Caso as novas pontes sobre o porto do Douro venham a ser projectadas à cota baixa ou mesmo média baixa, imagens como as que se seguem deixarão de ser vistas, o que será lamentável!
A imagem mostra o navio-escola NRP SAGRES na sua primeira visita ao rio Douro, junto da ponte da Arrábida, em demanda do cais de Gaia, em 05/09/1990. /(c) Gravura de noticia do JN de 06/09/1990/.
A fragata NRP ALVARES CABRAL(I) mostra-se aqui subindo o rio Douro a 22/06/1963, ostentando as insígnias do Chefe de Estado, Almirante Américo Thomaz, que se deslocou à cidade do Porto, a fim de presidir à inauguração da ponte da Arrábida. /(c) Foto de F. Cabral/.
A fragata NRP ALVARES CABRAL(I), Navio Presidencial, mostra-se aqui no porto do Douro em 22/06/1963, preparando-se para fundear e amarrar à margem da Ribeira, a fim de desembarcar o Presidente da Republica, Almirante Américo Thomaz, onde seria recebido pelas altas autoridades representativas da cidade do Porto, aquando da inauguração da ponte da Arrábida.
Aquela fragata veio escoltada pelos patrulhas NRP's PORTO SANTO e MAIO. /(c) Foto de F. Cabral/.
Aquela fragata veio escoltada pelos patrulhas NRP's PORTO SANTO e MAIO. /(c) Foto de F. Cabral/.
Pois é!
Com a futura “Reabilitação da frente ribeirinha da cidade do Porto entre a ponte Maria Pia e a ponte da Arrábida”, tudo leva a crer que o rio Douro irá, dentro em breve, ganhar duas pontes pedonais. Uma entre o cais de Gaia e a ala Leste do edifício da antiga Alfandega do Porto, numa enormíssima e grotesca extensão, formando uma verdadeira curva suspensa (podiam-na estender até ao cais do Marégrafo, junto à barra, que ficaria ainda mais “Linda”, mesmo “Muito Linda”) e uma outra para ajudar, situar-se-á entre Massarelos, Porto, e o cais do Cavaco, Gaia, ali ao lado da ponte da Arrábida e tudo isso, possivelmente à cota baixa ou média baixa. A segunda, parece que está na fase de intenção. Ainda bem!
Agora, como diz o ditado não há duas sem três, neste caso sem quatro, fala-se numa terceira para o metro e transito rodoviário e ainda numa quarta dedicada ao TGV, junto da ponte da Arrábida, a uma cota mais baixa do que esta.
Para a actual navegação flúvio-turistica (navios-hoteis, cruzeiros e rabelos, etc.) e flúvio-oceânica comercial, essas pontes, que deveriam ser projectadas com uma flecha de cerca de 60m, não irão criar qualquer dificuldade à sua passagem. Já, embarcações de mastreação alta (tall Ships, certos vasos de guerra e navios presidenciais) deixarão de poder visitar o porto do Douro, o que é deveras lamentável, pois irão tornar o antigo porto comercial da cidade do Porto, mais triste e moribundo.
Se bem que, ultimamente não tenham sido vistos pelas águas do estuário do Douro, lá se vão as Sagres (cerca de 52m entre pontal e mastreação), Creoulas, Santa Maria Manuelas, Boa Esperanças, Glórias, Lord Nelsons, Frederic Chopins, etc. fazer companhia aos cimenteiros Gorgulhos e Caniçais, já há muito tempo idos e aos estaleiros navais, que parecem estar a desaparecer, infelizmente!
Eventos náuticos, como o célebre "Cutty Sark Tall Ships' Race/Prince Henry Memorial", que em Agosto de 1994 trouxe às margens ribeirinhas das cidades do Porto e Gaia, uma grande concentração de embarcações veleiras de mastreação alta, entre as quais os navios escolas Português Sagres, Colombiano Glória e o Polaco Iskra, que foi considerado um festival de enorme beleza e grandeza e que deu uma certa alegria e colorido ao rio Douro, só comparável às fainas fluviais de outrora, com uma substancial concentração de navios mercantes e bacalhoeiros, que, teimosamente, prevaleceram até finais da década de 60, jamais poderão ser realizados.
Ainda este mês de Julho, o navio de guerra alemão Bad Rappenau, esteve atracado ao cais da Estiva, Ribeira do Porto, a fim de realizar bancas e dar descanso à sua equipagem de quarenta elementos, os quais ficaram maravilhados com a beleza daquele lugar e com o seu património cultural e social tão valioso. Claro, se já existissem as ditas pontes, que são óptimas para ligar margens de rios, que não interfiram com qualquer tipo de navegação, como o caso do rio Mondego em Coimbra, aquela unidade naval já não poderia demandar o nosso rio e iria acostar ao porto de Leixões.
