quarta-feira, 22 de maio de 2013

SINISTRO NO RIO DOURO - A LANCHA DA PASSAGEM “FOZ DO SOUSA” DEPOIS DE EMBATER COM UM RABÃO, AFUNDOU-SE, MAS OS PASSAGEIROS E TRIPULANTES FORAM SALVOS


A lancha da passagem FOZ DO SOUSA, depois de encalhada, vendo-se o destemido motorista que evitou uma catástrofe  
/ jornal O Comércio do Porto /.

Cumprindo o horário normal das suas carreiras entre a Foz do Sousa e a Ribeira, no Porto, num dia do ano de 1958, pelas 07h15 quando vinha na altura do Esteiro de Campanhã, conduzida pelo respectivo patrão e mestre, Bernardino Pereira Ferreira, afundou-se a lancha FOZ DO SOUSA.
A lancha transportava 63 passageiros, e, em virtude do estado da maré, navegava junto à margem norte.
Ao chegar junto da Carbonífera, o referido patrão foi acometido de doença súbita, que momentaneamente, o privou do uso dos sentidos. Sentindo-se desfalecer gritou a um passageiro para ir chamar outro tripulante que ia à popa, a fim de o substituir, mas antes que este lá chegasse, o Bernardino perdeu o domínio sobre si, e a lancha, guinando, foi rapidamente de encontro à proa de um rabão carregado de carvão, que lhe provocou um grande rombo, atrás do qual a água invadiu a lancha.
O motorista da FOZ DO SOUSA, Eduardo Alves Ferreira, com grande sangue frio, vendo que o rabão começava a afundar-se, o que ocasionaria a perda irremediável da lancha, depois de gritar aos passageiros, entre os quais se tinha produzido natural pânico, para que se mantivessem nos seus lugares, e, apesar de meio coberto de água, conseguiu, forçando o motor, andar à ré, libertando assim a FOZ DO SOUSA da proa do rabão, que logo se afundou, e conseguindo, milagrosamente, pois o motor estava quase coberto pela água, andar com a lancha e encalhá-la num baixio próximo. Só então acorreram várias embarcações, que, com toda segurança, conduziram os passageiros para terra.
No local do sinistro, esteve o comandante Machado de Sousa, da Policia Marítima do Douro, que depois de analisar a situação da lancha, ordenou que se tomassem as necessárias providências para a retirar do local em que se encontrava, a fim de entrar numa carreira.
Além do rabão, que se afundou, um outro, sofreu avarias que implicava a sua descarga imediata.
A Policia Marítima do Douro, tomou conta da ocorrência e procedeu às necessárias averiguações.
O Bernardino Pereira Ferreira, mestre e proprietário da FOZ DO SOUSA, teve de ser observado clinicamente a fim de se confirmarem as causas do sinistro, de que felizmente não resultaram desastres pessoais.
A lancha FOZ DO SOUSA, gémea da ESPINHAÇO, foi aquela que se afundou a 05/04/1950, junto do Areinho, de Oliveira do Douro, depois de ter embatido contra uma lingueta de pedra, e em dez minutos apenas, a lancha afundou-se totalmente, levando consigo para o fundo do rio cerca de 30 pessoas, No rescaldo confirmaram-se 16 óbitos e mais uma dezena de desaparecidos, que seguiam na embarcação com destino às povoações ribeirinhas da cidade do Porto.
Uma outra tragédia, embora não fosse de cariz marítimo, envolveu meios navais para a recuperação dos corpos e do autocarro, haveria de ter lugar a 04/03/2001 com a queda da ponte de Entre-os-Rios, em que perderam a vida 59 vidas, que eram os passageiros do autocarro e de dois automóveis, que foram engolidos pelas águas de cheia do rio Douro.
Fonte: jornal o Comércio do Porto

Rui Amaro

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