abalroaram por circunstancias até ao momento não apuradas, as traineiras desta praça SÃO PEDRO 2º e GONDOMAR, pertencentes às firmas armadoras desta vila, respectivamente, Empresa de Pesca Vimaranense, Lda. e Sociedade de Pesca Gondomarense.

Devido à colisão, de certo modo violenta, a primeira embarcação ficou com água aberta pelo facto de ter sofrido um rombo abaixo da linha de água.

Por intermédio da Rádio Matosinhos-Pesca, foram alertadas todas as traineiras que por próximo se encontravam na faina da pesca da sardinha, sendo recebida a bordo de alguns barcos a tripulação com todos os seus haveres e a respectiva rede, enquanto se procedia ao reboque da SÃO PEDRO 2º para o porto de Leixões, pela FELICIDADE ROSA, do mesmo armador.

Entretanto de Leixões saiu o rebocador MONTE CRASTO da A.P.D.L., a fim de se ocupar do reboque que vinha a ser feito pela embarcação já referida, mas tal intento não foi coroado do êxito esperado, pois, já à profundidade das quarenta e sete braças e pelas 10h51, a SÃO PEDRO 2º afundou-se.

O mestre da traineira afundada, José Fernandes Moço, também muito conhecido pela alcunha de “Zé Tarrafa” tentou todas as precauções ao seu alcance de momento, no intuito de evitar perdas de vidas a bordo do seu barco.

A ocorrência foi participada às autoridades marítimas.

Fonte e imagem do matutino O COMERCIO DO PORTO.

Rui Amaro

quarta-feira, 31 de março de 2010

A TRAINEIRA “SANTA ISABEL” SOFRE UM GRAVE ACIDENTE, SOB A PONTE MÓVEL DO PORTO DE LEIXÕES, QUANDO LARGAVA DA ENTÃO, FUTURA DOCA Nº 2

A SANTA ISABEL(2) demandando o porto de Leixões

Eu assisti ao desenrolar do acidente, precisamente no momento em que passava pela pontemóvel do porto de Leixões, e recordo-me de ter visto também na ponte, um indivíduo, que julgo que fosse o mestre ou contra-mestre, a gesticular e se bem me lembro dizia: Mas quem os mandou largar sem eu estar a bordo!? Olha o sarilho que arranjaram!

Episódio semelhante, assisti ali do cais Velho, ainda criança, na barra do Douro, ai por 1952, quando a traineira SÃO PEDRO 2º, uma das tais três ou quatro com as cores da chaminé à Boavista F.C., que vinha para passar o “defeso” e sofrer fabricos no lugar do Ouro, pouco depois de cruzar a bóia da barra teve falha de máquina, e com águas da serra, mesmo com o ferro no fundo ia descaindo, perigosamente para cima da ondulação da restinga do Cabedelo, com a reduzida tripulação em autêntico alvoroço, e um individuo, que depois disse ser o seu motorista, no cais a gesticular para que o viessem buscar para ir para bordo, resolver a avaria, e ao mesmo tempo muito aflito dizia: Porque é que não esperaram por mim!? Percebi que nem o mestre estava a bordo.

Entretanto o lugre-motor ULYSSES e o iate-motor JORQUE, que demandavam a barra, tentaram passar-lhe um cabo de reboque, só que não foram bem sucedidos, e seguiram rio acima. Valeu-lhes uma bateira com cinco camaradas, que andava por ali perto, e mais a chalandra de bordo, com dois camaradas, que a remos foram aguentando a traineira, até à chegada, sempre providencial da lancha de pilotos P9, que rebocou a SÃO PEDRO 2º para montante, e já antes do dique da Meia Laranja, o motor pegou e a traineira lá seguiu rio acima, e o seu motorista lá foi à vida dele, mais descansado.


O ACIDENTE



A SANTA ISABEL ficou semi-submersa, de proa erguida para o céu, sob a ponte móvel do porto de Leixões


27/12/1961 - Conforme foi noticiado no Domingo passado, as traineiras de pesca da sardinha da praça de Matosinhos fundearam pela primeira vez na futura doca nº 2 do porto de Leixões – aliás ainda não concluída. O facto deve-se a uma autorização especial do capitão do porto e teve a simpática finalidade de permitir que os pescadores passassem com a família a noite de Natal – o que para muitos não seria possível se as embarcações ficassem ancoradas no lugar habitual, já que devido ao mau tempo, teria que ser reforçado pessoal de quarto.

Afinal, essa nobre intenção, veio indirectamente, a dar origem a que cerca de uma centena de traineiras ficassem «aprisionadas» na doca nº 2 até ontem à tarde. Diga-se desde já que do facto não terão resultado prejuízos de maior, pois o temporal impediria, de qualquer maneira, a saída das embarcações; e, mesmo que uma ou outra se fizesse ao mar, a maré não devia ser compensadora.

Com efeito cerca das 15h00 de ontem, quando as traineiras procuravam sair da doca nº 2 para a nº 1, a caminho dos seus ancoradouros junto da rampa do Pescado, na Bacia, verificou-se um acidente: a traineira SANTA ISABEL, devido à forte ressaca, foi atirada com violência para cima da estacaria de aço da ensecadeira, que ainda divide as duas docas, por debaixo da ponte móvel de Leixões, e rodopiando ficou encalhada de proa para os Céus e a popa completamente mergulhada na água, como que rogando ao Criador, que a salvasse.

A bordo encontravam-se apenas 6 dos 49 homens da tripulação, que foram atirados à água e nadaram para terra, assim nada mais sofreram do que o susto e um banho forçado: São eles: David de Jesus Lapa, Mário Augusto da Fonseca, José Cândido de Oliveira Lopes, Manuel Faria Novo e Gonçalo Calheiro Braga.

