O n/m PORTO ainda na doca sêca dos ENVC / autor desconhecido . colecção Nuno Bartolomeu, Lisboa /
O n/m PORTO demandando o porto de Leixões a 06/04/1968 na viagem inaugural/(c)Foto Rui Amaro/.
O n/m PORTO manobrando no porto de Leixões a 06/04/1968 na viagem inaugural/(c) Foto Rui Amaro/.
Calculava-se em três mil pessoas – entre as quais 1.500 trabalhadores dos Estaleiros Navais – as que a 20/10/1967 se postaram no molhe do Fortim, cais do anteporto, do Cabedelo, etc., para assistir à difícil e emocionante saída do navio-motor PORTO, uma construção de enorme porte, que acabara de ser posta a flutuar em Viana do Castelo, e que fora o maior navio até então construído em estaleiros privados do País, facto da sua saída ter sido transferida de véspera para aquele dia, e ainda a circunstância de se tratar dum grande navio, que tornava a sua saída da barra bastante delicada e de ser também, diga-se a verdade, um motivo de grande orgulho para os Vianenses a construção daquela imponente nave, tudo isso levou aquela multidão a presenciar a espectacular e bem sucedida manobra da largada da doca seca, a condução pelo anteporto e a saída da barra, manobras essas feitas, ao fim e ao cabo, com uma facilidade que era somente aparente, mas que estava na origem da grande competência dos que tiveram tal responsabilidade: o comandante Teixeira Bastos, o capitão António de Araújo, da Administração do Porto de Lisboa, e nomeadamente o cabo-piloto da barra de Viana do Castelo Agostinho Vieira, o homem que de bordo do rebocador de alto-mar PRAIA DA ADRAGA, dirigia toda a manobra e a passagem do barco no estreito canal da barra. O capitão Manuel Bento, também da Administração do Porto de Lisboa, não pode intervir na manobra, por ter adoecido.
As manobras preliminares, muito complexas, iniciaram-se cerca das 09h00, tendo sido colocados prontos a ladear o PORTO, logo que este saísse da doca seca, os rebocadores MONTE CRASTO e SERRA DE PORTALEGRE; o rebocador PRAIA DA ADRAGA, potente embarcação que arrancou o navio para o anteporto, a fim de cruzar a barra, surgiu cerca das 13h20 vindo da doca comercial. Eram precisamente 13h45, quando o grosso cabo de reboque foi estabelecido à proa do PORTO. De bordo o comandante Teixeira Bastos trocava com o cabo-piloto Agostinho Vieira as ultimas ordens de manobra, e eram justamente 13h48, quando aquele pratico da barra fez sinal de que ia arrancar. Nesse momento, a bordo do PORTO era içada a bandeira da Companhia Colonial de Navegação, para a primeira viagem do grande e elegante navio mercante. Aqueles milhares de curiosos seguiam com certa ansiedade a transposição da barra, efectivamente uma manobra que requeria a máxima atenção e muito cuidado. Mas aí as coisas se processaram com tanta simplicidade, tudo decorreu de um modo tão normal, sob a orientação responsável do experimentado prático Agostinho Vieira, que imensa gente, não se apercebeu do caso.
Minutos passados o navio PORTO estava fora das zonas de grande perigo, a primeira era a passagem do barco entre o molhe do Bugio, do Fortim e do Cabedelo; aí indo o barco muito leve, em lastro, e oferecendo um enorme gosto ao vento, poderia haver o perigo de tomar conta dele e lançá-lo para qualquer dos lados, ambos muito próximos, mormente o cais do Bugio, onde o navio passou à distancia de cinquenta metros – o facto de ter sido escolhida uma altura em que não soprava vento, arredou esse perigo; logo a seguir, porém, havia que ser transposto o perigosíssimo Baixio da Tornada, local de bastante assoreamento da barra – as dragagens realizadas com a antecedência devida afastaram ao máximo possível esse novo perigo; havia também a passagem entre o Penedo Ladrão e a Laje do Ladrão e ainda o Roncador, grandes massas rochosas que ladeavam o canal da barra. Ai, novamente a perícia do cabo-piloto Agostinho Vieira e talvez de um outro seu subalterno, conseguiu que tudo corresse pelo melhor.
