O BRAVO (2), que escalara o porto de Londres vindo do Mediterrâneo, portos Italianos, Franceses, Espanhóis e também de Portugal, Lisboa e Leixões e rumava ao porto Norueguês de Aalesund, a fim de ali descarregar uma importante partida de sal destinado à cura do bacalhau, quando em 22/02/1954 no Mar do Norte ficou envolvido numa violenta tempestade, que lhe arrebatou o leme, ficando o navio sem governo, à deriva e à mercê do mau tempo. O seu capitão tratou de avaliar a delicada situação, contudo não pediu assistência de rebocador.
Como o navio tem só um hélice, não pode socorrer-se do sistema, pouco tempo antes utilizado por outro navio Norueguês, o paquete STAVANGERFJORD, da Norske Amerika Linje, que, tendo também perdido o leme, em pleno Atlântico, conseguiu por meio de sucessivas manobras alternadas de inversão do movimento dos dois hélices trazer o navio ao porto de Oslo, a onde se destinava.
Quando uma alterosa volta de mar quebrou o leme do BRAVO, o capitão, valorosamente secundado pela sua tripulação, mandou imediatamente preparar um longo cabo, que foi fixado na popa do navio e lançado ao mar, à guisa de longa cauda. Em seguida foram descidos os dois paus de carga da ré, um para fora de cada borda, com espias de aço que das pontas iam fixar-se no longo cabo à popa. Manobrando então os paus de carga puxava-se o cabo quer para um lado, quer para o outro, conseguindo-se assim orientar o navio até perto da costa Norueguesa. Então, com outro pau de carga e com pranchas retiradas das escotilhas, construi-se um leme de recurso que, suspenso à popa, permitiu governar o navio até ao ancoradouro no porto de Stavanger, onde arribou.
Capitão Erik Lindstol
O capitão, Erik Lindstol, é natural de Risor, tradicional terra de marinheiros, no Sul da Noruega, e, abordado pelos jornalistas à chegada a Stavanger, esquivou-se, modestamente a fazer declarações, dizendo que apenas tinha cumprido o seu dever, utilizando todas as possibilidades disponíveis para trazer o navio a bom porto. Procurando dissimular o cansaço, causado por uma permanência de 36 horas na ponte de comando, afirmou, que apenas atribuía o seu êxito a muitíssima sorte
Após as necessárias reparações o BRAVO voltou ao mar e escalou o Tejo, como antes comandado pelo capitão Erik Lindstol, que pelo seu feito foi condecorado com a Ordem do Santo Olavo, pelo Rei da Noruega, e aquele oficial da Marinha Mercante Norueguesa mereceu a admiração geral, que teve repercussão em todo o mundo – e valeu-lhe como acima se disse ser condecorado pelo próprio Rei dos Noruegueses.
O BRAVO no porto de Lisboa, vendo-se dois dos paus de carga, que foram lançados à água para ajudar o navio a governar. (Gravura de noticia da Imprensa diária nacional).
O navio italiano GIUSEPPEEMME, ex BRAVO, largando do porto de Leixões em 15/07/1967 (foto de Rui Amaro).
O BRAVO que era muito conhecido
O BRAVO, m/1.864tb; 1171943, as ATLAS, retido pelos Alemães enquanto n carreira do estaleiro Holandês Pot Gebroeders NV. Bolnes, para entrega à KNSM, Amesterdão, tendo sido denominado pela “Kriegsmarine” SPERRBRECHER 181; 1944 seriamente danificado por ataque da RAF e varado em praia; 1946 posto a flutuar e baptizado como AKSLSUND pelos salvadores Ludv. Fladmarks Salvage, Sonner, Alesund; 1952 BRAVO (2), Den Norske Middelhavslinje, Fred Olsen A/S, Oslo; 1967 GIUSEPPEEMME, Ignazio Messina S.p.a., Genoa; 1974 Managro, F.S.Panachrantos, Piraeus; 19/03/1979 chegou a Brindisi para demolição.
Fontes: Imprensa Diária, Miramar Ship Index e Kroonvaarders (KNSM).
1 comentário:
Interessante artigo.
Parabéns pelo blogue. Muito bom!
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