Autor João Viana, Figueira da Foz / ver nota no final do texto /
Nenhum dos oito homens da
companha da embarcação de pesca que naufragou na tarde de sexta-feira,
25/10/2013, na sempre difícil barra da Figueira da Foz usava colete, situação
essa, que o capitão do porto classificou de "incompreensível". Nenhum
pescador usava colete, é uma situação que tem de ser vista. É incompreensível
numa embarcação a sair a barra e naquelas condições de mar agitado, disse Rui
Amado, capitão do Porto.
Presente na
praia do Cabedelo, situada junto ao local do naufrágio e questionado sobre o
assunto dos coletes salva-vidas, José Festas, da Associação Pró-Maior Segurança
dos Homens do Mar, disse não conseguir perceber o que aconteceu.
"Não
estou a dizer que não deviam usar colete salva-vidas, mas se o estivessem a
usar, se calhar, com o barco a virar, teriam morrido mais tripulantes, porque
com o colete envergado é muito difícil mergulhar", sublinhou.
José Festas
aludiu ainda às condições de entrada e saída da barra da Figueira da Foz, após
as obras de prolongamento do molhe norte, que lhe deram uma nova orientação
(sul-sudoeste) e que obriga, de acordo com o comandante do porto, a uma
"nova forma" de entrar e sair.
“A nova barra
foi feita para os navios. Hoje, os barcos de pesca saem completamente de lado,
com o vento e mar, a saída e entrada tem mais perigosidade", afirmou José
Festas.
As buscas dos três
desaparecidos da motora JESUS DOS NAVEGANTES foram retomadas ao início da manhã
de sábado, para já, no mar, apenas com recurso à corveta NRP BAPTISTA DE ANDRADE já que as condições adversas que se faziam sentir não permitiam a utilização
do salva-vidas do ISN e outras embarcações da capitania do Porto da Figueira da
Foz, adiantou.
A corveta, que
começou a operar ao largo da Figueira da Foz ao nascer do dia, deslocou-se,
entretanto, à zona do cabo Mondego - a norte do local do naufrágio - para
recolher uma balsa que se presume pertencer à embarcação naufragada, indicou
Rui Amado.
A barra do
porto comercial que estava fechada a toda a navegação foi entretanto reaberta,
embora condicionada a embarcações superiores a 35 metros, continuando por
aferir o local exacto onde a motora JESUS DOS NAVEGANTES está localizada.
Rui Amado,
capitão do porto, precisou que a embarcação naufragou "a 200 metros da
barra, precisamente a sul", num local onde a profundidade é de "cerca
de 15 a 20 metros", sustentou.
Desde a
reabertura da barra, pelo menos três navios de carga já deixaram o porto da
Figueira da Foz, tendo entrado um, constatou a Lusa no local.
O capitão do
porto ouviu no último sábado os quatro tripulantes dos cinco que foram
resgatados com vida, nomeadamente o mestre da embarcação, para apurar o que
aconteceu na altura do naufrágio.
Um quinto
tripulante, o ferido mais grave do naufrágio - um homem de 48 anos, de nome
Luis Santos, que sofreu uma paragem cardio-respiratória e foi reanimado e
estabilizado no hospital da Figueira da Foz, antes de ser transferido para os
Hospitais da Universidade de Coimbra - estava, ao início da madrugada de
sábado, com prognóstico muito reservado, informou aquela unidade de saúde.
Na praia do
Cabedelo estava a decorrer a última prova do Circuito de Surf do Norte, mas a
competição, segundo a autoridade marítima, não interfere com as buscas dos três
pescadores desaparecidos.
Cinco camaradas foram resgatados com vida
pelo salva-vidas do ISN, e havia três pescadores desaparecidos na sequência do
naufrágio de sexta-feira na Figueira da Foz, contudo
o corpo de um dos desaparecidos foi encontrado ao fim da manhã de sábado, e recolhido
pelo helicóptero.
Um quinto
tripulante, o ferido mais grave do naufrágio - um homem de 48 anos, de nome
Luis Santos, que sofreu uma paragem cardio-respiratória e foi reanimado e
estabilizado no hospital da Figueira da Foz, antes de ser transferido para os
Hospitais da Universidade de Coimbra - estava, ao início da madrugada de
sábado, com prognóstico muito reservado, informou aquela unidade de saúde. "Diria que tem uma esperança de 60% a 70% de se
salvar", disse aos jornalistas Manuel Gameiro, diretor do Serviço de
Urgência do Hospital Distrital da Figueira da Foz.
Já os restantes quatro
resgatados - Francisco Fortunato, 40 anos, mestre e armador da embarcação
naufragada, Eurico João, 26, Francisco Ferreira, 31, e António Reijão, 41 anos,
que, segundo Manuel Gameiro, fazia anos no fatídico dia - estão bem e já têm
alta clínica.
Estavam à espera dos
familiares que vão chegar vindos do centro piscatório das Caxinas, o mais
martirizado da costa Portuguesa, para os vir buscar", indicou o médico.
José Paiva, que estava a
pescar num dos molhes interiores do rio, por volta das 17h15, disse que a
embarcação esteve algum tempo a tentar sair a barra e que pouco depois viu a
motora levantar-se no ar e desaparecer no mar. Três motoras preparavam-se para
sair a barra e duas voltas de mar imprevistas bateram numa delas, a JESUS DO
NAVEGANTES, e virou-a, disse também Mário Gomes, outro pescador no local.
