O MONTE CRASTO na doca nº 1 do porto de Leixões no dia da sua inauguração. / jornal O Primeiro de Janeiro /.
O MONTE CRASTO saindo do porto de Leixões em 16/06/1967 / foto de Rui Amaro /.
A
frota flutuante da A.P.D.L. foi aumentada com o potente e moderno rebocador
MONTE CRASTO – a primeira das duas unidades previstas no 2º Plano de Fomento
para serviços das instalações portuárias de Leixões, dotada de equipamento para
salvamento, combate a incêndios e outros meios de salvamento quer nos portos do
Douro e Leixões, quer no alto-mar.
O
MONTE CRASTO foi construído para obter a mais alta classificação do Lloyd’s
Register of Shipping. Possui - como equipamentos electrónicos – radar,
radiotelefone, V.H.F. e sonda eléctrica. Para combate a incêndios, tem
instalado no tecto da ponte uma agulheta canhão capaz de lançar um jacto de
água com um alcance de cerca de oitenta metros.
Destinado
a esgotar outras embarcações, o MONTE CRASTO está equipado com sistema de
esgoto exterior para salvamento, constituído por duas bombas com a capacidade
de 80 t/hora cada uma. E, além dos meios de salvação normais neste tipo de
navio, existem a bordo duas jangadas pneumáticas para serviço de salvamento.
Como
principais características, tem o MONTE CRASTO 27,92m cff, de 139,09 tb. O
equipamento de propulsão é composto por um motor de 875 BHP, um acoplamento
hidráulico e um redutor inversor, com possibilidades de duas velocidades a
vante, sendo a primeira a velocidade de reboque e a segunda a velocidade em
marcha livre.
No
caso da sua entrada em serviço, houve uma visita a bordo das entidades
oficiais, dos organismos ligados aos serviços marítimos e dos representantes
dos órgãos de informação. O rebocador MONTE CRASTO embandeirado e arco – como
aliás a restante frota dos rebocadores da A.P.D.L., constituída pelo VANDOMA,
MONTE GRANDE e MONTALTO – estacionava junto dos cabeços da doca nº 1, do lado
de Leça da Palmeira.
Entre
outras pessoas presentes encontravam-se os srs.: Antão Santos da Cunha, presidente
do conselho de Administração da A.P.D.L., acompanhado dos vogais srs. João
Cerveira Pinto e Fernando Moreira; eng Henrique Schreck, director-geral; eng.
Alberto Leão, director dos serviços de exploração; eng. Veiga de Faria, vice
presidente da Câmara Municipal do Porto; eng. Fernando Pinto de Oliveira,
presidente da Câmara Municipal de Matosinhos; António Rodrigues da Rocha, vice
presidente da Câmara Municipal de V. N. de Gaia; comandante Carlos da Fonseca,
capitão do porto de Leixões, Carlos Lello, da Associação Comercial do Porto;
dr. Jorge da Fonseca Jorge, delegado do I.N.T.P. e outras entidades.
O MONTE CRASTO da Sociedade Cooperativa dos Catraeiros do Porto de Lisboa, navegando no estuário do Tejo em 2003 / foto de autor desconhecido - transmitida por Nuno Bartolomeu, de Almada /.
Após
a cerimónia da bênção, efectuada cerca das 15h00 pelo pároco de Leça da
Palmeira, seguiu-se uma visita às instalações do MONTE CRASTO, cujo custo ascendeu
a 8.000 contos. Além da sua óptima construção, verifica-se um especial cuidado
nos pormenores de acabamento. Na concepção geral daquela unidade – cujo
projecto é da autoria do eng. construtor naval, capitão de fragata Rogério de
Oliveira – não foi esquecida a comodidade da sua tripulação, a qual dispõe de
esplendidas acomodações, dotadas de eficiente ventilação forçada, e decoradas
por forma a dar-lhes um ambiente acolhedor.
Embora
o tempo chuvoso não fosse propicio a um passeio de mar fora da barra, com os
convidados a bordo, o MONTE CRASTO não deixou de dar as suas provas, sob as
ordens do experimentado mestre Sr. Idalino Moura dos Santos. As manobras foram
acompanhadas com muito interesse, e todas elas foram feitas da ponte, onde
existe, ao lado da roda do leme, um painel de comandos que permite comandar o
reductor-inversor e o motor principal.
O
MONTE CRASTO deu uma volta pelo anteporto e pelas docas nºs 1 e 2 sem atingir a
velocidade de serviço carregado, que é de 11 nós, embora possa desenvolver
maior velocidade. Durante o curto percurso de navegação, a moderna unidade de
reboque e de valorização portuária foi saudada e correspondeu aos apitos e
sereias com os sinais de bordo. Pelas 16h00, o MONTE CRASTO que foi construído
nos conceituados Estaleiros Navais de Viana do Castelo, atracara à doca nº 1,
do lado de Leça da Palmeira, onde depois esteve patente à visita do público.
O MONTE CRASTO demanda o porto de Leixões em 22/07/1967 rebocando o vapor DENIS da Booth Line, de Liverpool, com avaria da máquina / foto de Rui Amaro /.
MONTE
CRASTO (RE-1), Registo Leixões L-980/ cff 27,92m/ boca
7,18m/ pontal 3,60m/
139,09tb/ 24,43tl/ máquina 875HP/ 14nós/ calado 3,6m; 1963 entregue pelos ENVC
– Estaleiros Navais de Viana do Castelo, Viana do Castelo à A.P.D.L. –
Administração dos Portos do Douro e Leixões, Porto; 1969 MONTE CRASTO,
Sociedade Cooperativa dos Catraeiros do Porto de Lisboa; 2004 devido à
dissolução do seu armador, foi entregue a sucateiros com estaleiros em Alhos
Vedros onde foi demolido em 2008.
Fontes:
Jornal O PRIMEIRO DE JANEIRO, A.P.D.L, Nuno Bartolomeu.
Rui
Amaro
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