A 4 de Novembro de 1968, foi lançado à água nos estaleiros da Sorefame, no Lobito, o rebocador MALEMBO, destinado aos serviços da Cabinda Gulf Oil.
Assistiram ao acto o administrador do concelho do Lobito, o presidente da Câmara Municipal; o capitão do porto de Lobito; o director da Alfandega do Lobito, e o representante do armador, que foram recebidos pelo sr. eng João Paula Castello Branco, administrador da firma construtora, entre outras individualidades.
Foi madrinha do MALEMBO a menina Sarah Lane, filha do Sr. H. D. Lane, representante do armador.
Após o lançamento, os convidados embarcaram no rebocador, onde lhes foi proporcionado um passeio na baía do Lobito, passeio que a todos deixou a melhor impressão.
O rebocador MALEMBO possuía as seguintes características: Construção em ferro; comprimento 20m; boca 5,5m; pontal 3m:2 motores de 380HP/760HP; velocidade de serviço 10 nós; tripulantes 8; ar condicionado em todos os alojamentos.
Na mesma data, realizou-se a cerimónia da entrega do MIRANDA GUEDES, teve momentos altamente emotivos e que calaram fundo no coração das muitas dezenas de pessoas convidadas a assistir ao acto, aqueles que se viveram em Moçâmedes, onde a Sorefame de Angola fez entrega solene do rebocador MIRANDA GUEDES, mandado construir pela Companhia Mineira do Lobito, à Direcção dos serviços de Portos, Caminhos de Ferro e Transportes, para serviço no porto de Moçâmedes, particularmente, nas manobras de acostagem dos grandes navios mineraleiros que demandavam aquele porto para carregar os minerais de ferro de Cassinga.
MIRANDA GUEDES
Principais características do rebocador MIRANDA GUEDES, que foi a primeira das duas unidades gémeas encomendadas pela Companhia Mineira do Lobito à Sorefame de Angola, e destinadas a prestar serviço no porto Salazar, em Moçâmedes, hoje Namibe, nas manobras de atracação dos grandes navios de minérios. O segundo rebocador, denominado BENGO, seria entregue em princípios de Abril.
Estes rebocadores foram especialmente concebidos para manobras portuárias de navios de 100 mil toneladas de deslocamento, estando também apetrechados para operações de salvamento em portos e alto-mar, possuindo para este efeito potentes bombas de esgoto e agulhetas rotativas de ataque a incêndios com composto de espuma e reservatórios próprios que permitiam funcionamento continuo durante uma hora, com um débito de 800 litros por minuto.
Tinham 36,57 metros de comprimento fora/fora, 2.100 HP e a velocidade de projecto era de 13 nós, a autonomia de 2.400 milhas e a tripulação de 15 pessoas.
Possuam a mais alta classificação nos “Lloyd’s Register of Shipping” para este tipo de embarcações, sendo + 100 A1 para o casco r + LMC para a maquinaria.
Entre outros oradores, na ocasião, usou da palavra o presidente do Conselho de Administração dos Serviços de Portos, Caminhos-de-ferro e Transportes, sr. eng. Alfredo Stoffel, que afirmou, nomeadamente: «Salvo realizações que, pela sua importância tivessem excepcional projecção nacional ou internacional, como seria se aqui tivéssemos vindo assinalar a concretização do empreendimento de Cassinga, habituei-me a que obras e equipamentos necessários à Administração Ferroviária entrassem ao serviço de exploração sem qualquer cerimónia especial.
Com o rebocador de alto-mar, construído na província pela Sorefame, hoje entregue à Administração e que passa a constituir mais uma peça dessa gigantesca máquina que é o Projecto Cassinga, sucederia certamente o mesmo se não se desse a circunstância desse rebocador passar a ser portador do nome do técnico ferroviário ilustre, que foi o engenheiro Miranda Guedes».
A alta relevância dos serviços prestados foi reconhecida pelo Governo da Nação, tendo Sua Excelência o Senhor Ministro do Ultramar concordado com a sugestão feita pela Província de dar o nome do eng. Miranda Guedes a este rebocador e também a uma rua, de certa importância, desta cidade de Moçâmedes, procedimento que muito sensibilizou todos os seus colaboradores e amigos.
Entre outras unidades que foram construídas pela SOREFAME DE ANGOLA SARL, estaleiro do Lobito, recordamo-nos do rebocador QUITEXE para os Portos de Angola; n/m CABANG 1 para o armador Cabang Sarl, de Angola; n/m SECIL BENGO para a Secil Marítima Sarl, de Angola; navio de Investigação GOA para o Instituto das Pescas de Angola.