O PORTO ante sinais de alívio e descontracção por parte daqueles que conheciam a série de perigos, rumou ao sul para Lisboa, onde iriam ser realizados os acabamentos finais, e passado uma hora e meia desaparecia na linha do horizonte. O maior perigo naquela manobra estava no facto do PORTO possuir uma enorme envergadura, vazio como ia, oferecendo um obstáculo monstro a qualquer rajada mais forte de vento que surgisse. Nada sucedeu, e felizmente tudo se consumou com felicidade.
Sem dúvida nenhuma, que aqueles, milhares de Vianenses acabavam de assistir a um acontecimento histórico na vida do velho burgo de mareantes.
O rebocador de alto mar PRAIA DA ADRAGA, da Sociedade Geral, e o SERRA DE PORTALEGRE, da AGPL, vieram, propositadamente de Lisboa e o MONTE CRASTO, da APDL viera de Leixões, a fim de prestarem a necessária assistência ao novo navio.
A 05/04/1968, a fim de iniciar a sua viagem inaugural aos portos Portugueses das costas ocidental e oriental de Africa, o PORTO largava de Lisboa com destino a Leixões, onde no dia seguinte, manhã cedo, engalanado em arco, demandava aquele porto nortenho da região e da cidade que lhe dera o nome e seis dias depois, a meio da tarde, com carregamento completo de mercadoria diversa deixava Leixões, sem que de véspera o seu armador, a Companhia Colonial de Navegação convidasse um elevado numero de entidades a visitar o modelar navio.
Os convidados, que foram recebidos pelos Snrs Dr. Soares da Fonseca, presidente do conselho de administração da Companhia Colonial de Navegação; Tenente-coronel Raposo Pessoa, administrador; Agostinho Pais, da Agencia de Navegação e Comercio, agentes do armador no Norte, e ainda pelo Cte Pires, capitão do navio, percorreram demoradamente todas as dependências daquela moderníssima unidade da Marinha Mercante, tendo sido obsequiados com um beberete.
Usou então da palavra o Dr. Soares da Fonseca, começando por afirmar o seu amor à cidade do Porto, que sempre foi uma grande metrópole, disse que a sua companhia lhe prestava aquela homenagem para que ao dar a uma das suas unidades o nome de PORTO, por intermédio desse navio, o Porto ficava ligado às cidades de além-mar.
Aquele era um grande navio de carga rápido, que permitia ganhar, em relação a outros, vários dias na ligação entre a Metrópole e Lourenço Marques, e a propósito, aludiu aos vários aspectos e características da nova unidade. E acentuou:
«Em suma; O PORTO é digno do nome que ostenta – nome da vossa cidade. Quero dizer, ainda, que só o facto de o PORTO se chamar Porto justifica a solenidade desta entrada em Leixões».
Aludiu em seguida aos progressos registados no Pais pela Marinha Mercante, facto que levava a encarar como normal a entrada ao serviço daquele barco.
Ao terminar brindou pelo PORTO navio e pelo Porto cidade.
A magnífica unidade mercante deixou a todos os visitantes a melhor das impressões.
O PORTO era um navio de171,50 metros de comprimento, 22,10 metros de boca e 8,50 metros de calado e deslocava 9.220 toneladas brutas. Possuía 8 camarotes para passageiros, além de 53 para tripulantes, todos com ar condicionado. Atingia a velocidade de 19 nós, sendo a potência do motor 13.800 BHP. O volume de carga das câmaras frigoríficas era de 1.360 metros cúbicos.
Em 1974, devido à junção da Companhia Colonial de Navegação com a Empresa Insulana de Navegação, foi formada a Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos, passando o PORTO a fazer parte da frota da nova companhia e com a liquidação desta, foi o mesmo vendido ao desbarato, por 65.000 contos, para sucata, à firma Desguaces del Guadalquivir, de Sevilha, a cujo porto chegou a 01/12/1985.
Resta acrescentar, que dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo saíram mais dois navios de grande porte para a Companhia Colonial de Navegação, que foram o LOBITO, 1959/83,144,9 metros e o MALANGE, 1971/86, 171,6 metros .
O navio-motor Português PORTO sai a barra de Viana do Castelo, após ter sido posto a flutuar em 20/10/1967, vendo-se os rebocadores PRAIA DA ADRAGA, MONTE CRASTO e SERRA DE PORTALEGRE colaborando nas manobras /(c) Foto de autor desconhecido/.
