O rebocador PENEDA no estuário do Tejo / Luís Miguel Correia - História da Soponata - linerbooks@gmail.com
No ano de 1977, a construção naval na ria de Aveiro passava por um desenvolvimento deveras inusitado como então os vários órgãos da comunicação social acentuavam. Noticiava-se que os Estaleiros Navais de São Jacinto já projectavam ampliar as suas instalações para o dobro da capacidade de produção nos sectores social, desportivo e cultural.
Segundo informara o arquitecto Cravo Manuel Calisto, encarregado do projecto, propunha-se a curto prazo ampliar: a zona fabril e pré-fabricação pesada, para mais do dobro. Logo de seguida ou talvez simultaneamente, ampliação do sector administrativo, salas de desenho e risco, e ainda os balneários.
Perspectivava-se também a criação de um novo centro para os trabalhadores, antigo CAT, pois seria formada uma cooperativa de trabalhadores, onde se poderiam abastecer de géneros alimentícios e similares. A zona recreativa viria a ser totalmente remodelada, passando haver nela espaços verdes.
Entretanto a expensas da Fundação Carlos Roeder, foi elaborado um projecto para a construção de moradias de renda económica para os trabalhadores, a edificar na zona entre os estaleiros e a estrada de São Jacinto -Torreira.
Um dos administradores afirmava que se pensava dotar o estaleiro com uma nova carreira, apetrechada para navios de 4 a 6 mil toneladas,
Quanto a encomendas o programa podia considerar-se esgotado, pois já havia laboração para seiscentos trabalhadores até 1980, e encontravam-se em construção ou encomendadas as seguintes unidades: contrato para a Transtejo de seis navios transbordadores, vulgo cacilheiros. Essa encomenda ascendia a 250 mil contos, e estava prevista a sua entrega até 1980. Quatro dragas para Direcção Geral de Portos, que rondariam o meio milhão de contos. Dois transbordadores para a CP, um já entregue e outro na carreira, os quais importariam em cerca de cento e cinquenta mil contos.
Entretanto, procedia-se ao bota-abaixo do rebocador PENEDA destinado à Soponata, que importava em cento e sessenta mil contos, gémeo do PORTEL, este construído pelo estaleiro Parry & Son, de Cacilhas, por subencomenda, segundo se julga.
O rebocador PORTEL no estuário do Sado em 2009, diante de Setúbal, em dia de mau tempo e de mar muito cavado e ao longe vislumbra-se a draga Dinamarquesa VIKING R / imagem de autor desconhecido enviada por Nuno Bartolomeu, de Almada /.
Em conclusão e segundo um dos administradores, pensava-se a sério dotar aqueles estaleiros com os requisitos necessários para satisfazer as solicitações quer a nível nacional quer internacional.
Nesses empreendimentos iriam-se despender muitas dezenas de milhares de contos, ou mesmo computar em centenas de milhar.
As encomendas que naquele ano haviam em carteira, algumas já referidas, orçavam o milhão de contos.
Isto era tanto mais de enaltecer quanto era certo que com o aumento das instalações para o dobro iriam ser criados inevitavelmente (e era para isso que também se trabalhava segundo nos informara um dos administradores) centenas de postos de trabalho.
PENEDA – Imo 7707815/ 33,02m/ 256tb/ calado 3,30m/ tracção 35tons/ motor diesel MWM 2.400 BHP/ 1 hélice/ 12,5nós/ um radar Deca/ 1 sonda/ 2 agulhetas combate a incêndios/ 6 tripulantes; 10/08/1977 entregue pelos Estaleiros Navais de São Jacinto, Aveiro, à Soponata - Soc. Nacional de Navios Tanques, Lisboa; 1985 PENEDA, Rebosado – Reboques Fluviais do Sado, Setúbal; 2011 ainda em serviço activo.
PORTEL – Imo 7707803/ 33,02m/ 256tb/ calado 3,30m/ tracção 35tons/ motor diesel MWM 2.400 BHP/ 1 hélice/ 12,5nós/ um radar Deca/ 1 sonda/ 2 agulhetas combate a incêndios/ 6 tripulantes; 1978 entregue pelo Estaleiro Parry & Son, Cacilhas, à Soponata - Soc. Nacional de Navios Tanques, Lisboa; 1985 PORTEL, Rebosado – Reboques Fluviais do Sado, Setúbal; 2011 ainda em serviço activo.
Estes dois rebocadores foram encomendados pela Soponata, a fim de prestarem assistência aos petroleiros daquela armadora nos portos de Lisboa, Leixões e Sines.
Estes dois rebocadores foram encomendados pela Soponata, a fim de prestarem assistência aos petroleiros daquela armadora nos portos de Lisboa, Leixões e Sines.
E passados um bom par de anos, lá se finou um dos bons e inovadores estaleiros da indústria da construção naval em Portugal, e olhando para a carteira recheada de encomendas de novas construções, reconversões e reparações, que era o ganha pão de enorme manancial de recursos humanos deveras qualificados, dá vontade de terminar a crónica com o titulo da canção do António Mourão "OH TEMPO VOLTA PARA TRÁS".
Fontes: Imprensa Diária, Lloyd's Register of Shipping, Nuno Bartolomeu.
Rui Amaro
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1 comentário:
É sempre um gosto passar por aqui e relembrar o nosso passado marítimo. A primeira fotografia, do PENEDA com as cores iniciais, da SOPONATA, é minha, foi tirada no Tejo e incluída no meu livro sobre a história da SOPONATA e seus navios, que recomendo, pois ainda há exemplares disponíveis...
http://lmc-ein.blogspot.com/
Cumprimentos do
Luís Miguel Correia
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