Cais do Terreiro/Estiva, vendo-se os n/m Português SECIL GRANDE na descarga de cimento ensacado e pela sua popa o n/m Holandês BREM preparando-se para carregar uma grande partida de paralelepípedos década de 50 - (c) gravura de noticia di JN -.
A gravura expressiva pelos aspectos panorâmicos e pelo movimento é um cliché vivo e colorido da vida ribeirinha do Douro.
Guindastes mecânicos, as águas pacatas e barrentas do rio, o casario da outra margem e ainda o arco imponente da ponte D. Luis l – eis a panorâmica etnográfica que a fotografia apresenta.
Todavia, o que mais avulta no conspecto do quadro, é a “montanha” de pedras que atravanca o cais do Terreiro, também denominado da Estiva. Pedras “preciosas”, ou sejam paralelepipedos, milhares muitos milhares, arrancados às pedreiras da Madalena, Vila Nova de Gaia, e que aguardavam o momento de serem carregados no navio que os ia transportar para a Bélgica, para serem utilizados no calcetamento de estradas e ruas. A pedra Portuguesa, Nortenha a melhor do mundo, com fama em toda a parte, era e continua a ser objecto de exportação, mercadoria que desde há muitos anos constitui fonte de rendimento na economia nacional. Ainda bem que assim é, porque dessas transacções beneficiam centenas de trabalhadores que extraem os paralelos e os trabalham.
Além de paralelepipedos, também se exportam cubos, guias para passeios e jardins, pedra em bruto para trabalhos artisticos e outros artefactos, que se destinam, sobretudo aos paises Nórdicos, como Belgica, Holanda, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, Suiça, etc.
Enquanto aqueles paises preferem ter as suas artérias pavimentadas com a pedra Portuguesa, Portugal parece estar a abandoná-la em favor de pedra de fraca qualidade vinda de países do Extremo Oriente, ou de outras especies de paralelos, à base de cimentos.Também pelo porto comercial do Douro, navios saiam com carregamentos completos de quartzo e feldspato.
Hoje como ontem, a pedra trabalhada Portuguesa extraida das várias pedreiras da região Norte continua ser exportada pelo porto de Leixões, e agora pelos portos de Sardoura e Varzea do Douro, localizados na via fluvial do rio Douro, repectivamente nos concelhos de Castelo de Paiva e Marco de Canavezes, ainda ontem. pelas 14h, saiu a barra do Douro, o navio-motor flúvio-maritimo de bandeira de conveniência das Bahamas DANICA HAV, 82,48m/1.536tb, levando nos seus porões cerca de 2.000 toneladas de granito para o porto de Ahus, Suécia, carregados num daqueles portos fluviais. Também pela mesma via fluvial é importado granito de qualidade inexistente em Portugal.
O n/m Holandês ALISSA, 83m/1.550tb, subindo a via fluvial do rio Douro, a fim de ir carregar granitos ao cais de Sardoura, 07/1997 - (c) gravura de reportagem do matutino Público -.
Fonte: Jornal de Noticias
Rui Amaro
Rui Amaro