A noticia veio de África em 1967. Chegou ao porto de Moçâmedes o rebocador de alto-mar PRAIA GRANDE, da Sociedade Geral, para ali prestar serviço. Pode parecer uma banalidade… pois o seu destino e aplicação é esse mesmo.
Mas algo robustece a ocorrente “missão de serviço”. Aquela pequena embarcação que foi construída nos estaleiros do estuário do Tejo, reúne nas suas modestas 512 toneladas e 48 metros de comprimento, características utilitárias de grande monta, como demonstrado foi na sua utilização para importantes atribuições marítimas, desde os reboques melindrosos aos socorros pressurosos, solicitados em várias emergências, no decorrer de dez anos, que tantos são, mais meses ou menos meses, os do seu utilitário serviço.
Curioso assinalar que antes de chegar ao porto Sul Angolano, o PRAIA GRANDE deu uma volta ao Mundo, via canal do Panamá, navegando 32.472 milhas em 233 dias. Durante o percurso efectuou três grandes derrotas: duas de trinta e cinco dias; uma de trinta e seis. O rebocador saiu do porto de Lisboa para a sua grande viagem com destino a Orange, no Texas; dali rumou à ilha Formosa, Taiwan, rebocando dois “destroyers”. Partiu depois para Hong Kong; e deste porto iniciou a sua viagem para Angola.
O PRAIA GRANDE demandando o porto de Leixões em 14/06/1965, vindo dos Açores, conduzindo material flutuante para obras naquele porto /(c) Rui Amaro /.
Durante ela foi obrigado a mudar de rumo para efectuar um salvamento: o do navio Grego ELEIN, que ao Norte da ilha Tristão da Cunha, no Atlântico Sul, a duzentas milhas do Cabo da Boa Esperança perdera o hélice. Então o ELEIN foi rebocado pelo PRAIA GRANDE para Capetown. Passou em Luanda, a caminho da Metrópole, com escala por Las Palmas.
Deixaremos, aqui em Lisboa, de ver por algum tempo, no Tejo (onde foi construído) o PRAIA GRANDE. Conservar-se-á em Moçâmedes ao serviço da Companhia Mineira do Lobito, que o fretou para o tráfego de acolhimento na zona do cais de exportação de minério de ferro. O mais recente serviço que prestou foi por em movimento um dos grandes navios da frota mercante mundial: o WAHABATA MARU, da marinha mercante japonesa que tem 93,113 toneladas de deslocamento.
Tudo isto aconteceu em 1967.
PRAIA GRANDE – 48,4m/511,9tb/ Potência 1.360 cavalos/ Vel. Max. 12,6 nós/ Vel. Cruz. 11 nós; 03/1953 entregue pelo estaleiro da CUF, Rocha, Lisboa; 1970 PHOENIX, J.L. & A. Goulandris, Greece; 2008 PHOENIX, Neorian New Spyros Shipyard, Spyros, Greece, bandeira do Bangladesh; Gémeo PRAIA DA ADRAGA.
http://www.shipspotting.com/search.php?query=foinix&action=results
Fontes: Jornal do Comércio – 29.09.1967, Miramar Ship Index, Sea Agent.
Foto: armador.
Rui Amaro
3 comentários:
Caro Rui Amaro, desconhecia por completo esta epopeia do Praia Grande muito obrigado por ter partilhado esta história. Sei hoje mais do que ontem e isso é óptimo. Já agora so uma questão, por quanto tempo esteve o Praia Grande fretado a Companhia Mineira do Lobito? Nunca chegou a fazer parte da Companhia que a CNN fundou em 1971 e que creio nunca se ter efectivado que foi a Transmineira?
Amigo Ricardo Ferreira
Quanto ao fretamento do salvadego PRAIA GRANDE pela Cia.Mineira do Lobito, francamente não tenho elementos.
O PRAIA GRANDE, ao contrário do gémeo PRAIA DA ADRAGA, não chegou a ser integrado na frota da CNN, por ter sido vendido antes da junção da SG com CNN, julgo que o PRAIA DA ADRAGA,o foi mas como imobilizado (laid-up), e foi pena, porque em ambas as armadoras, que naquele tempo tratavam da boa manutenção do seus navios, poderiam ter estado ao serviço de rebocagem portuária e de alto-mar, além de salvamento maritimo, por muitos mais anos.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro
O Praia Grande esteve 2 anos em Moçamedes, pouco tempo tempo de ter regressado foi vendido a um armador Grego, que eram os grandes rivais de Portugal em salvamentos, e assim acabou em Portugal os rebocadores de alto mar. O meu pai andou no praia de adraga e no praia grande, quando acabou os de alto mar teve de vir para os rebocadores do rio.
Enviar um comentário