De facto nas cidades de Budapeste e Paris existem várias pontes à cota baixa, mas ai a navegação do Danúbio e do Sena é apropriada à sua passagem sob essas pontes, o que não se passa no porto do Douro, entre a barra e a ponte D. Luis, que pode ser utilizada por navegação de mastreação elevada.
Será que há todo interesse, e tudo isto com a anuência da autoridade portuária, em dar o golpe de misericórdia ao porto do Douro!? Parece que sim!
Note-se que o porto de Leixões, após os aproveitamentos em curso, vai rebentar pelas costuras e o rio Douro e o seu estuário será a solução, só que já parece ser tarde, devido aos passarinhos do Cabedelo, à urbanização e reabilitação da marginal da Afurada até Lavadores, margem de Gaia.
Em lugar das ditas pontes pedonais, uma das quais ficaria melhor situada, pelo aproveitamento das estruturas da antiga ponte pênsil, paralela à ponte D. Luis ou ainda melhor e de custos mais reduzidos, a colocação de passadiços exteriores para peões de ambos os lados do tabuleiro inferior, como julgo que se fez com o tabuleiro superior e que facilitariam o acesso de "multidões de peões" a ambas as margens, nem era preciso construir-se um cais acostável, bastava uma prancha-cais de razoável dimensão, junto do antigo ancoradouro das escadas da Alfandega, para receber embarcações como as acima referidas e ainda yachts cruisers de luxo. Valha-nos as marinas projectadas para o Freixo e São Paio, particularmente esta última. que irá chamar ao estuário do Douro muita da navegação de recreio, que passa ao largo da costa na procura de portos com melhores condições de acostagem e abrigo.
Não é, que o rio Douro agora está provido de uma nova barra, não será a ideal, mas pelo menos tem mais segurança!
Rui Amaro
Com a futura “Reabilitação da frente ribeirinha da cidade do Porto entre a ponte Maria Pia e a ponte da Arrábida”, tudo leva a crer que o rio Douro irá, dentro em breve, ganhar duas pontes pedonais. Uma entre o cais de Gaia e a ala Leste do edifício da antiga Alfandega do Porto, numa enormíssima e grotesca extensão, formando uma verdadeira curva suspensa (podiam-na estender até ao cais do Marégrafo, junto à barra, que ficaria ainda mais “Linda”, mesmo “Muito Linda”) e uma outra para ajudar, situar-se-á entre Massarelos, Porto, e o cais do Cavaco, Gaia, ali ao lado da ponte da Arrábida e tudo isso, possivelmente à cota baixa ou média baixa. A segunda, parece que está na fase de intenção. Ainda bem!
Agora, como diz o ditado não há duas sem três, neste caso sem quatro, fala-se numa terceira para o metro e transito rodoviário e ainda numa quarta dedicada ao TGV, junto da ponte da Arrábida, a uma cota mais baixa do que esta.
Para a actual navegação flúvio-turistica (navios-hoteis, cruzeiros e rabelos, etc.) e flúvio-oceânica comercial, essas pontes, que deveriam ser projectadas com uma flecha de cerca de 60m, não irão criar qualquer dificuldade à sua passagem. Já, embarcações de mastreação alta (tall Ships, certos vasos de guerra e navios presidenciais) deixarão de poder visitar o porto do Douro, o que é deveras lamentável, pois irão tornar o antigo porto comercial da cidade do Porto, mais triste e moribundo.
Se bem que, ultimamente não tenham sido vistos pelas águas do estuário do Douro, lá se vão as Sagres (cerca de 52m entre pontal e mastreação), Creoulas, Santa Maria Manuelas, Boa Esperanças, Glórias, Lord Nelsons, Frederic Chopins, etc. fazer companhia aos cimenteiros Gorgulhos e Caniçais, já há muito tempo idos e aos estaleiros navais, que parecem estar a desaparecer, infelizmente!
Eventos náuticos, como o célebre "Cutty Sark Tall Ships' Race/Prince Henry Memorial", que em Agosto de 1994 trouxe às margens ribeirinhas das cidades do Porto e Gaia, uma grande concentração de embarcações veleiras de mastreação alta, entre as quais os navios escolas Português Sagres, Colombiano Glória e o Polaco Iskra, que foi considerado um festival de enorme beleza e grandeza e que deu uma certa alegria e colorido ao rio Douro, só comparável às fainas fluviais de outrora, com uma substancial concentração de navios mercantes e bacalhoeiros, que, teimosamente, prevaleceram até finais da década de 60, jamais poderão ser realizados.
Ainda este mês de Julho, o navio de guerra alemão Bad Rappenau, esteve atracado ao cais da Estiva, Ribeira do Porto, a fim de realizar bancas e dar descanso à sua equipagem de quarenta elementos, os quais ficaram maravilhados com a beleza daquele lugar e com o seu património cultural e social tão valioso. Claro, se já existissem as ditas pontes, que são óptimas para ligar margens de rios, que não interfiram com qualquer tipo de navegação, como o caso do rio Mondego em Coimbra, aquela unidade naval já não poderia demandar o nosso rio e iria acostar ao porto de Leixões.
