sexta-feira, 28 de novembro de 2014


in memoriam

Como devias detestar ficar preso em casa, enquanto as ondas vinham e iam e o teu Douro descarregava água e mais água naquela barra que conhecias como poucos. Uma vida a navegar, sobretudo em terra, a perscrutar horizontes na cata de veleiros, na restinga a ler os sinais das marés, no farolim a argumentar com outros marítimos, na Cantareira a ver os últimos caícos e os últimos sáveis. Sempre, mas sempre te verei assim: indagador, curioso, homem de saber e de ensinar.
Acabou. Perdemos-te e perdemos um pouco mais do nosso “norte”, aquele que nos levava a uma Foz do Douro profundamente fluvial e marítima e que vai desaparecendo inelutavelmente.
Deixas-nos herança: ”A Barra da Morte”, livro admirável sobre as tragédias da embocadura do Douro e ainda os inúmeros textos dos blogues que animavas.
Quanto saber, quanta paixão e quanta humanidade!
A Rua da Cerca, toda a Foz chora porque se foi um seu amante generoso, um Bom.

Assim estou eu.

Um abraço para sempre, Rui.

QZ