Quando se deu o desastre, já tinham saído a estreita «barra» - que apresenta uma passagem livre de obstáculos com escassos 15 metros – cerca de uma vintena de traineiras, que aliás haviam deparado com grandes dificuldades, devido à força do mar. Fechando a abertura que liga as duas docas, a SANTA ISABEL obrigou a forçada inactividade uma centena de traineiras.

Durante o dia de ontem, pessoal da Administração dos Portos do Douro e Leixões, inclusivamente mergulhadores, procederam a diversos trabalhos para safar a SANTA ISABEL e libertar as outras embarcações. E a verdade é que estas, cerca das 18h00, puderam deixar a doca nº 2 e fundearem na Bacia. Sem novidade. Apenas a MONTE SINAI ficou ligeiramente pousada sobre uma das estacas, mas bastou um pequeno puxão de um rebocador que andava próximo para a safar.

A SANTA ISABEL pertence a Inocêncio Pinto Soares, da Rua de Gago Coutinho, 235, em Matosinhos, e tem como mestre Mário de Oliveira Lopes, da Rua de Silva Pinheiro, na mesma vila. Foi construída em 1959.

Durante a tarde e parte da noite de anteontem, tripulantes e trabalhadores empregados do armador da traineira procuraram retirar de lá alguns apetrechos de pesca.

Anteontem e ontem, especialmente naquele dia, que foi feriado, milhares de pessoas estiveram no local, a ver a traineira de proa apontada ao céu, enchendo a ponte móvel, sobre cujos varandins ficavam debruçados longo tempo, fazendo os seus comentários.


O SALVAMENTO


A SANTA ISABEL já encalhada junto da praia, pronta a ser varada no areal


20/01/1962 – Conforme já foi noticiado, no dia 25 do corrente mês pretérito, cerca das 14h00, quando a traineira SANTA ISABEL, de Matosinhos, saía da doca nº 2, onde juntamente com outras se acolhera para se resguardar do temporal desabrido, que então se fazia sentir, encalhou na estacaria que se encontra fixada e submersa sob a ponte móvel, onde se manteve naquela critica situação até hoje.

Pelas 07h30, acercaram-se da traineira SANTA ISABEL dois batelões, os quais suspenderam o barco à proa, serviço este realizado na maré baixa, aguardando-se, depois, a preamar que se verificou às 14h27. Na saída, colaborou também o batelão MARIETA, cuja função consistiu em que fosse permitida a posição horizontal com a elevação à superfície da ré, visto à saída daquele ponto se notar a existência de pedregulhos e dificultar os trabalhos, os quais foram superiormente dirigidos pelo comandante Lourenço Mateus, chefe dos serviços marítimos da A.P.D.L. Após o que a traineira SANTA ISABEL haver tomado a posição desejada, o rebocador VANDOMA, também da A.P.D.L., rebocou o barco sinistrado e os outros três que lhe serviam de apoio para a Bacia, onde a traineira ficou varada no areal junto ao molhe Norte, onde aguardará as reparações provisórias, a fim de entrar em carreira.


A SANTA ISABEL (1) em dia de provas de mar de alunos da Casa de pescadores de Matosinhos


Note-se que a traineira sinistrada era a segunda com aquele nome, pois anteriormente existiu uma outra do mesmo nome.

Fontes e imagens: Jornal de Noticias e o O Comércio do Porto

Rui Amaro

segunda-feira, 29 de março de 2010

THE PORTUGUESE STEAMER “ALCOUTIM” EX NORTH SANDS STANDARD “FORT FIDLER”



ALCOUTIM at Leixões, respectively on the 29/10/1966 and 0470271966 - images Rui Amaro


The Portuguese steamer ALCOUTIM (1); Loa 134m/ Lpp129,4m/ beam 17,38m/ 7.127gt/ 4.258nt/ 10.526dwt/ 12 pax/ grain 14.395m3/ 1xtriple expansion engine, 3 cylinder with 3xboilers and 3 furnaces each, for a pressure of 15,5k/cm2, 2.500 hp, built in 1943 by John Inglis & Co. Ltd., Toronto, Canada, 11 knots max./ 9,5 knots cruising; 15/05/1943 completed by North Vancouver Ship Repairs Ltd., North Vancouver, B.C., Canada, yard no. 123, as the “North Sands” standard FORT FIDLER for the Canadian Government, lend-leased on bareboat charter to British Ministry of War Transport (MoWT), mgrs Smith Hogg Co., West Hartlepool; 14/05/1944 FORT FIDLER at position 36-45N/00-55E on passage Taranto/Hampton Roads in ballast, as part of convoy GUS 39, she was damaged by a torpedo fired from U-616, managed to reach Oran and after temporary repairs was towed to Lisbon, arriving on 01/03/1945; 1946 ALCOUTIM, CSGY, Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lda, Lisbon, rebuilt by CUF - Companhia União Fabril, in the Estaleiro Naval da AGPL, Lisbon, after purchased from US Maritime Commission; 16/01/1947 registered at Lisbon no. G484/ 23/10/1971 arrived Bilbao for breaking up by Revalorización de Materiales.

The ALCOUTIM (FORT SHIPS) was together with QUIONGA, PEBANE and LUNDA, one of the ships built in Canada/USA making face to the WW2 efforts, which were purchased by Portugal in second hand.

Sources: Miramar Ship Index, U-boat net, Portuguese Merchant Ships.

Rui Amaro