As manobras preliminares, muito complexas, iniciaram-se cerca das 09h00, tendo sido colocados prontos a ladear o PORTO, logo que este saísse da doca seca, os rebocadores MONTE CRASTO e SERRA DE PORTALEGRE; o rebocador PRAIA DA ADRAGA, potente embarcação que arrancou o navio para o anteporto, a fim de cruzar a barra, surgiu cerca das 13h20 vindo da doca comercial. Eram precisamente 13h45, quando o grosso cabo de reboque foi estabelecido à proa do PORTO. De bordo o comandante Teixeira Bastos trocava com o cabo-piloto Agostinho Vieira as ultimas ordens de manobra, e eram justamente 13h48, quando aquele pratico da barra fez sinal de que ia arrancar. Nesse momento, a bordo do PORTO era içada a bandeira da Companhia Colonial de Navegação, para a primeira viagem do grande e elegante navio mercante. Aqueles milhares de curiosos seguiam com certa ansiedade a transposição da barra, efectivamente uma manobra que requeria a máxima atenção e muito cuidado. Mas aí as coisas se processaram com tanta simplicidade, tudo decorreu de um modo tão normal, sob a orientação responsável do experimentado prático Agostinho Vieira, que imensa gente, não se apercebeu do caso.
Minutos passados o navio PORTO estava fora das zonas de grande perigo, a primeira era a passagem do barco entre o molhe do Bugio, do Fortim e do Cabedelo; aí indo o barco muito leve, em lastro, e oferecendo um enorme gosto ao vento, poderia haver o perigo de tomar conta dele e lançá-lo para qualquer dos lados, ambos muito próximos, mormente o cais do Bugio, onde o navio passou à distancia de cinquenta metros – o facto de ter sido escolhida uma altura em que não soprava vento, arredou esse perigo; logo a seguir, porém, havia que ser transposto o perigosíssimo Baixio da Tornada, local de bastante assoreamento da barra – as dragagens realizadas com a antecedência devida afastaram ao máximo possível esse novo perigo; havia também a passagem entre o Penedo Ladrão e a Laje do Ladrão e ainda o Roncador, grandes massas rochosas que ladeavam o canal da barra. Ai, novamente a perícia do cabo-piloto Agostinho Vieira e talvez de um outro seu subalterno, conseguiu que tudo corresse pelo melhor.
O PORTO ante sinais de alívio e descontracção por parte daqueles que conheciam a série de perigos, rumou ao sul para Lisboa, onde iriam ser realizados os acabamentos finais, e passado uma hora e meia desaparecia na linha do horizonte. O maior perigo naquela manobra estava no facto do PORTO possuir uma enorme envergadura, vazio como ia, oferecendo um obstáculo monstro a qualquer rajada mais forte de vento que surgisse. Nada sucedeu, e felizmente tudo se consumou com felicidade.
Sem dúvida nenhuma, que aqueles, milhares de Vianenses acabavam de assistir a um acontecimento histórico na vida do velho burgo de mareantes.
O rebocador de alto mar PRAIA DA ADRAGA, da Sociedade Geral, e o SERRA DE PORTALEGRE, da AGPL, vieram, propositadamente de Lisboa e o MONTE CRASTO, da APDL viera de Leixões, a fim de prestarem a necessária assistência ao novo navio.
A 05/04/1968, a fim de iniciar a sua viagem inaugural aos portos Portugueses das costas ocidental e oriental de Africa, o PORTO largava de Lisboa com destino a Leixões, onde no dia seguinte, manhã cedo, engalanado em arco, demandava aquele porto nortenho da região e da cidade que lhe dera o nome e seis dias depois, a meio da tarde, com carregamento completo de mercadoria diversa deixava Leixões, sem que de véspera o seu armador, a Companhia Colonial de Navegação convidasse um elevado numero de entidades a visitar o modelar navio.
Os convidados, que foram recebidos pelos Snrs Dr. Soares da Fonseca, presidente do conselho de administração da Companhia Colonial de Navegação; Tenente-coronel Raposo Pessoa, administrador; Agostinho Pais, da Agencia de Navegação e Comercio, agentes do armador no Norte, e ainda pelo Cte Pires, capitão do navio, percorreram demoradamente todas as dependências daquela moderníssima unidade da Marinha Mercante, tendo sido obsequiados com um beberete.