Fonte e imagens: Jornal da Marinha Mercante Nº 321 de 03/1969.
Rui Amaro
18 comentários:
Tudo isso se passou no tempo em que havia metalurgia pesada. A Sorefame, a desaparecida Sorefame...
Caro Nuno Matos
É uma triste verdade.
E tudo o vento levou ou mais correctamente, alguém ou alguns deixaram que o vento a levasse, uma industria pesada de valia que além de dignificar Portugal era o sustento de muitas familias, e hoje em dia não se vislumbra o ressurgimento de outra igual.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro
Caro Rui Amaro,
Os rebocadores Miranda Guedes e o Bengo fizeram-me recuar no tempo e recordar os bons momentos que passei em Moçãmedes entre 1971/73, bem como recordações do Lobito onde na minha primeira viagem a bordo do "Ganda", em 1969 fiz 22 anos.
Belos tempos!...
MARMOL
Caro Amigo
Ainda bem que escrevi sobre esses dois interessantes rebocadores e é de lembrar que nesses tempos PORTUGAL DO MAR estava mesmo voltado para os assuntos e actividades do mar, fosse do comércio, pescas, portos, construção naval e mesmo do recreio, e como naquela altura não podia deixar de ser também para a armada.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro
Agora recuei no tempo e perdi a noção das horas! mal consigo ver as teclas! nasci em Moçâmedes e o meu pai foi mestre do Bengo !!! que saudades...
Olá Camila
Vale a pena postar noticias antigas para recuar nos tempos.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro
Bons tempos passados... lembro-me do meu pai estar na Sorefame envolvido na construção do Cabang. isto deve ter sido em 66/67.
Miguel Mattos
Caro Miguel Mattod
O n/m Português CABANG 1, 495tb, foi entregue pelo estaleiro Sorefame, Lobito, ao armador CABANG-Cabotagem Angolana, Sarl, Luanda, em Dezembro de 1966. Tive informação que já em fins de vida, slguns anos depois da independencia e sob as cores Angolana foi visto abandonado em Luanda e muito ferrugento, possivelmente à espera do "maçarico" de algum sucateiro.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro
Não sei se já aparece noutro local deste escelente blogue, mas, foi igualmente construido um outro o Luembe, que ficou com registo em Cabinda. Se estiver interessado em mais alguns dados, para o caso de não ter, contacte: joelias@sapo.pt.
Parab+ens pelo seu trabalho.
José Elias
Peço desculpa pelos erros ortográficos do post anterior, só reparei agora.
José Elias
Os rebocadores Engº. Miranda Guedes e Bengo, heróicamente, fizeram-se ao mar, deixaram Moçâmedes em 10 de Janeiro de 1976, fugindo a um anunciado massacre da população por parte de militares da UNITA e chegaram a Lisboa onde os vi atracados. Não sei se os tíbios governos da altura os deram ao MPLA. Mas que atravessaram o Oceano Atlântico, isso atravessaram, manobrados por marujos luso-angolanos.
Caro Anónimo
Situações complicadas e conturbadas nessa época para Angola e Portugal também. mas quanto a mais pormenores dos rebocadores MIRANDA GUEDES e BENGO não foram encontradas.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro
Peço desculpa; mas creio que havia outro rebocador em Moçâmedes que se chamava GIRAUL que tinha como Mestre o Sr, Ramirio...não sei se estou enganado, obrigados.
Caro José T. Ferreira
Rebocador GIRAUL desconheço
Saudações maritimo-entusiasticas
Rui Amaro
Gostaria saber se a embarcação Kapossoka que fazia travessia Lobito-Velho Tamariz, foi construida pela SOREFAME do LObito
Este é o rebocador Luembe de que em temos falei. Construido pela Sorefame no Lobito.
http://gb.trapletshop.com/luembe
Queria saber se ainda a sorefame existe? Meu pai trabalho na sorefame a tempo Alguen poderia me dar mas enformação sobre q serefame?
Sim havia um mais moderno que o Miranda Guedes e que o Bengo onde o meu pai foi Mestre. Rebocador Giraul. Quando cheguei a Lisboa e passados alguns anos ingressei na Marinha de Guerra Portuguesa e o rebocador BENGO encontrava-se atracado na doca de Marinha.Entretanto um dia saiu dali não sei para onde perdi o rasto
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