sábado, 17 de setembro de 2011

RECORDANDO O BOTA-ABAIXO DO TRANSBORDADOR "TUNES" PARA A TRAVESSIA DO ESTUÁRIO DO TEJO, REALIZADO NOS ESTALEIROS NAVAIS DE SÃO JACINTO




O TUNES  já nas águas da ria de Aveiro após o bota-abaixo nos ENSJ / Fotos Lusa enviada por Nuno Bartolomeu, de Almada /.


 O TUNES no cais do Barreiro em 2001 / Foto de autor desconhecido enviada por Nuno Bartolomeu, de Almada /.

 O jornal "O Comércio do Porto" de ___/07/1977 noticiava o seguinte:
Tem sido deveras notória a evolução que os Estaleiros Navais de São Jacinto, de Aveiro, registaram nos últimos anos. Fundado em 1940, este sector naval tem desempenhado papel preponderante não só no desenvolvimento da construção naval, como ainda nos postos de trabalho que mantém e aumentam dia-a-dia. Depois de várias encomendas de rebocadores para o Barém, de navios bacalhoeiros modernos, de rebocadores para a Lisnave, etc., tem agora em carteira várias encomendas que garantem trabalho às largas centenas de trabalhadores até princípios de 1980. Este facto é de enaltecer na compita de mercados nacionais e, principalmente, internacionais.

Na tarde de ontem, aqueles estaleiros estiveram mais uma vez em festa, uma festa que já entrou na história das gentes de São Jacinto. Pela primeira vez, aquela empresa constrói uma unidade para passageiros. Trata-se do TUNES que faz parte de uma série de dois, encomendados pela CP e destinados à travessia do Tejo: - Lisboa-Barreiro.
Pelas suas características, fácil é aquilatar-se da alta técnica e funcionalidade posta naquele navio.
O comprimento da embarcação é de 52,80m com uma boca de 9,30m e uma capacidade de cerca de 1.400 passageiros. È dotado de duas máquinas com 2.060 cavalos. Tem introduzido um propulsor de proa, para maior facilidade de manobra, de cerca de 200 cavalos.
O custo dos dois "ferry-boats" é da ordem dos 140.000 contos. As quatro dragas encomendadas pela Direcção Geral de Portos, importam em cerca de meio milhão de contos, tendo ainda encomendados mais dois rebocadores para a Soponata.
No acto do bota-abaixo, para além dos administradores daquela empresa, João dos Santos, Henrique Moutela, Dr. Francisco do Vale Guimarães e Dr. João dos Santos, estiveram presentes o Eng. Baião do Nascimento, autor do projecto da moderna e elegante unidade, e o Arquitecto Santa Barbara, da CP – Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferro.

O segundo transbordador seria o PINHAL NOVO que seria entregue em 04/1979 à CP – Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferro – Sector Marítimo.
TUNES – 53,10m/ 893tb/ --nós/ 1.608 passageiros; 1977 entregue pelos Estaleiros Navais de São Jacinto, Aveiro, à CP – Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferro – Sector Marítimo, Lisboa; 1994 TUNES, Soflusa – Soc. Fluvial de Transportes SA, Lisboa; 2004 TUNES, imobilizou devido à entrada ao serviço dos novos transbordadores tipo "catamaram"; 12/2005 vendido a interesses Angolanos foi docado no Estaleiro Naval da Rocha para fabricos e modernização, tendo sido rebaptizado de KWANZA TOURS II e passou a arvorar bandeira da Republica do Panamá; 2006 EXPRESSO DOS BIJAGÓS, Sassy S. Maria, Bissau, ficando a operar no trajecto Bissau – Bubaque.


