TRABALHADORES RESGATADOS DO MOLHE NORTE DA NOVA BARRA DO DOURO
O alerta para a autoridade marítima foi dado cerca das 19h00, ao anoitecer, provavelmente devido aos responsáveis da segurança da obra, estarem convencidos que com o aproximar da vazante, fosse possível a travessia do paredão sem percalços. Os 18 trabalhadores da Somague, experimentada empresa a nível internacional de obras portuárias e responsável pela construção da nova barra, os quais não corriam risco, ficaram retidos e abrigados no miradouro do novo farolim, onde se ocupavam dos trabalhos finais, devido à forte ondulação que lhes cortou a passagem de cerca de
Dado o alarme, meios da estação de socorros a náufragos da Foz do Douro e da Policia Marítima tentaram fazer o resgate com embarcações semi-rigidas, mas o estado do mar tornava a operação demasiado perigosa, pelo que foram então activados meios aéreos. Cerca das 20h30, dois helicópteros: um da Protecção Civil, vindo de Santa Comba Dão e o outro da Força Aérea, proveniente do Montijo. O primeiro conseguiu retirar quatro trabalhadores. A seguir entrou em cena o helicóptero militar “Merlin” que resgatou os restantes 14.
A operação, que foi muito facilitada por ter sido realizada numa plataforma estável, foi um sucesso e foi dada por terminada pelas 23h00. Todos os resgatados foram transportados para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, onde tinha sido montado um dispositivo de assistência médica do INEM, com uma viatura médica e duas ambulâncias. Nenhum dos trabalhadores apresentava ferimentos de maior, pelo que a assistência se concentrou em eliminar os efeitos de algumas horas passadas ao frio e de sinais de pânico. Apenas um dos trabalhadores foi receber assistência no Hospital Geral de Santo António, no Porto, por se ter depositado uma limalha num dos olhos.
Depois avaliou-se a possibilidade de se fazer um compasso de espera, para tentar uma abordagem com as embarcações. Com o aproximar da noite, e uma vez que as condições de mar se mantinham instáveis, optámos por usar os helicópteros”.
Também, a 17/08/2008, entre a Costa Nova e a Vagueira, um golpe de mar fez virar a pequena lancha PESCA, que transportava dez trabalhadores da Somague, que se dirigiam para uma obra adjudicada àquele empreiteiro, na praia de Mira. Todos os dez elementos alcançaram terra a nado e a embarcação foi resgatada.
Fonte e imagem: Jornal de Noticias - LC
EU ASSISTI!
Cerca das 16h00 de 18/08/2008 verificou-se um súbito agravamento do estado do mar na costa Norte, aliado à “maré grande”, designadamente à entrada da barra do rio Douro. De acordo com as previsões de estado do mar elaboradas e disponibilizadas diariamente e particularmente pelo Instituto Hidrográfico, era expectável um agravamento da agitação marítima na noite e madrugada de Segunda para Terça-feira, só que surgiu mais cedo do que o esperado, a modos de maremoto.
Maremoto, que não é novidade para a Foz do Douro, pois em 1946, presenciei um, que embora não fosse de grandes proporções, ainda fez bastantes prejuízos materiais e humanos, e só não foram mais elevados, porque o movimento de veículos e populares era muito diminuto. Quatro jovens estudantes do Colégio Brotero, quando se encontravam no molhe de Felgueiras, foram levados pelas águas, terra dentro, a uma distância de cerca
Eu, que todos os dias olho a barra, que desde criança sempre tenho assistido a grandes maresias e muitas delas da envergadura da que deu origem ao incidente, se bem que nestes últimos anos não tenham sido usuais. Aqui na Foz do Douro, apelidamo-las de “Maresias de Agosto ou do S. Bartolomeu”. É, que a meados desse mês, por alturas da romaria local em honra daquele santo, o mar começa a mexer mais, e sem se prever, a ondulação forma-se ao largo, nas lajes das Longas, a cerca de
Não é que a intensidade de mar, nessa tarde, perigasse a passagem de embarcações na barra, só que a vaga, normalmente vem de Noroeste, mesmo com ventos de outros quadrantes, conquanto antes da construção do molhe Norte, como não encontrasse essa barreira, prosseguia barra dentro, mesmo passando por cima do velho cais do Touro, rumava a Sueste e corria ao longo da Restinga e do Cabedelo, que se encontrava já muito a Leste, dentro do estuário, fora do seu berço natural, ou seja diante da Meia Laranja e da pedra do Touro e virando a Nordeste ia fazer elevados estragos na margem Norte, nomeadamente nos martirizados lugares da Cantareira e de Sobreiras. Agora com os dois molhes, o do Norte e o do Sul, mesmo em dias de mar tempestuoso, as águas no estuário conservam-se, praticamente calmas, mas os pescadores de cana, sempre afoitos e descuidados, podem vir a sofrer percalços, se não se precaveram quando forem pescar para os dois molhes. Hoje, 05/09/2008, apesar do mau tempo, a ondulação está fraca, mesmo assim faz um efeito belo dantesco, ao embater no molhe Norte.
