sábado, 12 de maio de 2012

A TRAINEIRA "PASSOS MANUEL I" EM SITUAÇÃO CRITICA DEVIDO Á FORTE CHEIA DO RIO DOURO


A traineira PASSOS MANUEL I já a salvo na Afurada

A 23/02/1969, em consequência da forte corrente que o rio levava, provocada pela cheia no rio Douro, rebentaram as amarras da traineira PASSOS MANUEL I, amarrada junto do lugar do cais Capelo Ivens, margem esquerda, onde aguardava ocasião de subir ao plano inclinado do estaleiro da Cruz, ali perto, para efeitos de reparação. A bordo encontravam-se de prevenção o motorista António Marques da Silva, residente em Matosinhos, e os ajudantes José Henrique Viana (Vianinha) e José Cardoso dos Santos, ambos domiciliados na Cantareira, Foz do Douro.
Madrugada alta, cerca das 04h00, um "borbulhão" de água, formado pelo caudal do rio, sacudiu violentamente a traineira, provocando o rebentamento dos três ferros, que a sustinham, e ainda as retenidas de reforço estabelecidas para terra. Ao principiar a ser impelida pela corrente, bateu com o leme numas pedras, retirando-lhe a possibilidade de o manobrar, pelo que foi arrastada rio abaixo, sem governo. Mesmo assim, o três motoristas conseguiram pôr a funcionar o motor e, ora com marcha à ré, ora com marcha avante, foram manobrando a embarcação, desviando-a do fieiro da barra, pois se seguisse nesse rumo, seria o fim!
O rebentamento das amarrações – que provocou estrondo – alertou o guarda do estaleiro, que avisou de imediato as autoridades marítimas. Na capitania foram tomadas imediatas medidas, na tentativa de socorrer a embarcação sinistrada. Da Estação de Socorros a Náufragos da Foz do Douro, saíram de imediato os serviços dos Bombeiros Voluntários Portuenses, ali instalados. A guarnição do salva-vidas da Afurada, também foi posta de sobreaviso.
Na impossibilidade de fazer sair o salva-vidas para a água, devido a uns pesados paus da carreira de um estaleiro terem sido arrastados pela corrente contra a Estação de Socorros a Náufragos, o patrão Maximino Gomes Ferreirinha tentou prestar auxílio pelo lado de terra. Entretanto levada pelo turbilhão das águas, a traineira ficou varada em terra, no sítio do largo do Linho, já próximo do lugar de São Paio.
Acudiu gente do bairro piscatório, atraída pelos sinais de socorro. Os Bombeiros Voluntários Portuenses, também ali chegaram com o seu material. Para bordo da PASSOS MANUEL I foi, então, passado um cabo virador, sendo pouco depois retirados de bordo, na chalandra da traineira, os três marítimos, que na realidade, embora habituados à tempestades no mar, não deixaram de passar um mau bocado. No cais do Marégrafo, na Cantareira, onde se tomaram precauções de emergência, compareceram o Comandante Carlos Carreira, chefe do Departamento Marítimo do Norte.
Na preia-mar, a traineira PASSOS MANUEL I foi retirada do local do encalhe e puxada à sirga, por pescadores locais, para junto do estaleiro da Afurada, onde pelas 13h00 ficou fundeada, sem mais percalços, carecendo, entretanto de vistoria, para se detectar qualquer avaria de vulto.
Fonte e imagem: Jornal "O Primeiro de Janeiro"
Rui Amaro  

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