PINHAL NOVO – 53,10m/ 893tb/ --nós/ 1.608 passageiros; 04/1979 entregue pelos Estaleiros Navais de São Jacinto, Aveiro, à CP – Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferro – Sector Marítimo, Lisboa; 1994 PINHAL NOVO, Soflusa – Soc. Fluvial de Transportes SA, Lisboa; 2005 PINHAL NOVO, imobilizou devido à entrada ao serviço dos novos transbordadores tipo "catamaram"; 2006 vendido à Companhia de Cruzeiros Fluviais. Lda., Lisboa, que o reconverteu no Estaleiro Naval da Rocha em navio de cruzeiros fluviais para o estuário do Tejo, rebaptizando-o de OPERA e alterando a sua capacidade de passageiros para 340 em navegação e 500 quando atracado; 09/2011 continua em serviço activo.


Fontes: Jornal "O Comércio do Porto"; CCF - Companhia Cruzeiros Fluviais, Lda; Internet; Lloyd's Register of Shipping.
Rui Amaro

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

OS ESTALEIROS NAVAIS DE SÃO JACINTO PROJECTAVAM GRANDE EXPANSÃO EM 1977

O rebocador PENEDA no estuário do Tejo / Luís Miguel Correia - História da Soponata - linerbooks@gmail.com
  
No ano de 1977, a construção naval na ria de Aveiro passava por um desenvolvimento deveras inusitado como então os vários órgãos da comunicação social acentuavam. Noticiava-se que os Estaleiros Navais de São Jacinto já projectavam ampliar as suas instalações para o dobro da capacidade de produção nos sectores social, desportivo e cultural.
Segundo informara o arquitecto Cravo Manuel Calisto, encarregado do projecto, propunha-se a curto prazo ampliar: a zona fabril e pré-fabricação pesada, para mais do dobro. Logo de seguida ou talvez simultaneamente, ampliação do sector administrativo, salas de desenho e risco, e ainda os balneários.
Perspectivava-se também a criação de um novo centro para os trabalhadores, antigo CAT, pois seria formada uma cooperativa de trabalhadores, onde se poderiam abastecer de géneros alimentícios e similares. A zona recreativa viria a ser totalmente remodelada, passando haver nela espaços verdes.
Entretanto a expensas da Fundação Carlos Roeder, foi elaborado um projecto para a construção de moradias de renda económica para os trabalhadores, a edificar na zona entre os estaleiros e a estrada de São Jacinto -Torreira.
Um dos administradores afirmava que se pensava dotar o estaleiro com uma nova carreira, apetrechada para navios de 4 a 6 mil toneladas,
Quanto a encomendas o programa podia considerar-se esgotado, pois já havia laboração para seiscentos trabalhadores até 1980, e encontravam-se em construção ou encomendadas as seguintes unidades: contrato para a Transtejo de seis navios transbordadores, vulgo cacilheiros. Essa encomenda ascendia a 250 mil contos, e estava prevista a sua entrega até 1980. Quatro dragas para Direcção Geral de Portos, que rondariam o meio milhão de contos. Dois transbordadores para a CP, um já entregue e outro na carreira, os quais importariam em cerca de cento e cinquenta mil contos.
Entretanto, procedia-se ao bota-abaixo do rebocador PENEDA destinado à Soponata, que importava em cento e sessenta mil contos, gémeo do PORTEL, este construído pelo estaleiro Parry & Son, de Cacilhas, por subencomenda, segundo se julga.

 
O rebocador PORTEL no estuário do Sado em 2009, diante de Setúbal, em dia de mau tempo e de mar muito cavado e ao longe vislumbra-se a draga Dinamarquesa VIKING R / imagem de autor desconhecido enviada por Nuno Bartolomeu, de Almada /.

