sábado, 21 de março de 2009

O NAVIO-MOTOR “BORBA” QUE VINHA DE INGLATERRA, NA PRIMEIRA VIAGEM, BATEU NUMAS PEDRAS A NORTE DO PORTO DE LEIXÕES, FICANDO MEIO INUNDADO

O navio-motor BORBA, após ter entrado, fundeado na bacia do porto de Leixões em 05/01/1949 #(c)Imagem de noticia de O Comercio do Porto#.



Por noticias recebidas hoje, 05/01/1949, na sede da Sociedade Geral , sabe-se que se deu esta madrugada, ao largo do porto de Leixões, um grave acidente com o novo navio-motor BORBA, de cerca de 7.000 toneladas, que vinha de Inglaterra, onde fora construido, transportando um carregamento completo de carvão de Gales, importado pelos Estabelecimentos Harold.,Lda.

O BORBA, sob o comando do capitão José Matos Neves, chegou ao largo de Leixões, onde deveria entrar, ontem à noite, cerca das 19h00, com mau tempo e o mar um pouco agitado. Suportara o navio um violento temporal durante quase todo o percurso desta sua primeira viagem e comportara-se excelentemente, desde a saída de Inglaterra.

Quando o navio chegou à altura costumada para meter piloto, solicitou um prático, mas teve de esperar muitas horas, a pairar ao largo, sem que o referido prático aparecesse. Cerca das 03h00 de hoje, porque tivesse descaido demasiadamente, o navio começou a bater em penedia submersa pelas alturas do farol da Boa Nova e, pela violência dos embates, não restarm dúvidas a bordo de que ia dar-se uma inundação do BORBA, pelo menos nos porões de vante.

Efectivamente, pouco depois, o comandante Neves e o chefe de máquinas José Júlio Duarte, verificavam que havia rombos nos porões nºs 1 e 2, os quais estavam a ser ràpidamente inundados, enquanto o navio, que não ficara preso nas pedras, fazia marcha à ré para se afastar do local. Daí a pouco notava-se a existencia de uma rotura no tanque de combustivel, o qual estava a perder-se em larga escala. A gravidade da situação não oferecia dúvidas, pelo que o comandante informou a capitania do Porto, ao mesmo tempo solicitava autorização para entrar imediatamente na doca nº 1 do porto de leixões.

A capitnia do porto, porém, receando que o navio não conseguisse manter a flutuabilidade, não autorizou a entrada imediata, com receio de que o BORBA acabasse por se afundar dentro daquela doca, o que tornaria impossivel, por largo tempo, o tráfego em Leixões, para navios que se destinassem a atracar.

Entretanto a bordo, tinham-se fechado todos os compartimentos estanques e, se o navio não abrisse mais rombos, estava afastado o perigo do seu afundamento. De manhã a situação do BORBA definiu-se e a capitania autorizou a sua entrada para a bacia do porto de Leixões.

Pelas 06h00 do dia 5, o novo navio-motor BORBA, que procedia de Inglaterra e que sofrera,de madrugada, alguns rombos graves, por ter batido nas penedia submersa próximo do farol da Boa Nova, depois de meter piloto, entrou para a bacia, fundeando a dois ferros ao Sul, iniciando a baldeação de carvão para uma fragata, que atracou junto do porão nº 1.

De manhã, vindos de Lisboa, chegaram ao Porto, num avião especialmente fretado para o efeito, o eng. Aulânio Lobo, administrador da Sociedade Geral ; comandante Otero Ferreira, secretário geral, e o eng. naval Rodrigues dos Santos, director da secção técnica daquela empresa, que é proprietária do navio sinistrado, e que vieram para tomar providências sobre a situação do BORBA, reparações imediatas e saída do navio para Lisboa logo que seja possivel.

Às 16h00 a Imprensa foi informada de que estava a proceder-se ao esgotamento dos porões inundados, para fazer voltar o navio à sua posição normal, pois de manhã encontrva-se muito adornado e metido de proa. Na casa da máquina também entrou apreciável quantidade de água, a qual já foi esgotada, com os recursos de bordo.

Esclarece-se, que o caímento do BORBA para cima da penedia da Boa Nova, o mesmo local onde há 35 anos naufragou o paquete Inglês VERONESE, da Lamport & Holt Line, Liverpool, se deu em virtude de ter sobrevindo, durante a madrugada, uma densa cerração. Quando o navio solicitou piloto, à noite, disseram-lhe que só seria pilotado pela manhã, pelo que deveria manter-se ao largo. Os prejuizos que se encontram cobertos pelo seguro, são grandes, mas não se pode avaliar ainda o seu montante.

