sábado, 20 de novembro de 2010

DOIS REBOCADORES CONSTRUIDOS PELA SOREFAME DE ANGOLA EM 1968


MALEMBO

A 4 de Novembro de 1968, foi lançado à água nos estaleiros da Sorefame, no Lobito, o rebocador MALEMBO, destinado aos serviços da Cabinda Gulf Oil.

Assistiram ao acto o administrador do concelho do Lobito, o presidente da Câmara Municipal; o capitão do porto de Lobito; o director da Alfandega do Lobito, e o representante do armador, que foram recebidos pelo sr. eng João Paula Castello Branco, administrador da firma construtora, entre outras individualidades.

Foi madrinha do MALEMBO a menina Sarah Lane, filha do Sr. H. D. Lane, representante do armador.

Após o lançamento, os convidados embarcaram no rebocador, onde lhes foi proporcionado um passeio na baía do Lobito, passeio que a todos deixou a melhor impressão.

O rebocador MALEMBO possuía as seguintes características: Construção em ferro; comprimento 20m; boca 5,5m; pontal 3m:2 motores de 380HP/760HP; velocidade de serviço 10 nós; tripulantes 8; ar condicionado em todos os alojamentos.

Na mesma data, realizou-se a cerimónia da entrega do MIRANDA GUEDES, teve momentos altamente emotivos e que calaram fundo no coração das muitas dezenas de pessoas convidadas a assistir ao acto, aqueles que se viveram em Moçâmedes, onde a Sorefame de Angola fez entrega solene do rebocador MIRANDA GUEDES, mandado construir pela Companhia Mineira do Lobito, à Direcção dos serviços de Portos, Caminhos de Ferro e Transportes, para serviço no porto de Moçâmedes, particularmente, nas manobras de acostagem dos grandes navios mineraleiros que demandavam aquele porto para carregar os minerais de ferro de Cassinga.



MIRANDA GUEDES


Principais características do rebocador MIRANDA GUEDES, que foi a primeira das duas unidades gémeas encomendadas pela Companhia Mineira do Lobito à Sorefame de Angola, e destinadas a prestar serviço no porto Salazar, em Moçâmedes, hoje Namibe, nas manobras de atracação dos grandes navios de minérios. O segundo rebocador, denominado BENGO, seria entregue em princípios de Abril.

Estes rebocadores foram especialmente concebidos para manobras portuárias de navios de 100 mil toneladas de deslocamento, estando também apetrechados para operações de salvamento em portos e alto-mar, possuindo para este efeito potentes bombas de esgoto e agulhetas rotativas de ataque a incêndios com composto de espuma e reservatórios próprios que permitiam funcionamento continuo durante uma hora, com um débito de 800 litros por minuto.

Tinham 36,57 metros de comprimento fora/fora, 2.100 HP e a velocidade de projecto era de 13 nós, a autonomia de 2.400 milhas e a tripulação de 15 pessoas.

Possuam a mais alta classificação nos “Lloyd’s Register of Shipping” para este tipo de embarcações, sendo + 100 A1 para o casco r + LMC para a maquinaria.

Entre outros oradores, na ocasião, usou da palavra o presidente do Conselho de Administração dos Serviços de Portos, Caminhos-de-ferro e Transportes, sr. eng. Alfredo Stoffel, que afirmou, nomeadamente: «Salvo realizações que, pela sua importância tivessem excepcional projecção nacional ou internacional, como seria se aqui tivéssemos vindo assinalar a concretização do empreendimento de Cassinga, habituei-me a que obras e equipamentos necessários à Administração Ferroviária entrassem ao serviço de exploração sem qualquer cerimónia especial.

Com o rebocador de alto-mar, construído na província pela Sorefame, hoje entregue à Administração e que passa a constituir mais uma peça dessa gigantesca máquina que é o Projecto Cassinga, sucederia certamente o mesmo se não se desse a circunstância desse rebocador passar a ser portador do nome do técnico ferroviário ilustre, que foi o engenheiro Miranda Guedes».

A alta relevância dos serviços prestados foi reconhecida pelo Governo da Nação, tendo Sua Excelência o Senhor Ministro do Ultramar concordado com a sugestão feita pela Província de dar o nome do eng. Miranda Guedes a este rebocador e também a uma rua, de certa importância, desta cidade de Moçâmedes, procedimento que muito sensibilizou todos os seus colaboradores e amigos.

Entre outras unidades que foram construídas pela SOREFAME DE ANGOLA SARL, estaleiro do Lobito, recordamo-nos do rebocador QUITEXE para os Portos de Angola; n/m CABANG 1 para o armador Cabang Sarl, de Angola; n/m SECIL BENGO para a Secil Marítima Sarl, de Angola; navio de Investigação GOA para o Instituto das Pescas de Angola.

Fonte e imagens: Jornal da Marinha Mercante Nº 321 de 03/1969.

Rui Amaro