Em conclusão e segundo um dos administradores, pensava-se a sério dotar aqueles estaleiros com os requisitos necessários para satisfazer as solicitações quer a nível nacional quer internacional.
Nesses empreendimentos iriam-se despender muitas dezenas de milhares de contos, ou mesmo computar em centenas de milhar.
As encomendas que naquele ano haviam em carteira, algumas já referidas, orçavam o milhão de contos.
Isto era tanto mais de enaltecer quanto era certo que com o aumento das instalações para o dobro iriam ser criados inevitavelmente (e era para isso que também se trabalhava segundo nos informara um dos administradores) centenas de postos de trabalho.
PENEDA – Imo 7707815/ 33,02m/ 256tb/ calado 3,30m/ tracção 35tons/ motor diesel MWM 2.400 BHP/ 1 hélice/ 12,5nós/ um radar Deca/ 1 sonda/ 2 agulhetas combate a incêndios/ 6 tripulantes; 10/08/1977 entregue pelos Estaleiros Navais de São Jacinto, Aveiro, à Soponata - Soc. Nacional de Navios Tanques, Lisboa; 1985 PENEDA, Rebosado – Reboques Fluviais do Sado, Setúbal; 2011 ainda em serviço activo.
PORTEL – Imo 7707803/ 33,02m/ 256tb/ calado 3,30m/ tracção 35tons/ motor diesel MWM 2.400 BHP/ 1 hélice/ 12,5nós/ um radar Deca/ 1 sonda/ 2 agulhetas combate a incêndios/ 6 tripulantes; 1978 entregue pelo Estaleiro Parry & Son, Cacilhas, à Soponata - Soc. Nacional de Navios Tanques, Lisboa; 1985 PORTEL, Rebosado – Reboques Fluviais do Sado, Setúbal; 2011 ainda em serviço activo.
Estes dois rebocadores foram encomendados pela Soponata, a fim de prestarem  assistência aos  petroleiros daquela armadora nos portos de Lisboa, Leixões e Sines.

E passados um bom par de anos, lá se finou um dos bons e inovadores estaleiros da indústria da construção naval em Portugal, e olhando para a carteira recheada de encomendas de novas construções, reconversões e reparações, que era o ganha pão de enorme manancial de recursos humanos deveras qualificados, dá vontade de terminar a crónica com o titulo da canção do António Mourão "OH TEMPO VOLTA PARA TRÁS".

Fontes: Imprensa Diária, Lloyd's Register of Shipping, Nuno Bartolomeu.
Rui Amaro

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domingo, 11 de setembro de 2011

OS ESTALEIROS NAVAIS DE SÃO JACINTO CONSTRUIRAM REBOCADORES PARA PORTUGAL E PARA O ESTADO ÁRABE DO BARÉM

 Modelo do EL AZIL / ENSJ - Aveiro /.

Os Estaleiros Navais de São Jacinto, Aveiro, lançaram à água em 1976 um rebocador portuário denominado de ARAD, que fazia parte de uma série de seis unidades encomendadas em 1975, pelo Estaleiro Árabe de Construção e Reparação Naval Asry, e pertenciam à classe AMORA, da Lisnave. Como se sabe, o Estaleiro Asry estava em face avançada de construção, segundo o projecto Português da Lisnave e situava-se no Golfo Arábico, no estado do Barém.

Rebocador AMORA com as cores da APL no estuário do Tejo em 1985 / imagem gentilmente enviada por Nuno Bartolomeu /.

Equipado com motor de 2.400 cavalos a 500 rotações, tinha 35 toneladas de força de tracção e estava equipado para a luta contra incêndios, combate à poluição e reboque costeiro.
O rebocador foi considerado de vanguarda no mundo. Com as características que então lhe conferiam aquela categoria entre os rebocadores de porto que naquela época eram construídos, era um produto do apuramento do projecto inicial proposto pela Lisnave aos Estaleiros Navais de São Jacinto, quando da encomenda, em 1970, da primeira unidade deste tipo.

O rebocador ARAD no dia do seu lançamento às águas da ria de Aveiro / imagem da Imprensa diária /

Na sua construção, utilizaram-se, sempre que possível, materiais e equipamentos Portugueses. Entre os primeiros, são de referir tubos, cabos eléctricos, eléctrodos de soldadura, mosaicos, madeiras, sanitários e tintas, incluindo as do costado. Entre os segundos, além do mobiliário para os alojamentos da tripulação, salientaram-se o molinete, alguns motores eléctricos, todos os quadros eléctricos e todas as válvulas.
Com este fornecimento, o Estaleiro Naval de São Jacinto introduzia esta unidade do seu fabrico no mercado internacional, o que permitiu para o parque industrial de Aveiro um novo produto de exportação, a que, por unidade, se acrescentariam 25 mil contos de trabalho Português.

