quinta-feira, 9 de maio de 2013

RECORDANDO O ENCALHE DO NAVIO-MOTOR “ALEXANDRE SILVA” EM FRANCELOS



O ALEXANDRE SILVA demanda o porto de Leixões a 03/01/1967 / Rui Amaro /.


O ALEXANDRE SILVA encalhado ao Senhor da Pedra, Francelos, em 17/01/1949 / foto de autor desconhecido /


O comandante João Quininha quando veio de manhã à praia - dando conta da situação do navio ao chefe do Departamento Marítimo do Norte e aos representantes da companhia proprietária do seu navio / Jornal de Noticias /.


O comandante João Quininha, o imediato e o chefe de máquinas e o tripulante Gilberto Faria, junto do marítimo local Fernando Dias do Novo, que foi dos primeiros a prestar auxilio ao navio sinistrado /Jornal de Noticias/. 


O ALEXANDRE SILVA, pouco depois de ter chegado ao porto de Leixões, e quando manobrava para fundear. Na foto distingue-se o NRP TEJO, a lancha RAMALHEIRA, dois arrastões bacalhoeiros de Viana do Castelo, uma fragata e o rebocador ESTORIL acostado ao navio sinistrado / O Comércio do Porto /. 


O navio Italiano MAURA também encalhado ao Senhor fa Pedra, Francelos, em 26/08/1973 / O Comércio do Porto /.

A 17/04/1949, dia de nevoeiro cochado e mar chão, navegava de Lisboa para Leixões com carga diversa vinda de Cabo Verde e Guiné, destinada àquele porto Nortenho, e onde completaria o carregamento para aquelas duas colónias do ultramar Português, carreira a que estava afecto, vinha o moderno navio-motor ALEXANDRE SILVA,
capitaneado pelo comandante João Quininha, de Ílhavo, um experimentado veterano da costa Portuguesa, quando de madrugada encalhou a cerca de 800 metros da capelinha do Senhor da Pedra, na povoação de Francelos, do concelho de Vila Nova de Gaia, capela essa assentada sobre um rochedo, que em dias de borrasca fica cercada pela maresia em fúria, mas que miraculosamente não tem sofrido qualquer dano, e a cerca de três milhas a sul da barra do Douro.
Dado o alarme acorreram as corporações de bombeiros com material de socorros a náufragos e autoridades marítimas, destacando-se entre elas, o chefe do Departamento Marítimo do Norte e o piloto-mor do Douro e Leixões, assim como o representante da CUF – Companhia União Fabril, do Porto, agência consignatária do ALEXANDRE SILVA, e do porto de Leixões saíram os rebocadores TRITÃO e MIRA, da APDL, a lancha RAMALHEIRA, e o salva-vidas CARVALHO ARAÚJO, e do rio Douro seguiram os rebocadores VOUGA 1º, MANOLITO e a lancha de pilotar P9, a fim de o tentarem resgatar, o que nem sequer foi tentado, porque o navio estava encalhado numa posição muito complicada, incrustado em pélago rochoso muito agudo.
Mais tarde, o comandante veio para terra para conferenciar com as autoridades marítimas e os representantes do seu armador, a Sociedade Geral de Comércio, Industria e Transportes, de Lisboa, e agência consignatária, a fim de tratarem das formalidades para estes casos, e das possibilidades do possível salvamento do navio. O encalhe parece ter sido devido a avaria na agulha de marear.
Várias famosas companhias estrangeiras de salvamento marítimo, dentre as quais a Goteborg Bogserings & Bargnings A/B, de Gotemburgo, com o seu potente salvádego FRITIOF, 51m/ 672tb/ 12,5nós, abandonaram o salvamento, por o considerarem inviável.
Em face desse abandono, segundo consta a Sociedade Geral, Estaleiro da Cuf e seguradora Império, todas pertencentes ao Grupo CUF, não desanimaram, e tomaram a iniciativa de recuperar o ALEXANDRE SILVA, por conta própria, e para isso os seus técnicos, tiveram a ideia original de aliviarem o navio da sua carga, e carregá-lo de fardos de cortiça, mesmo ao nível do convés, material esse que as zonas limítrofes de Francelos eram férteis, a fim do navio ganhar um mínimo de flutuabilidade.
A 06/08/1949, devidamente consolidado seguiu de Leixões para Lisboa, a reboque do MONSANTO, e comboiado pelo ESTORIL, a fim de dar entrada na doca seca dos estaleiros da CUF, Rocha, para reparações finais.
Recordo-me daqui da Foz do Douro, em dias de grande maresia, o ter visto a ser trespassado por enormes voltas de mar, que pouco ou nada o danificaram, devido à sua robusta construção.
A 29/07/1949, dia de maré grande, foi o ALEXANDRE SILVA posto a flutuar com o auxílio dos salvádegos MONSANTO, D. LUIS e o rebocador ESTORIL, este do armador do ALEXANDRE SILVA, tendo sido levado para Leixões, a fim de consolidar as avarias sofridas, tendo ficado fundeado na Bacia.
No dia do encalhe do ALEXANDRE SILVA pairava ao largo a nova unidade da Sociedade Geral, o navio-motor ALMEIRIM que estava a iniciar a sua viagem inaugural.
A 26/08/1973, precisamente onde encalhara o ALEXANDRE SILVA, pelas 11 horas da manhã, encalhava o navio-motor Italiano MAURA, 84m/1998tb, também devido ao nevoeiro cerrado, o qual não foi tão feliz como o ALEXANDRE SILVA, pois após várias tentativas de salvamento, foi considerado perda total consructiva, e desmantelado no local.
ALEXANDRE SILVA – imo 5010361/ 93m/ 1.746tb/ 11nós; 05/05/1943 entregue pela Companhia União Fabril, Lisboa, no seu estaleiro da Rocha concessionado pela AGPL, à Sociedade Geral de Comércio, Industria e Transportes, Lisboa, empresa de navegação privada do grupo CUF, que o empregou na sua carreira de Lisboa/Leixões para Cabo Verde e Guiné. Alguns anos mais tarde foi colocado no serviço “tramping” e na carreira do norte da Europa; 20/04/1944 em viagem para o Lobito, resgatou três sobreviventes do vapor Grego PELEUS, 130m/4.624tb, que numa jangada andavam há cerca de um mês â deriva no Atlântico Sul, depois do seu vapor ter sido afundado pelo U-852, e cujo comandante, sem dó nem piedade dizimou à metralhadora todos os outros tripulantes. O U-852 foi afundado junto da costa da Somália, e da guarnição de 66 elementos, 59 sobreviveram, dentre os quais o Kptlt Hans Wilhelm Eck, que com mais três oficiais foi executado pelo bárbaro crime de guerra perpetrado contra a tripulação do PELEUS; 27/11/1972 o ALEXANDRE SILVA chegava a Bilbao vindo de Lisboa, a reboque do salvadego PRAIA DA ADRAGA, para demolição.

http://uboat.net/allies/merchants/3218.html


Fontes: Imprensa diária, Miramar ship índex, U-boat net.
Rui Amaro

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