O PANDA STAR atravessado á praia de Santo André
O PANDA STAR varado na praia de Santo André
09/08/1979 - A praia de Santo
André, nos limites das freguesias contiguas de Aver-o-Mar e Aguçadoura, local
de grande vocação turística, foi ontem local de visitas para uns (mirones) e de
grandes preocupações para outros (as autoridades marítimas),
Cerca das 4 horas da
madrugada, e por motivos que se desconhecem, a que não deve ser estranho o
denso nevoeiro que cobriu a costa. O navio-motor PANDA STAR, sob bandeira
Panamiana, mas de armador Inglês, com 61,4m/424tb, encalhou nas areias daquela
praia, ficando totalmente atravessado.
Dado o alerta, foram
solicitados os socorros dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, que por
não disporem de material de socorros a náufragos, não chegaram a sair, cabendo
aos seus congéneres de Esposende montar um cabo de vaivém com cesta de salvação.
Igualmente se deslocaram o capitão do porto e o comandante da guarda-fiscal
desta cidade, capitão-tenente Vidigal Aragão e tenente Alves Pereira, com
alguns subordinados que actuaram de conformidade com a situação do navio.
A tripulação do navio é
constituída por três Portugueses, dois Cabo-Verdianos, um Espanhol, um
Tanzaniano (maquinista), um oficial e o comandante Ingleses. A bordo viaja
ainda a esposa do comandante.
O navio na maré vaza, ficou
com fácil acesso desde o areal da praia, por escada de quebra-costas, tendo por
ela saído os tripulantes Portugueses José Fernando Gomes da Silva, Zacarias
Gomes Bastos e seu sobrinho Fernando Cação Gomes Bastos, todos de Matosinhos,
que, cerca das 11 horas, se dirigiram à estalagem de Santo André para fazerem
telefonemas, regressando a bordo. Pouco depois o José Fernando e o Fernando
Cação, acompanhados do Cabo-Verdiano Vitorino Fortes e do Espanhol Manuel
Piñero Ribas, munidos das suas malas abandonaram o navio e disseram que
aguardariam o navio em Leixões, se conseguisse safar-se da areia. Caso
contrário, procurariam outro local de trabalho. O José Fernandes era a primeira
vez que embarcava no PANDA STAR.
O capitão do porto ouviu o
comandante do navio, que declarou ter a bordo 900 toneladas de madeira, em
toros, 40 toneladas de gasóleo nos tanques do combustível, ter saído de Vila
Garcia e dirigia-se à Argélia.
Recusou auxílio de rebocadores,
informando que iria tentar safar o seu navio pelos próprios meios, na maré
cheia, portanto entre as 15 e as 16 horas.
Confirmando as previsões dos
pescadores de Aguçadoura, a tentativa não surtiu efeito, pese embora todos os
esforços da tripulação que restou. Os motores foram postos a funcionar em
marcha à ré, para tirar o navio do banco de areia, quando já estava totalmente
a flutuar, mas sem êxito.
Entretanto os Voluntários de
Esposende montaram preventivamente os lança foguetões para a hipótese do navio
se afastar e bater nos rochedos que o ladeavam à proa e à ré. Refira-se que os
pescadores Aguçadourenses sublinhavam a sorte do comandante do navio, de ter
entrado pelo “buraco da agulha”, o canal como lhe chamam, a uma nesga de mar de
escassos cem metros de largura, entre maciços e penedia.
As autoridades presentes
receavam que, na tentativa de salvamento, o navio pudesse abrir rombo e
derramar o gasóleo que transporta, se acaso batesse nas pedras. Daí a
vigilância permanente do capitão do porto.
Ao fim da tarde, o comandante
do barco, em face do fracasso da tentativa feita pelos eus próprios meios, acedeu
à intervenção de rebocadores em próximas tentativas.
HOJE DE TARDE NOVA TENTATIVA DE DESENCALHE
Para tanto, estarão hoje
reunidos, às 9 horas da manhã, com o comandante do navio, o capitão do porto da
Póvoa, um representante do armador, a empresa Cotandre, do Porto, um mestre de
rebocadores e um oficial da APDL.
Só desta reunião será decidido
a forma como irá ser feita nova tentativa de desencalhe, o que virá a ter lugar,
em caso de se ter que fazer na preia-mar às 16h30,
Entretanto, o navio está já a
ser aliviado de parte da carga, a que se encontrava no convés, cerca de 2.500
toneladas de toros de madeira de razoável porte, pelo que foi feito aviso à
navegação desse facto.