Finalizando, devo esclarecer, que o incidente acima relatado, não foi o único nas águas do Porto, em que foi utilizado o helicóptero para resgate dos náufragos. Os outros foram os seguintes: SILVER VALLEY, 16/02/1963, barra do Douro, que foi o primeiro salvamento em águas continentais Portuguesas e talvez dos pioneiros a nível mundial; FARMSUM, 04/11/1976, Castelo do Queijo; ILKA, 02/03/1978, cais de Gaia (cheia no rio); PENELOPE I, 30/03/1992, Aquário da Foz.
Rui Amaro
3 comentários:
Caro Rui Amaro
Depois de ter lido o comentário que fez sobre o salvamento do Silver Valley, em que fala sobre o primeiro salvamento em águas Portuguesas, e talvez o pioneiro a nível mundial feito por helicóptero, vou aproveitar para tentar esclarecer a sua dúvida a nível mundial. Como sabemos o helicóptero, é considerado uma das 10 maiores invenções do século XX tendo sido desenvolvido e aperfeiçoado no final da segunda grande guerra. Depois de várias acções de salvamento de cariz militar, veio a primeira missão de natureza civil, em 29-11-45, quando um helicóptero Sikorsky R-5 foi chamado para salvar dois tripulantes de um batelão da Texaco, o que veio a acontecer. Todo este drama começou depois do cabo de reboque se ter partido, devido às más condições de mar, acabando o batelão em seguida por encalhar num banco rochoso, ao largo de Fairfield City. A situação agravou-se ainda mais, pois além dos navios da guarda costeira não poderem chegar perto, devido à forte arrebentação em volta do batelão, também os lança cabos dos bombeiros, tornaram-se totalmente ineficazes, devido à grande distância a que o batelão se encontrava de terra.
Saudações marinheiras
Luis Filipe Morazzo
Grato pelo seu esclarecimento.
Quanto ao resgate dos tripulantes do n/m Austríaco ILKA, 64m/500tb, houve um caso caricato. As margens do rio estavam inundadas, assim como o cais de Gaia. O ILKA, isolado, encontrava-se acostado àquele cais, suportando a forte corrente de cheia do rio, sujeito a rebentar as amarras e ir à deriva rio abaixo. A autoridade marítima ordenou o abandono total do navio, de cuja tripulação faziam parte alguns portugueses, a qual veio para terra por helicóptero. O capitão alemão, a sua mulher e o maquinista permaneciam a bordo. O capitão do porto insistia com o capitão para ele e outros dois elementos virem também para terra e este dizia, que fora capitão de salvadegos alemães e o maquinista também sempre trabalhara com ele e parece que a esposa também, pelo que sabia muito bem manobrar com o seu navio e apenas quando tivesse de largar, só queria saber das condições de mar na barra. Pois dizia ele, ou com o rebentar das amarrações ou largar de propósito, seguiria para a barra ou outro local do rio, (possivelmente para a Afurada, já no estuário do rio Douro), dando marcha avante força para o navio ter governo e seguiria para Leixões. Felizmente isso não aconteceu porque, entretanto a cheia foi baixando e o ILKA lá continuou atracado.
Caso idêntico, deu-se com o n/m alemão HUNDSECK, 57m/777tb., DDG Hansa, Bremen, conduzido por meu pai, também já com o cais de Gaia inundado e forte corrente de água de cheia. Na impossibilidade do auxílio de rebocadores, de bordo, mandou largar os cabos por mão, ficando estes presos aos cabeços do cais. Virou os ferros que estavam a prumo, e quando teve o navio aproado a jusante, marcha avante força e só abrandou a marcha para atracar à doca nº 1 do porto de Leixões.
Francamente, jamais vi um navio sair a barra do Douro com tanta “gasosa”!
Saudações Marítimo Entusiásticas
Rui Amaro
Caríssimo,
Cheguei hoje a este seu blogue, que numa primeira análise, gostei muito.
Prometo vir com frequência fazer uma visita, para aprender um pouco do que aqui nos ensina.
Melhores cumprimentos
JM
Enviar um comentário