O navio sinistrado, que fazia a sua viagem inaugural, continuava na mesma situação , sendo opinião dos técnicos que não aguentará qualquer viagem sem ser devidamente reparado. Na véspera e enquanto várias gangas de estivadores trabalharam na descarga, as corporações dos Bombeiros Voluntários de Leixões e dos Portuenses, esforçaram-se por aliviá-lo da água, esperando-se que possa ser levado para a doca nº 1, como já se disse. Está, portanto, posta de parte a ideia de levar, por agora, o navio para o porto de Lisboa, como se chegou a pensar.

Entretanto, o Borba depois dos vários trabalhos de flutuabilidade, começou a retomar a posição normal e foi levado para doca nº 1, onde foram realizadas as reparações provisórias, e após as vistorias usuais pela autoridade maritima e julga-se também pelo perito da Lloyd’s, deixou o porto de Leixões de rumo ao porto de Lisboa, a fim de entrar em dique dos estaleiros da CUF, Rocha, para fabricos finais.



O navio-motor BORBA fundeado na bacia do porto de Leixões, a aguardar atracação em 30/10/1966 # (C) Foto de Rui Amaro


O BORBA, 129,6m/4.435tb, 12 passageiros, 13,5 nós, foi entregue em 12/1948 pelos estaleiros William Doxford & Sons, Ltd., Sunderland, por encomenda da Sociedade Geral de Comércio Industria e Transportes, Lisboa, juntamente com os gémeos BELAS, BRAGA e BRAGANÇA, da série B; 23/10/1971 chega a Lisboa no termo da ultima viagem comercial, ficando imobilizado; 01/01/1972 ingressou na frota da Companhia Nacional de Navegação devido à fusão das duas empresas; 06/1972, ainda se encontrava imobilizado no Mar da Palha, Estuário do Tejo, aguardando destino; 20/02/1973 larga do Tejo conduzido pelo rebocador Espanhol MONTSANT, E. Lorenzo Y Cia SA., Vigo, de rumo a Tarragona para ser demolido em Castellon.

Fontes: Jornais Diário de Lisboa e O Comércio do Porto; Miramar Ship Index.

Rui Amaro

domingo, 15 de março de 2009

O NAVIO PORTUGUÊS “ZÉZERE” FICOU ENCALHADO E CONGESTIONOU O TRANSITO RODOVIÁRIO EM PLENA CIDADE DE VISEU

O batelão ZÉZERE em Lisboa pela proa do paquete PÁTRIA / autor desconhecido - colecção Nuno Bartolomeu, Almada /.

Embora seccionado em duas partes distintas, cada qual colocada no respectivo camião gigante, a verdade é que as 60 toneladas de ferro do navio ZÉZERE (LX 1650 TL), com bandeira da CTM, que de Lisboa, viajava para a Régua, passou, a 22/12/1981, pelo meio-dia, através da cidade de Viseu, onde se manteve algumas horas, transformando o trânsito num autêntico pandemónio, causando ainda atrasos consideráveis nas carreiras regulares de passageiros . Apesar dos esforços da PSP, nas ruas Alves Martins, 5 de Outubro, Alferes Maldonado, Largo de Santa Cristina, etc., o trânsito processou-se com enormes dificuldades.
De novo esteve em foco a necessidade de uma saída ampla, ou seja, o prolongamento da Circunvalação, aliás programado para breve.
As obras implicam destruição de quatro casas, cujos proprietários ou inquilinos têm de as abandonar até final de Fevereiro.
Um dos imóveis condenado à destruição foi “abalroado”, num cunhal, pelo ZÉZERE..
Quando os navios saem do mar para andar em terra as complicações são evidentes mas quando isso acontece onde as soluções de trânsito são difíceis para os próprios veículos ligeiros, o problema agudiza-se, naturalmente.

O batelão DOURENSE ancorado no rio Douro, perto de Entre-os-Rios / Colecção Nuno Bartolomeu, Almada /.

A embarcação, que era um batelão de 26,16m/132tb, construído na Alemanha em 1909,  pertenceu à  CCN, tendo em 1974 passado para a frota da CTM, e estava a ser transportada para a Régua, a fim de ser utilizada na extracção de inertes no rio Douro por uma empresa local que a adquiriu e a rebaptizou de DOURENSE. .
Fonte: Jornal "O COMÉRCIO DO PORTO".
Rui Amaro