quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

SEIS DIAS A LUTAR COM TEMPORAL DESFEITO


NRP CARVALHO ARAÚJO

O NRP CARVALHO ARAÚJO tinha recebido ordens para prestar honras militares ao chefe do Estado, durante a sua permanência na cidade do Porto em Março de 1924. O temporal surpreendeu-o ainda no porto de Leixões, onde o navio não se pode aguentar com a violência da forte ondulação. O piloto da barra tentou várias vezes mudar de ancoradouro e reforçar a amarra, contudo ia de garra sujeito a encalhar ou colidir com outras embarcações. A amarra partiu e o cruzador não teve outro remédio senão abandonar o porto e fazer-se ao mar sob temporal desfeito.
Saiu daquele porto no dia 8, com vento Sudoeste e mar desabrido, só conseguindo entrar novamente no dia 14, depois de ter amainado o mau tempo.
O que foram esses seis dias de luta constante e perigosas com as ondas! Di-lo o próprio navio, que demandou o Tejo com os mastros partidos, a telegrafia sem fios desmantelada, o convés danificado, portas rebentadas e a guarnição exausta, depois de ter visto várias vezes a morte diante dos olhos.
O NRP CARVALHO ARAÚJO, 70m/1.210tdm, foi entregue em 12/05/1915 por Charles Connel & Co., Scotstoun, Clyde, à “Royal Navy” como aviso HMS JONQUIL, classe Flower; 05/1920 adquirido pela Armada Portuguesa, sendo classificado como cruzador, classificação imprópria para aquele tipo de navio de guerra; 1923/26 serviu como navio de apoio à frota bacalhoeira nos Bancos de Terra Nova; 1932 foi classificado como aviso de 2º classe e em 1937 passou a navio hidrográfico; 1948 foi reconstruído no Arsenal do Alfeite; 1959 passou à disponibilidade.
Fonte: Imprensa diária
Foto de autor desconhecido
Rui Amaro