Vários destroços da motora
foram dando à costa, e curiosamente entre eles, a quilha, ou melhor o fundo, só
por isto se entende que o embate foi fortíssimo.
Ao naufrágio acorreram os
bombeiros, ISN e polícia marítima e seu material flutuante, GNR, INEM, Cruz Vermelha,
etc.
O mestre José Festas e o capitão do porto da Figueira da Foz
deram as “respostas certas” aos jornalistas, sobre uma das possiveis causas da
tragédia da motora Poveira JESUS DOS NAVEGANTES, pois tal e qual como noutras
barras, a barra da Figueira com o quebra-mar na direcção Sul-Sudoeste não será
excepção, e como a ondulação na costa tem tendencia de noroeste, as motoras em
ocasiões de mar de andaço, ficam a pairar dentro da barra, a aguardar um liso
passageiro, e quando este se dá avançam a toda a força, algumas exitam e
ficam-se pela barra, mas outras conseguem ultrapassar a rebentação, isto se
forem de proa à vaga, caso das barras sem molhe bastante extenso, agora se têm
um molhe bastante prolongado pela frente e deveras direccionado a Sul-Sudoeste,
a manobra é mais complicada, nomeadamente pela falta de visibilidade da rebentação
que se aproxima, pois têm de avançar de rumo a sul, ou seja de lado ou amura à
rebentação, uns bons metros para lá do quebra-mar, e só nessa ocasião é que
avançam de proa ao mar, isto significa que não se podem fazer ao mar, junto ao
cabeço do molhe, é que com mar a crescer podem ser atiradas contra o molhe, por
algum golpe de mar, e afundar-se, até mesmo embarcações de algum porte. Ora
navegando de lado, e surgindo umas voltas de mar imprevistas, é fácil o naufrágio.
Quando do projecto dos molhes do Douro, que também tem o molhe norte direcionado a sudoeste, bati-me em crónicas nos jornais diários para que isso não
viesse a ocorrer, já prevendo tragédias, como a agora ocorrida na Figueira da
Foz, felizmente isso não tem sucedido por aqui, até porque a navegação, quer
comercial, lúdica e pesqueira tem sido muito diminuta. Lembro-me de em finais
da década de 50, ainda com a barra antiga, um navio, ter apanhado umas valentes
voltas de mar de noroeste, e desgovernando para bombordo, para sul, e
atravessado ao mar, galgou o banco da barra, e só perto de Lavadores é que
conseguiu rodar para estibordo, e fazer-se ao largo.
No que respeita aos coletes salva-vidas, entendo que devem
ser utilizados, mas pelo menos no cruzamento das barras, sobretudo em ocasiões de
agitação marítima, e importante é a não utilização de botas de borracha altas,
que enchendo de água, impossibilitam os seus utilizadores de nadar devido ao
peso, e acabam por os fazer submergir. O meu pai que foi pescador desde os 13
anos de idade, e aos 25 piloto da barra do Douro/Leixões, quando na traineira
cruzava as barras do Douro, Aveiro ou Figueira, barras em que correu sérios
riscos de naufrágio, descalçava as botas e posicionava-se junto de uma bóia de
salvamento, para o que desse e viesse, e num acidente numa traineira da
Afurada, das maiores, de que era camarada, e demandava a barra do Douro com
águas de vazante, aquela desgovernou e bateu de popa na pedra da Gamela, e
partiu o cadaste e leme, lançando ferro de imediato, a tripulação que era de
cerca de 30 homens, tratou de se recolher na chalandra, e vir para terra, mas
ficaram a bordo o mestre, maquinista e o contra-mestre e mais dois camaradas, o
meu pai e um outro da Afurada, que não sabia nadar. este muito aflito pedia ao
meu pai que o salvasse, e atirando-se à água com uma bóia, trouxe-o a reboque
agarrado a um dos pés, a distancia era curta, entre a Meia Laranja e o Cais
Velho, infelizmente quando pôs os pés em terra, escorregou no limo e lá se foi,
aparecendo o seu corpo passado 15 dias, precisamente na fatídica barra da
Figueira da Foz.
A 19 de Agosto pp, um camarada da motora JESUS DOS NAVEGANTES,
agora naufragada, Carlos Manuel Milhazes Novo, caiu ao mar ao largo da Figueira
da Foz, sem que ninguém desse por isso, e foi dado como desaparecido. O meu pai
com 13 anos, moço de traineira, e um outro jovem moço, vinham na chalandra, a esgotar
água, sob nortada, quando ao mar da Aguda, a bossa que ligava a chalandra à
traineira rebentou, e como a companha estava a descansar nos beliches, e
somente o mestre e o contra-mestre, este era seu pai e meu avô, vinham
abrigados do vento na casa do leme e na condução da traineira, e só deram pela
falta da chalandra, quando chegaram à barra do Douro, e de imediato retrocederam
e foram em socorro dos moços e da chalandra, cujos remos estavam a bordo da
traineira, que foram encontrados à deriva, já quase em cima da rebentação, ao
mar de Espinho, e muito aflitos, pudera!
Fontes: Comunicação Social.
Rui Amaro
A
FOTO É DA AUTORIA DO SR. JOÃO VIANA, QUE TEM OBTIDO EXCELENTES FOTOS DE EMBARCAÇÕES
NO PORTO E BARRA DA FIGUEIRA DA FOZ, A QUEM SOLICITO AUTORIZAÇÃO DE A MESMA CONTINUAR POSTADA NESTE BLOGUE
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alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o
comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma
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