Usou então da palavra o Dr. Soares da Fonseca, começando por afirmar o seu amor à cidade do Porto, que sempre foi uma grande metrópole, disse que a sua companhia lhe prestava aquela homenagem para que ao dar a uma das suas unidades o nome de PORTO, por intermédio desse navio, o Porto ficava ligado às cidades de além-mar.
Aquele era um grande navio de carga rápido, que permitia ganhar, em relação a outros, vários dias na ligação entre a Metrópole e Lourenço Marques, e a propósito, aludiu aos vários aspectos e características da nova unidade. E acentuou:
«Em suma; O PORTO é digno do nome que ostenta – nome da vossa cidade. Quero dizer, ainda, que só o facto de o PORTO se chamar Porto justifica a solenidade desta entrada em Leixões».
Aludiu em seguida aos progressos registados no Pais pela Marinha Mercante, facto que levava a encarar como normal a entrada ao serviço daquele barco.
Ao terminar brindou pelo PORTO navio e pelo Porto cidade.
A magnífica unidade mercante deixou a todos os visitantes a melhor das impressões.
O PORTO era um navio de
Em 1974, devido à junção da Companhia Colonial de Navegação com a Empresa Insulana de Navegação, foi formada a Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos, passando o PORTO a fazer parte da frota da nova companhia e com a liquidação desta, foi o mesmo vendido ao desbarato, por 65.000 contos, para sucata, à firma Desguaces del Guadalquivir, de Sevilha, a cujo porto chegou a 01/12/1985.
Resta acrescentar, que dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo saíram mais dois navios de grande porte para a Companhia Colonial de Navegação, que foram o LOBITO, 1959/83,
O PRAIA DA ADRAGA, 48,35m/516,57tb/1951 - (c) imagem do armador.
O MONTE CRASTO, 27,92m/139,09tb/1963, largando do porto de Leixões em 16/06/1967, também um excelente produto dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo - (c) imagem de Rui Amaro.
O SERRA DE PORTALEGRE, -- m/259tb/1953, no rio Tejo na década de 50 - imagem de F. Cabral.
Rui Amaro
Fonte: Jornal «O Comércio do Porto»
ATENÇÃO: Se houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas neste blogue, deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação da(s) mesma(s)neste Blogue, o que muito se agradece.
ATTENTION. If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the continuation of the same on this Blog, which will be very much appreciated.
10 comentários:
Já há algum tempo que não passava por aqui e deliciei-me com as histórias de Viana do Castelo...
Ainda hoje o navio Porto seria considerado um navio de grandes dimensões para Viana do Castelo, apesar do anteporto ter agora uma configuração mais alargada. Deve ter sido de facto um acontecimento!
Na notícia julgo haver uma imprecisão quando referem que o piloto estava no rebocador, quando de facto deveria estar no próprio navio Porto, vou ver se tenho algo nos registos.
Já agora, os maiores navios entretanto construídos nos ENVC foram os gémeos Carmel Ecofresh e Carmel Bio-Top, de 186 metros.
Cumprimentos
Caro Amigo Sr. Malheiro do Vale
A dúvida que tem eu também a tive, ao ler o texto da noticia do jornal O Comércio do Porto, contudo jornalista é jornalista e no geral não sabem como as coisas se processam e como tal no meu texto para salvaguardar qualquer falha do jornalista eu acrescentei o seguinte: …”a perícia do cabo-piloto Agostinho Vieira e talvez de um seu subalterno”.
A notícia também frisava, que o comandante Teixeira Bastos de bordo do “Porto” comunicava c/ o cabo-piloto Agostinho Vieira. Ora esse comandante não deveria ser piloto da barra, possivelmente estaria ao serviço dos ENVC ou seria comandante da CCN, e tudo leva a crer que assim fosse e como comandante interino do navio tivesse sido autorizado a dar uma ajuda ao pratico que dirigia a manobra de bordo do “Praia da Adraga”, porque possivelmente só haveria um piloto nessa altura. Só acho estranho a designação de cabo-piloto, porque se houvesse outro elemento na corporação o pratico Agostinho Vieira seria piloto-mor.
Aliás como quando eu ainda criança conheci dois, no inicio da década de 50, o piloto-mor Mário Rodrigues e o piloto Jorge Teixeira, que eram os únicos nessa altura, quando o meu pai que foi piloto do Douro e Leixões por vezes ia a Viana do Castelo de passeio e então ia dar um pé de conversa com os colegas, que me explicavam tudo sobre a barra e o porto de Viana do Castelo.