Foi lançado à água em 1976, em Aveiro, o segundo dos seis rebocadores de porto encomendados, como então fora noticiado, aos Estaleiros Navais de São Jacinto, pelo Estaleiro Árabe de Construção e Reparação Naval Asry, do Estado do Barém. A encomenda total seria concluída em meados de 1977.
A nova unidade foi baptizada de EL AZIL. Tal como o ARAD, que fora a primeira daquelas seis unidades, anteriormente construída em São Jacinto, e igualmente lançada às águas da ria de Aveiro, tinha 33,26 metros de comprimento, 8,5 de boca e 3,23 de calado à ré, deslocava 211 toneladas, tinha a velocidade de 13 nós e um motor com a potência de 2.160 cavalos a 500 rotações estava equipado para a luta contra incêndios, combate à poluição e reboque costeiro.


 Dois dos seis rebocadores ainda em serviço no Estaleiro Asry, do Barém / Asry Shipyard /.

Os dois barcos, bem como os outros quatro em construção, denominados ARAD, EL AZIL, SAWAD, AL QALAA, DOKHAN e RAYYA NOON, eram considerados de vanguarda no Mundo pelas suas características que lhes conferiam aquela categoria entre os rebocadores de porto que então eram produzidos. O sexto rebocador foi construído em 1975 por sub-encomenda aos Estaleiros Parry & Son, de Cacilhas e todos eles seguiram de Aveiro para o Tejo, onde realizaram as provas de mar e só seguiram para o Barém em 1977, após terminada a construção do Estaleiro Asry.
O seu custo rondou os 32 mil contos cada um e, na sua construção, como acima foi dito, utilizaram-se, sempre que possível, materiais e equipamentos "made in Portugal".
Como curiosidade, recorde-se a propósito, que Portugal acabara de estabelecer relações diplomáticas, a nível de embaixadores, com estado do Barém que fora, por muito tempo, um protectorado Britânico e obtera a independência em 1971. A sua população era de 240 mil habitantes e a sua economia baseava-se na produção petrolífera.

O rebocador da Lisnave ALPENA sulcando as águas do Tejo na déscada de 80 / imagem gentilmente enviada por Nuno Bartolomeu /. 
Rebocador AMORA e a sua primeira tripulação em 1972 / imagem gentilmente enviada por Nuno Bartolomeu /. 

Nos rebocadores de 1.200 cavalos projectados e construídos para o ministério do Ultramar, primeiros de uma solução bimotora com uma linha de veios de passo variável, foi incorporado por sugestão dos Estaleiros Navais de São Jacinto, pela primeira vez no redutor, o sistema de comando do passo variável.
Deverá ser realçada ainda, uma série de rebocadores onde com apenas 2.200 BHP, se conseguiram 36 toneladas de tracção ao ponto fixo. Esta série, projectada pelo Estaleiro de São Jacinto a pedido da Lisnave, teria de obedecer a um baixo custo de produção e de exploração e um elevado poder de tracção, de forma a serem utilizados na manobra de docagem dos super petroleiros. Com hélice de passo fixo, a baixo número de rotações, o que obrigou a um elevado calado a ré, de forma a permitir um hélice de grande diâmetro, tubeira leme "Kort" e máquina do leme de grande eficiência com vários postos de comando, resultou que a referida série se estendesse a dezoito unidades, o que atestava bem a eficiência do projecto.
Com ligeiras alterações no que se referia a alojamentos, foram construídos oito para a Lisnave, seis para os Estaleiros do Barém, no Golfo Árabe, dois para a Soponata e dois para a Setenave. Uma série de dezoito navios atestou o contributo positivo do projectista e construtor à economia nacional.

CORROIOS, FOGUETEIRO e AMORA no estuário do Tejo em 1972 / imagem gentilmente enviada por Nuno Bartolomeu /.

Fonte: Imprensa diária, Revista de Marinha, Asry Shipyard, Nuno Bartolomeu.
Rui Amaro

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