Porque é lícito recear ser
provável arrombamento de fundos, foi solicitada ao comandante dos Sapadores
Bombeiros do Porto para procederem à trasfega das quarenta toneladas de gasóleo
que se encontra ainda nos tanques, para evitar risco de poluição das praias da
costa poveira.
A Camara Municipal com a
defesa das suas praias, mobilizou todos os meios, que ali chegara vindo do sul
para norte. Também naquela tarde teriam sido vistas sair grandes nuvens de fumo
negro de bordo. Outras testemunhas afirmam que, já depois da meia-noite, o
navio, iluminado, mantinha a proximidade da costa.
Entretanto, um outro barco, um
butaneiro, mantem-se estacionado ao largo, desde a madrugada, desconhecendo-se
os motivos.
Enfim, há assunto de sobra para
as autoridades averiguarem.
ENCALHADO EM AVER-O-MAR HÁ 25 DIAS
LONGO TRABALHO DE ESPECIALISTAS CONSEGUE POR A SALVO O “PANDA STAR”
O PANDA STAR já a salvo no porto de Leixões
O capitão A. Christiaans, técnico da W. Wijsmuller B. V., de Ijmuiden
04/09/1979 – Eram 4,30 horas
da tarde de ontem quando o navio Panamiano PANDA STAR entrou no porto de
Leixões, depois de ter conseguido “safar-se das areias” da praia da Aguçadoura
na Povoa de Varzim, onde encalhara na madrugada do dia 8 do mês passado. Tendo
acostado ao cais novo de contentores, o navio esperará agora que a Capitania
lhe faça uma vistoria ao casco, passando-lhe o respectivo certificado de
segurança, seguindo tão cedo quanto possa, o seu destino.
A “história do PANDA STAR”,
propriedade de um armador Inglês, que tem os seus navios, sob bandeira de
conveniência do Panamá, começou quando os habitantes das freguesias de
Aver-o-Mar e Aguçadoura viram sair do denso nevoeiro que fazia na referida
madrugada do dia 8 de Agosto passado, um enorme navio que iria encalhar na
areia, paralelamente à praia. Os motivos deste acidente, mais um dos muitos,
que tem feito das costas Nortenhas um verdadeiro cemitério de embarcações, não
se conseguiram apurar, sendo porém provável que se tenha devido exactamente ao
denso nevoeiro que se fazia sentir.
Depois de repetidas tentativas
falhadas de desencalhar o navio, com o auxílio das marés grandes, o
proprietário do navio fez um acordo com a empresa Holandesa Wijsmuller B. V.,
de Ijmuiden, especialista nestas operações, e representada em Portugal pela
agencia de navegação Jervell & Knudsen, segundo a qual o proprietário só
pagaria a tentativa de desencalhar o navio caso esta resultasse, ou seja em
termos marítimos internacionais “no cure no pay”.
Foi assim que há cerca de 15
dias o capitão A. Christiaans tomou conta do PANDA STAR com a missão de o
retirar da praia da Aguçadoura onde parecia estar de “pedra e cal”.
NINGUÉM AGUARDAVA QUE O SALVAMENTO DO NAVIO FOSSE POSSÍVEL
E foi exactamente com o
capitão A. Christiaans que a nossa reportagem falou, depois de termos
conseguido entrar a bordo do PANDA STAR, ainda as manobras de acostagem não
tinham terminado. Visivelmente satisfeito, e num Inglês cuja pronúncia,
possivelmente Flamenga tornava de difícil entendimento, este especialista da
Wijsmuller B. V. em operações de desencalhe, começaria por nos dizer que
“ninguém da Póvoa acreditava que fosse possível salvar o navio”, mas que a
operação correu maravilhosamente, não tendo sido causado ao navio qualquer
dano.
O processo usado – explicar-nos-ia
o capitão A. Christiaans – foi o de o retirar com “buldozzers” a areia junto ao
navio que, como iniciamos por dizer, se encontrava paralelo à praia e a ela
encostado, imobilizado com um ferro preso ao largo e ligada por um cabo de 990
metros. Isto, evidentemente, depois de ter sido retirada a carga que levava,
toros de madeira, assim como quase esvaziadas as reservas de combustível.