Mesmo que o seu antigo colega Agostinho Vieira decidisse dirigir as manobras de bordo do “Porto”, o rebocador “Praia da Adraga” também tinha que meter piloto, porque os rebocadores da Sociedade Geral, fossem salvadegos ou rebocadores normais, aqui no Douro/Leixões sempre metiam piloto, embora o “Estoril” e o “Soure” estivessem isentos de pilotagem. Lembro-me do meu pai ter vindo de Leixões no “Estoril” ao Douro desandar o vapor “Foca”, também da Sociedade Geral e levar novamente aquele rebocador para Leixões e o “Praia Grande” e o “Praia da Adraga” aqui no Douro metiam piloto e rebocador fluvial para os desandar. O “Cintra”, o de mais porte, em Leixões também era pilotado.
Foi pena aí em Viana do Castelo não terem construído cais para navios de cruzeiro, na margem norte. De certeza que haveria muitas escalas.
Parabéns pelo seu PILOT BOAT
Sempre ao dispor
Melhores cumprimentos
Rui Amaro
Caro Amigo Malheiro do Vale
No meu comentário anterior errei no que diz respeito aos salvadegos Praia da Adraga e Praia Grande meterem rebocador para os desandar no rio Douro. O Praia Grande de largada e pilotado por meu pai esteve para pedir assistencia de rebocador fluvial devido a haver deficiencia de manobra, porque não desfazia para um dos bordos e como se sabe a largura do rio não é muita e havia "piões" de barcaças e outros navios amarrados nas margens, como tal o espaço de manobra era muito reduzido e havia alguma corrente de águas de cima, o que dificultava a manobra mas lá conseguiu desandar e sair a barra sem percalços.
Pois se ele e os seus colegas já desandaram no rio Douro navios à volta dos 100m, porque é que não desandaria aquele rebocador de 48m.
Aliás em 1952 deu entrada, amarrou,desandou e saiu a barra com o NRP Bartolomeu Dias, 104m, sem assitencia de rebocador.
No rio Douro não havia obrigatoriedade de rebocador ao contrário das docas de Leixões.
Está feita a correção
Cumprimentos
Rui Amaro
Caro Rui Amaro,
Obrigado por partilhar tão valiosas informações!
Espero que continue a "postar" com regularidade.
Cumprimentos
Caro Rui Amaro
Aqui estou mais uma vez e já vai sendo uma rotina, elogiar o belíssimo trabalho que tem desenvolvido, através da postagem de magníficas fotografias, (não só neste blogge, mas mais em particular no site “shipsnostalgia.com”, ao qual eu desde já tiro o meu chapéu) as quais têm o grande mérito de divulgar, não só a histórica e linda malha urbana do Porto ribeirinho, bem como, o seu movimento marítimo dos meados do século XX.
Aproveito para lhe fazer mais uma daquelas perguntas, que só um maluquinho dos barcos como eu pode fazer: Se conheceu o navio motor “Sonami” de 400 toneladas, construído em 1944, para a empresa “Sociedade de Navegação Mixta”, perdido nesse mesmo ano na praia de Buarcos? Caso positivo, e se for possível postar a fotografia, ficaria muito grato.
Saudações marinheiras
Luis Filipe Morazzo
Caro Amigo Luis Filipe Morazzo
Ora aí vão os elementos do Sonami, que consegui obter.
O navio-motor Sonami, cpp32m/211tb, construído em 1938 na carreira de Artur do Carmo Sousa, Vila Real de Santo António, com o nome de Mar Azul para o armador José Braz Alves, Faro; 1943 Sonami, Sociedade de Navegação Mixta.,Lda, Lisboa; 15/03/1944 naufragou na praia de Buarcos.
Eu recordo-me desse navio aqui no rio Douro, não como Sonami mas como Mar Azul. Era de madeira e muito parecido com Efalmeida, embora este tivesse sido construído por Joaquim Miguel Amaro, Faro, somente em 1943 para a Sonami, Lisboa, se bem que me dá a impressão de ser um pouco maior, porque o seu comprimento era de cff47m/cpp40m/512tb. Pode muito bem ter sido aproveitado o projecto do Mar Azul e o Efalmeida ter sido mais alongado. È pena não se conseguir uma uma foto.
