quarta-feira, 10 de agosto de 2011

NAVIO-MOTOR PORTUGUÊS "LUGELA" (2)

 LUGELA (2) / desenhado em 1973  por  Rui Amaro  /.
  
LUGELA (2) – 74,7m/ 499tb/ 13nós; 08/1966 entregue pelo estaleiro Atlas Werke AG, de Bremen, como PRIWALL à Partenrederei Ehepaar Bogel, HB, de Bremen, que o empregou no mercado de fretamentos; 1966/73 esteve fretado à Moss Hutchison Line, de Liverpool, operando na sua linha de Glasgow, Dublin, Lisboa, Porto/Leixões; 1973 LUGELA, Companhia Colonial de Navegação, de Lisboa, colocado no seu tráfego da costa de Moçambique, juntamente com o gémeo PUNGUE (2); 1974 LUGELA, CTM – Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos EP, de Lisboa, por fusão da CCN e Insulana, que formaram aquela empresa estatal; 1985 LUGELA, Componave – Companhia Portuguesa de Navegação, Lda., de Lisboa; 1986 MARE UNO, Marinter – Transportes Marítimos Internacionais., Lda., de Lisboa, 26/06/1991 MARE UNO, Marinter – Transportes Marítimos Internacionais, Lda., de Lisboa, encontrava-se arrestado no Tejo devido a dividas do seu armador, conquanto tenha sido vendido a interesses Açorianos, embora não se tivesse processado de imediato a entrega formal do navio à Alfercar – Transportes Marítimos, Lda., de Lisboa, permanecendo imobilizado no Tejo, e a 06/02/1992, após modernização para transporte de gado vivo, voltou a navegar sob o nome de CIDADE DA HORTA, passando a ser operado pela Cooptermar – Cooperativa Açoriana de Transportes Marítimos, CRL., da Horta; 24/12/1993 ficou arrestado no porto de Aveiro, à ordem do tribunal, por falta de liquidação (cerca de cinco mil contos) de duas escalas e respectivas operações de cargas e descargas no porto de Aveiro, arresto esse que foi intentado pela firma consignatária Afretal – Agência de Navegação e Comércio Marítimo, Lda., de Leixões. A partir daqui perdeu-se o traço final do navio.

 O PRIWALL em Leixões em 1967 / fotografado por Rui Amaro /.

Em 1991 foi adquirido por um novo armador Açoriano (Revista de Marinha nº 487 Fevereiro de 1994).
Com a entrada em serviço, no princípio de Fevereiro do navio-estábulo CIDADE DA HORTA, regista-se o aparecimento de mais um armador Português. Trata-se da Cooptermar – Cooperativa Açoriana de Transportes Marítimos, empresa sediada na Horta associada a interesses ligados à criação e transporte de gado.
Trata-se de uma iniciativa do carregador Guy Alves, ficando o navio exclusivamente ao serviço dos interesses ligados aquele empresário Açoriano.
O CIDADE DA HORTA era o navio de carga MARE UNO, adquirido à MARINTER em Junho último e entretanto reconvertido em Lisboa para passar a efectuar o transporte de gado. O navio deverá fazer viagens sucessivas no triângulo Açores/Madeira/Continente, podendo escalar ainda portos estrangeiros se necessário. O facto de operar em tráfego ainda reservado a navios de bandeira Portuguesa inviabilizou entretanto o registo do CIDADE DA HORTA no MAR. O navio chegou a ser registado, a 4 de Fevereiro na Madeira, procedendo-se depois à alteração para o registo convencional, a Horta como porto de armamento. Na aquisição reparação e modificação do CIDADE DA HORTA, terão sido investidos cerca de 200 mil contos. Os porões foram totalmente decapados e adaptados às novas funções, tendo sido igualmente instalada uma grua de 10 tons adquirida também à Marinter. Esta grua havia sido desmontada em Setúbal de uma das unidades vendidas pela Marinter a interesses Ingleses no início de 1991.
Construido na Alemanha em 1966 com o nome de PRIWALL, o navio seria comprado em 1973 pela Companhia Colonial de Navegação para o serviço de cabotagem em Moçambique, juntamente com o seu gémeo PUNGUE ex PASSAT. Transferido para a CTM em 1974 na sequencia da fusão com a Insulana, regressou a Portugal em 1975, passando a operar nas ligações para as ilhas e Norte da Europa. Em 1985 foi vendido à Componave, e utilizado na carreira de Cabo Verde até ser adquirido pela Marinter em 1986. Alterou o nome para MARE UNO, passando a ser utilizado nas ligações com o Mediterrâneo e Norte da Europa.

O LUGELA (2) no porto de Leixões, já com as cores da CTM em 1975 / fotografado por F. Cabral, Porto /.

