quarta-feira, 2 de novembro de 2011

LORDELO – UM VAPOR QUE NÃO QUER IR PARA O MAR


 

 Num dos estaleiros do Ouro, na cidade do Porto, mais propriamente nuns terrenos onde hoje se situa o jardim do Cálem, junto à Ilha do Frade, vulgo Ínsua do Ouro, foi construído em madeira, por volta de 1920, um navio a vapor, a que o seu armador, a firma Companhia de Navegação Portuense, SARL, sedeada na rua da Reboleira, 49, da cidade do Porto, o baptizou com o nome de LORDELO, possivelmente pelo motivo do local onde foi construído pertencer à freguesia de Lordelo do Ouro.
Acontece quando se realizou a cerimónia do seu lançamento à água, com a presença de convidados e populares, sempre presentes nestes eventos, a neófita embarcação não se moveu. Não se moveu quando se lhe cortou a bimbarra, não se moveu quando o aliviaram das escoras, sucedendo o mesmo quando um rebocador o puxou, só conseguindo rebentar três cabos de reboque e uma grossíssima amarra. No dia seguinte repetiram-se as tentativas sem resultado. No terceiro dia nada se conseguindo, nem também ao quarto dia.
O teimoso vapor que até parecia que tinha alergia à água, era de cerca de 62m de comprimento, 11m de boca e 6m de pontal. Era uma excelente embarcação, que apenas tinha o defeito de não querer navegar nem com três rebocadores a puxar por ele, mas lá acabou por se convencer a deslizar pela carreira, e terminar os aprestos finais em pleno rio Douro.
Desconheço a história subsequente do "teimoso", apenas sei que só realizou uma única viagem, cujo destino foi os E.U.A.
Fontes: Ilustração Portuense/ fotos I. Dias
Rui Amaro

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2 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez parabéns pelo seu interessante blog, do melhor que conhecemos pela sua riqueza de conteudo e rigor de informação Já agora mais alguns dados sobre esse desconhecido Lordelo, tonelagem, potencia de maquina etc. Que se passou logo na 1ªa viagem Naufragou como o Marianela ao largo da Bermuda ou o Otelina, que depois de ter abastecido aqui nos Açores perdeu-se nas costas do Pará?
Bluefish, Ponta Delgada

Anónimo disse...

Caro Bluefish
Estou-lhe muito grato pelo seu gentil comentário, mas lamento não lhe poder fornecer os detalhes solicitados porque tudo o que consegui apurar acerca do "teimoso vapor" é o que se encontra relatado na minha postagem.
Ficamos na expectativa de algum leitor que tenha esses elementos nos possa informar.
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro