A traineira PASSOS MANUEL I já a salvo na Afurada
A
23/02/1969, em consequência da forte corrente que o rio levava, provocada pela
cheia no rio Douro, rebentaram as amarras da traineira PASSOS MANUEL I, amarrada
junto do lugar do cais Capelo Ivens, margem esquerda, onde aguardava ocasião de
subir ao plano inclinado do estaleiro da Cruz, ali perto, para efeitos de
reparação. A bordo encontravam-se de prevenção o motorista António Marques da
Silva, residente em Matosinhos, e os ajudantes José Henrique Viana (Vianinha) e
José Cardoso dos Santos, ambos domiciliados na Cantareira, Foz do Douro.
Madrugada
alta, cerca das 04h00, um "borbulhão" de água, formado pelo caudal do
rio, sacudiu violentamente a traineira, provocando o rebentamento dos três
ferros, que a sustinham, e ainda as retenidas de reforço estabelecidas para
terra. Ao principiar a ser impelida pela corrente, bateu com o leme numas
pedras, retirando-lhe a possibilidade de o manobrar, pelo que foi
arrastada rio abaixo, sem governo. Mesmo assim, o três motoristas conseguiram
pôr a funcionar o motor e, ora com marcha à ré, ora com marcha avante, foram
manobrando a embarcação, desviando-a do fieiro da barra, pois se seguisse nesse
rumo, seria o fim!
O
rebentamento das amarrações – que provocou estrondo – alertou o guarda do
estaleiro, que avisou de imediato as autoridades marítimas. Na capitania foram
tomadas imediatas medidas, na tentativa de socorrer a embarcação sinistrada. Da
Estação de Socorros a Náufragos da Foz do Douro, saíram de imediato os serviços
dos Bombeiros Voluntários Portuenses, ali instalados. A guarnição do
salva-vidas da Afurada, também foi posta de sobreaviso.
Na
impossibilidade de fazer sair o salva-vidas para a água, devido a uns pesados
paus da carreira de um estaleiro terem sido arrastados pela corrente contra a
Estação de Socorros a Náufragos, o patrão Maximino Gomes Ferreirinha tentou
prestar auxílio pelo lado de terra. Entretanto levada pelo turbilhão das águas,
a traineira ficou varada em terra, no sítio do largo do Linho, já próximo do
lugar de São Paio.
Acudiu
gente do bairro piscatório, atraída pelos sinais de socorro. Os Bombeiros
Voluntários Portuenses, também ali chegaram com o seu material. Para bordo da
PASSOS MANUEL I foi, então, passado um cabo virador, sendo pouco depois
retirados de bordo, na chalandra da traineira, os três marítimos, que na
realidade, embora habituados à tempestades no mar, não deixaram de passar um
mau bocado. No cais do Marégrafo, na Cantareira, onde se tomaram precauções de emergência,
compareceram o Comandante Carlos Carreira, chefe do Departamento Marítimo do
Norte.
Na
preia-mar, a traineira PASSOS MANUEL I foi retirada do local do encalhe e
puxada à sirga, por pescadores locais, para junto do estaleiro da Afurada, onde
pelas 13h00 ficou fundeada, sem mais percalços, carecendo, entretanto de
vistoria, para se detectar qualquer avaria de vulto.
Fonte
e imagem: Jornal "O Primeiro de Janeiro"
Rui
Amaro
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