De facto nas cidades de Budapeste e Paris existem várias pontes à cota baixa, mas ai a navegação do Danúbio e do Sena é apropriada à sua passagem sob essas pontes, o que não se passa no porto do Douro, entre a barra e a ponte D. Luis, que pode ser utilizada por navegação de mastreação elevada.
Será que há todo interesse, e tudo isto com a anuência da autoridade portuária, em dar o golpe de misericórdia ao porto do Douro!? Parece que sim!
Note-se que o porto de Leixões, após os aproveitamentos em curso, vai rebentar pelas costuras e o rio Douro e o seu estuário será a solução, só que já parece ser tarde, devido aos passarinhos do Cabedelo, à urbanização e reabilitação da marginal da Afurada até Lavadores, margem de Gaia.
Em lugar das ditas pontes pedonais, uma das quais ficaria melhor situada, pelo aproveitamento das estruturas da antiga ponte pênsil, paralela à ponte D. Luis ou ainda melhor e de custos mais reduzidos, a colocação de passadiços exteriores para peões de ambos os lados do tabuleiro inferior, como julgo que se fez com o tabuleiro superior e que facilitariam o acesso de "multidões de peões" a ambas as margens, nem era preciso construir-se um cais acostável, bastava uma prancha-cais de razoável dimensão, junto do antigo ancoradouro das escadas da Alfandega, para receber embarcações como as acima referidas e ainda yachts cruisers de luxo. Valha-nos as marinas projectadas para o Freixo e São Paio, particularmente esta última. que irá chamar ao estuário do Douro muita da navegação de recreio, que passa ao largo da costa na procura de portos com melhores condições de acostagem e abrigo.
Não é, que o rio Douro agora está provido de uma nova barra, não será a ideal, mas pelo menos tem mais segurança!
Rui Amaro
2 comentários:
Amigo Rui, gostaria de saber se nos teus livros falas nos celebres navios que foram ao Douro, lembro-me de alguns nomes que o meu Saudoso Pai comentava: " Commodore Clipper " " Conception " Commodore Enterprise " eu sei que raramente eles iam ao cais de Gaia, no entanto eu lembro-me de que o meu Pai fazia o enchimento desses navios através do Garland e a Vairão o nosso Amigo Rufino. Diz-me algo.
Saudações Marítimas
José Modesto
Caro Modesto
O Concepcion, Mariscal Lopez, Megrez-N, Meres-N. Mirfak-N, Menkar-N, Appingedam, Margriet Anja, etc, eram navios convencionais de cerca de 60m/500tb, que na década de 60 faziam a carreira quinzenal da Portugal Lijn e APL escalando Roterdão, Anvers, Lisboa, Douro/Leixões, Vigo, Dover e Roterdão. Os seis primeiros inicialmente faziam a carreira de Roterdão para o Paraguay, com escalas por portos Brasileiros, Subiam o rio Paraguay até Assuncion, percurso de quatro dias. Na Portugal Lijn (Nievelt, Goudriaan – Roterdão) atracavam ao cais de Gaia ou da Estiva todos os Sábados (para me estragarem os fins de semana) trabalhavam às Segundas, iam para Leixões às Quartas pela manhã, saíam às 17h00 e às Quartas cerca da meia-noite estavam a sair de Vigo para Dover. Num certo dia aguentei com o expediente do escritório, mais cinco navios a entrar e a sair no Douro. Quatro em Gaia, um na Estiva, outro na Alfandega a trabalhar com barcas e um outro à espera de lugar amarrado à margem na Ribeira. O porto do Douro estava por conta do Garland, Laidley- Um caso inédito. Só que ninguém se lembrou de fotos. A falência do armador holandês desses navios, devido a acções de ecologistas, que por vezes exageram, foi que deu origem à nossa saída da Casa Garland, Laidley. Com a vinda dos contentores apareceu o Nieuwland, Sertan e Midsland.
Quanto aos Commodores, embora contentorizados também transportavam madeira em paletas para as ilhas do canal eram eles o Commodore Clipper, Island Commodore, Norman Commodore, Commodore Challanger, Commodore Enterprise e Commodore Goodwill (mais tarde HMS Goodwill) que já eram do teu tempo na Garland como na Ibero Linhas. Eram atendidos por mim, só escalavam Leixões. O teu Pai trabalhou na estiva nesses navios tanto no Douro como em Leixões.
Os navios da Vairon eram o Ida Jacoba, Madjoe, Andairon, Júlia Mary, do nosso amigo Rufino, que parece que vive em Leça.
È tudo. Que se me oferece esclarecer.
Mais um abraço
Saudações Maritmo Entusiásticas.
Rui Amaro
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