Navio de carga "agoniza" no cais bacalhoeiro da Gafanha – Contentores apodrecem em terreno agrícola (Jornal de Noticias, de 12/03/1994).       
O navio CIDADE DA HORTA, propriedade do armador Açoriano Alfercar, está ancorado no porto bacalhoeiro da Gafanha da Nazaré desde 24/12/1993 e só o deixará depois de saldar a divida para com o agente de navegação "Afretal", de Leixões, que intentou o processo burocrático que conduziu ao arresto.
A bordo o navio de carga tem nos porões diversos tipos de mercadorias convencionais, materiais de construção civil e contentores.
O CIDADE DA HORTA encontra-se fechado, sem tripulação efectiva a bordo, sendo protegido pela Guarda Fiscal de serviço ao porto bacalhoeiro.
Fernando Oliveira, sócio da agência que requereu o arresto, disse ao JN que "é uma pena" a situação porque passa o armador, que viu malogrado diversos contactos com empresas da região, no sentido de arranjar serviço de transporte regulares entre o Continente e a Região Autónoma dos Açores.
A situação foi agravada por dificuldades burocráticas, impostas por legislação inadequada para o sector dos transportes marítimos, que impõe um elevado e incomportável número de escalas mensais entre o Continente e as ilhas Açorianas.
O nome deste navio de "má sorte", construído em 1966, destinado essencialmente, para o transporte de gado, está entretanto ligado a uma descarga de contentores com bovinos Açorianos, nos primeiros dias de Novembro.
Sem mercadorias para a viagem de retorno, como inicialmente se previa, os contentores foram aparcados não só no interior do terminal Norte do porto de Aveiro como depositados "sine die", primeiro à margem de uma estrada interior da Gafanha da Encarnação e, depois, ante a má imagem que oferecia, transferidos para um terreno nas traseiras de uma estação de assistência de veículos automóveis.
Ao todo são 13 os contentores esventrados e que ali apodrecem, ante o desespero compreensível do proprietário da estação de serviço, que investiu somas avultadas no seu alindamento e beneficiação para bem servir os clientes e que, agora, vê os caixotes alinhados paredes-meias com as instalações, sem saber quando dali serão retirados.

 O CIDADE DA HORTA arrestado no porto de Aveiro em 10/04/1994 / foto gentilmente enviada por Ricardo Martins /.

Fontes: Imprensa diária e periódica; Lloyd's Register of Shipping
Rui Amaro

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3 comentários:

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

Que saudades deste navio tão bonito, especialmente quando navegou com as cores da Colonial.
O artigo / notícia da Revista de Marinha é meu, já lá vão uns bons anos.
Quanto à fotografia do nosso Amigo Francisco Cabral não pode ser de 1975 pois nos primeiros tempos esteve a fazer a carreira Lisboa-Funchal com o PONTA DE S. LOURENÇO e manteve o casco verde cinzento da CCN durante muito tempo, apresentando apenas a chaminé da CTM.

LMC

Rui Amaro disse...

Caro Luis Miguel Correia
Poia tem toda a razão a foto não pode ser de 1975, dado o LUGELA em 1975 ter mantido o casco verde cinzento da CCN, que as cores dessa saudosa armadora era das mais bonitas a nivel internacional.
Nunca cheguei a ver o Lugela em Leixões, apenas o conheci aqui no Douro/Leixões como PRIWALL, mas o gemeo PUNGUE ex PASSAT, esse atendi-o em Leixões na sua primeira escala em portos Portugueses por vir fretado à VNG&Co's, de Roterdão. Ambos eram navios muito eficientes, mesmo no que diz respeito às acomodações da tripulação, mas sobretudo nos aparelhos de carga.
O F. Cabral tinha tudo muito bem catalogado mas não registava datas nem a fonte, o que foi pena. Ele passa muitas vezes aqui por minha casa e fica abismado com o que aparece de informação para entusiastas de navios na Internet mas a idade já não lhe permite meter-se nisso.
Apesar da idade não o poupar lá continua a percorrer alfarrabistas, bibliotecas, feiras de postais, etc.
Pois cá fica registado a sua valiosa correcção que muito agradeço.
Saudações maritimo-entusiásticas
Rui Amaro

Antonio Marques disse...

Gostaria de saber se é possível mais alguma foto deste navio. O meu pai embarcou em 04.04.1968 neste navio como marinheiro de 2. classe e regressou como arrais! As fotos nao serao publicadas em nenhum site ou blog serao apenas para uso pessoal! Tenho tentado recuperar alguns momentos da história da minha familia através de fotos relatos ou simples documentos da época! Grato pela atencao Antonio Marques