E, assim, retirada a areia
possível, o navio esperou as marés grandes que se costumam fazer sentir com
mais força exactamente nos princípios do corrente mês de Setembro. Na manhã de
ontem, com a maré viva, o barco começou a fugir para sul, da parte da ré, de
forma que, mal a hélice pode trabalhar, o navio saiu mesmo de ré, fazendo então
uma difícil manobra entre os bancos de areia donde tinha saído e os rochedos
que mais ao largo abundavam, conseguindo sair de proa sem ter tocado em nenhum.
HÁ MAIS DE DEZ ANOS QUE NENHUM BARCO ENCALHADO NA COSTA NORTENHA
CONSEGUIA SAFAR-SE
Esta operação de salvamento
constituiu realmente uma verdadeira vitória, tanto mais que, para além de
possíveis prejuízos de poluição que evitou, foi a primeira vez que, pelo menos
nestes últimos dez anos, um navio encalhado na costa Portuguesa a norte de
Espinho conseguir safar-se.
O capitão A. Christiaans, como
dissemos o responsável por esta proeza, haveria também, de agradecer o precioso
auxílio da empresa Portuguesa Ferrinha, de Leça da Palmeira, que acompanhou
toda a operação, assim como ao proprietário da estalagem de Santo André, que
forneceu à tripulação água potável e a quem lavou a respectiva roupa.
Sobre o preço porque terá
ficado ao armador proprietário do PANDA STAR toda esta bem sucedida operação de
salvamento, o capitão A. Christiaans dir-nos-ia ser um técnico que não sabe
nada dessas coisas de dinheiro, sendo no entanto de esperar que, pelo tipo de
contrato estabelecido, a verba a receber pela empresa Wijsmuller B. V. não seja
pequena, tanto mais que o navio se encontra na mesma como quando encalhou.
PANDA STAR – imo 6411550/ 61,4m/ 424tb/ 11nós; 29/02/1964 entregue
por J. J. Sietas KG Schiffswerft GmbH u. Co., Neunfelder, as LEDA a Werner
Wartels, Hamburg; 1975 EXXOIL ONE, Panda Navigation, Ltd., Londres; 1977 PANDA
STAR, Panda Star, Ltd, Londres; 1980 PANDA STAR, Yaltex maritime Inc, Panama;
1981 CEDRA, Panamá; 1981 CEDRA SUN, Orkney Ltd, Gibraltar; 1983 MILLE,
Charleston Ltd, Gibraltar; 1986 KAMILLA HOPE, Hagersville, Ltd, Gibraltar; 1996
BASSER R, Siria; 2001 AHMED M, Siria; 2004 LADY DIANA, Siria; 05/12/2004 chegava
a Alang para desmantelamento em sucata.
Fontes: Jornal “O Comércio do
Porto” – M.A.S.; Miramar Ship Index
Imagens: Jornal “O Comércio do
Porto”
Rui Amaro
ATENÇÃO:
Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste
blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s),
o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a
continuação da(s) mesma(s) em NAVIOS Á VISTA, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks
they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact
me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal
for your comprehension and authorizing the continuation of the same on NAVIOS Á
VISTA, which will be very much appreciated.
2 comentários:
I became a merchant seaman on the Panda Star, she was my first vessel which I joined in Gibraltar in 1979.
I worked under captain Christianson and with Manuel and Victor.Christianson signed off at villa Garcia and was replaced by the then first mate called Cubbins, and a new fistmate came aboard who was ex royal navy. Cubbins and the Royal Navy first mate didn't get on with each other as the fist mate thought he should be captain.
The engineers wife got drunk in Westport England (nr Brighton) and fell overboard between the dock and the ship and Manuel and myself saved her from being killed by the ship. After that her husband the chief engineer started to get drunk all the time drinking a bottle of whiskey a day. Eventually he became paranoid sabotaged the radios and tried to attack 5he captain with a spanner. For this he was confined to his cabin under guard. But he was still crazy and tried to light a cigarette with 240 volts from the generator and destroyed the DC/AC converter which stopped all the bridge equipment from working.
Because captain Cubbins knew I knew about electronics (I had a sideband CB in my cabin I talked to England on) he asked if I could call and send a message which I did to get into Alexandra harbour. He then asked if I could repair the electrics and I repaired the converter reset the gyrocompass replaced fuses in the radar and got most of the bridge equipment working Not bad for a new deckhand.
We got rid of Crisp the Chief engineer at Malta and made it to Alexandria where we offloaded our cargo of Oil. I was supposed to have been commentated for my help but it never happened. I eventually paid off in Sweden after much much more stories.
Trabalhei mais de 18 anos na Estalagem Santo André e recordo-me de haver uma bóia pertencente a esse barco.
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