O arrastão SANTA TERESINHA largando do Tejo de rumo aos pesqueiros do Cabo Branco
Las Palmas, 21/07/1952 – «Foi um milagre termo-nos salvo» – disse um dos sobreviventes do arrastão Português SANTA TERESINHA, que no dia 18 do corrente, naufragou ao largo das ilhas Canárias. «Mantendo-nos ao cimo de água com as bóias de salvação», continuou o marinheiro, «sacudidos pelas vagas, remando com os braços, tentamos dirigir-nos para as ilhas Lanzarote ou Fuerte Ventura. Mas se o vapor do correio não nos encontrasse, e se não tivesse conseguido recolher-nos, concerteza que teríamos morrido como os outros camaradas. Aquele salvamento no meio da noite, foi verdadeiramente um autêntico milagre». Todos os sobreviventes contaram a angústia de ver desaparecer um por um os seus 16 companheiros, entre eles o seu capitão, sem poder prestar-lhes qualquer socorro.
Os náufragos tiveram da parte do cônsul de Portugal, todo o auxílio e assistência; antes do fim da semana, poderão embarcar de regresso a casa.
Os sete sobreviventes do desastre são: António Joaquim Paulo (mestre redes) e os marítimos Albino Dias Campos, Inácio Ramilho, Joaquim Feliciano Barrocas, Joaquim José Silvino, Jorge Cristóvão Sintra e Manuel Inácio Vila – F. P.
SANTA TERESINHA – imo 5617216/ 45,5m/ 383tb/ 11nós; 11/1951 entregue pelos ENVC – Estaleiros Navais de Viana do Castelo, Viana do Castelo, à Sociedade de Pesca Santa Fé, Lda, de Lisboa, que o colocou nas pescas do Cabo Branco; 18/07/1952 voltou-se, possivelmente devido a uma volta de mar bastante alterosa e afundou-se a norte de Arrecife e Lanzarote, Ilhas Canárias, sem que desse tempo a lançar à água a baleeira salva-vidas ou outros meios de salvamento, e sobretudo enviar um rádio de pedido de socorro, alertando a autoridade marítima mais próxima e a navegação na área, o que evitaria tão grande tragédia.
O SANTA TERESINHA, antes da largada do Tejo para a maré, que lhe viria e à sua equipagem a ser deveras fatídica, estivera a sofrer uma reparação à máquina nos estaleiros da C.U.F.
Gémeos: ALCYON: CPP – Companhia Portuguesa de Pesca, de Lisboa; ILHA DO PICO, ILHA DO CORVO, ILHA BRAVA: SNAPA – Sociedade Nacional dos Armadores da Pesca do Arrasto, de Lisboa, todos eles um produto dos acreditados estaleiros Vianenses.
Note-se que, com tragédia acima relatado, a Sociedade de Pesca Santa Fé oi o segundo arrastão do mesmo nome que perde por naufrágio, pois o primeiro que fora construído em Inglaterra em 1912 como LORD LISTER, e em 1930 comprado pela Sociedade de Pesca Bello Horizonte, de Lisboa, que o rebaptizou de BELLO HORIZONTE, e em 1934 o vendeu à Sociedade Pesca Santa Fé, naufragou por colisão a norte do Cabo da Roca em 15/09/1939, e segundo se julga sem perda de vidas.
Fontes: Jornal O Comércio do Porto, Miramar Ship Index.
Imagens: Jornal O Comércio do Porto, O Jornal do Pescador, gentilmente enviadas por Nuno Bartolomeu, de Almada.
Rui Amaro
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