terça-feira, 25 de outubro de 2011

RECORDANDO A TRAGÉDIA DO ARRASTÃO "SANTA TERESINHA" EM 1952

 O arrastão SANTA TERESINHA largando do Tejo de rumo aos pesqueiros do Cabo Branco

 Las Palmas, 21/07/1952 – «Foi um milagre termo-nos salvo» – disse um dos sobreviventes do arrastão Português SANTA TERESINHA, que no dia 18 do corrente, naufragou ao largo das ilhas Canárias. «Mantendo-nos ao cimo de água com as bóias de salvação», continuou o marinheiro, «sacudidos pelas vagas, remando com os braços, tentamos dirigir-nos para as ilhas Lanzarote ou Fuerte Ventura. Mas se o vapor do correio não nos encontrasse, e se não tivesse conseguido recolher-nos, concerteza que teríamos morrido como os outros camaradas. Aquele salvamento no meio da noite, foi verdadeiramente um autêntico milagre». Todos os sobreviventes contaram a angústia de ver desaparecer um por um os seus 16 companheiros, entre eles o seu capitão, sem poder prestar-lhes qualquer socorro.
Os náufragos tiveram da parte do cônsul de Portugal, todo o auxílio e assistência; antes do fim da semana, poderão embarcar de regresso a casa.
Os sete sobreviventes do desastre são: António Joaquim Paulo (mestre redes) e os marítimos Albino Dias Campos, Inácio Ramilho, Joaquim Feliciano Barrocas, Joaquim José Silvino, Jorge Cristóvão Sintra e Manuel Inácio Vila – F. P. 


SANTA TERESINHA – imo 5617216/ 45,5m/ 383tb/ 11nós; 11/1951 entregue pelos ENVC – Estaleiros Navais de Viana do Castelo, Viana do Castelo, à Sociedade de Pesca Santa Fé, Lda, de Lisboa, que o colocou nas pescas do Cabo Branco; 18/07/1952 voltou-se, possivelmente devido a uma volta de mar bastante alterosa e afundou-se a norte de Arrecife e Lanzarote, Ilhas Canárias, sem que desse tempo a lançar à água a baleeira salva-vidas ou outros meios de salvamento, e sobretudo enviar um rádio de pedido de socorro, alertando a autoridade marítima mais próxima e a navegação na área, o que evitaria tão grande tragédia.
O SANTA TERESINHA, antes da largada do Tejo para a maré, que lhe viria e à sua equipagem a ser deveras fatídica, estivera a sofrer uma reparação à máquina nos estaleiros da C.U.F. 
Gémeos: ALCYON: CPP – Companhia Portuguesa de Pesca, de Lisboa; ILHA DO PICO, ILHA DO CORVO, ILHA BRAVA: SNAPA – Sociedade Nacional dos Armadores da Pesca do Arrasto, de Lisboa, todos eles um produto dos acreditados estaleiros Vianenses.
Note-se que, com tragédia acima relatado, a Sociedade de Pesca Santa Fé  oi o segundo arrastão do mesmo nome que perde por naufrágio, pois o primeiro que fora construído em Inglaterra em 1912 como LORD LISTER, e em 1930 comprado pela Sociedade de Pesca Bello Horizonte, de Lisboa, que o rebaptizou de BELLO HORIZONTE, e em 1934 o vendeu à Sociedade Pesca Santa Fé, naufragou por colisão a norte do Cabo da Roca em 15/09/1939, e segundo se julga sem perda de vidas.


Fontes: Jornal O Comércio do Porto, Miramar Ship Index.
Imagens: Jornal O Comércio do Porto, O Jornal do Pescador, gentilmente enviadas por Nuno Bartolomeu, de Almada.
Rui Amaro  

ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s) em NAVIOS Á VISTA, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on NAVIOS Á VISTA, which will be very much appreciated.

3 comentários:

Anónimo disse...

Boa noite,por fim consegui conhecer o barco em que o meu avõ faleceu,muito obrigado do fundo do meu coração.
Bruno Santos
email:badum666@live.com.pt

Rui Amaro disse...

Caro Bruno Santos
Pena foi ter sido nas circunstancias funestas que então ocorreram, mas a vida de mar tem destas contingencias, como ainda há poucos dias ocorreu aos camaradas das Caxinas da motora VIRGEM DO SAMEIRO, que felizmente foram resgatados.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro

Unknown disse...

Bom dia. Conheci agora o arrastão onde o meu tio José António, perdeu a vida ainda muito jovem. Quando aconteceu a tragédia ainda não era nascida, mas sei que os meus avós, tia e mãe, sofreram muito com a dor dessa perda.