O meu pai a 23/07/1942 deu entrada no Douro ao Mar Azul e eu desde que nasci só via navios, com cinco anos, fiz um berreiro tal para ir ver o navio Mar Azul, porque o nome chamava muito à atenção, que o meu pai acabou por me levar a ver o navio, que estava amarrado no lugar da Ribeira do Porto e ainda hoje quando passo naquele local vem-me logo à ideia o navio Mar Azul.
Já autografei o livro de minha autoria, que o Amigo encomendou ao O Progresso da Foz, possivelmente já deve estar a caminho. Estou convencido que vai gostar.
Saudações marinheiras
Rui Amaro
Caro Rui Amaro
Hoje vou ter que reforçar os meus agradecimentos, não só, por ter demonstrado mais uma vez a sua já famosa disponibilidade, em tentar esclarecer as dúvidas que lhe vão sendo colocadas, mas também, pelo autógrafo que teve a amabilidade de escrever no livro que eu acabei de comprar da sua autoria.
O meu muito obrigado
Saudações marinheiras
Caro Sr. encontrei-me agora c/ o blog e estou como que a flutuar nos meus pensamentos e histórias que a minha Avó Amélia me contava.
(Amélia "Barreira) e Joaquina a minha Mãe. Tenho 57 anos e nasci e cresci na casa que faz canto junto à capela da Srª da Lapa. Fui criado nas linguetas,na pesca,apanhar tachas de latâo com que fixavam o revestimento do casco das lanchas dos Pilotos; convivia c/ os mesmos na cave onde eles passavam o seu tempo livre e todas as aventuras de um jovem indigina local.
O meu Avô Deodato Azevedo era marinheiro e morreu num navio inglês na G.Guerra. Um dos que foi seu comandante foi o Jonh (?) cujas cinzas foram atiradas ao Douro e existe uma placa do feito no cais da "Meia Laranja".
Como disse fiquei fascinado pelo seu Blog. A minha sincera admiração.
Gostaria de lhe dizer mais coisas e facultar-lhe alguma da pouca documentação que possuo.
Concerteza que nos conhecemos remotamente.
Um abraço e aguardo a gentileza de contacto.
p.f. aceite a sujestão do meu blog:
http:/parameuneto.blogspot.com
Olá Caro Amigo Filipe
Pois fiquei contente pelo seu comentário e gostei do texto do seu Blogue para o seu netinho mais tarde vir a ter um conhecimento da n/ Foz do Douro e muito particularmente do pitoresco lugar da Cantareira, que felizmente continua com os seus parcos pescadores num novo e aprazível espaço, os quais são tão profissionais como os de outros centros piscatórios. Desde há anos sempre me bati pela sua preservação, fosse na Imprensa diária, no mensário O Progresso da Foz, no meu livro A Barra da Morte – A Foz do Rio Douro, etc. Pois sou descendente de gente do mar, da barra e do rio. Da parte da minha mãe sou Picarote e do meu pai sou Colega, família oriunda da Murtosa e do Carregado/Furadouro-Ovar.
O meu pai foi pescador e piloto-pratico da barra, chamava-se José Fernandes Amaro Júnior, já falecido em 1965, irmão do Eusébio Amaro, mestre da lancha de pilotar P9 e sobrinho do sota-piloto-mor Manuel Alegre.
Eu tenho uma vaga ideia da sua família, pois embora eu residisse na Rua da Cerca, 55, passava o tempo na Cantareira, metido nos botes e na caíca dos pilotos. Na caíca do meu tio Eusébio, em dias de nortada, colocava-se um paneiro ao alto e remo pela popa e lá se ia até ao Bico de Sobreiras de vento em popa. Pior era no regresso a remar contra o vento ou então lá se atravessava o rio até ao Cabedelo. Agora a fiscalização é muita e como tal deixmos de ser “um país de marinheiros”.
Pois eu sei, que o seu avô andava embarcado com o capitão John W. Cowie no Fendris, Procris ou Sardis e perdeu a vida num navio inglês, já não me lembro qual foi, mas no m/ blogue procure o texto O Vapor Darino e o Navio-motor Darinian, no qual consta o nome dos vapores britânicos da Ellerman Lines, que escalavam o rio Douro e foram afundados durante WW2 pelos submarinos alemães e nos quais haviam tripulantes daqui do Porto, que perderam a vida tão tragicamente.
Eu tenho 71 anos de idade, sou uns anos mais velho do que o amigo mas muito possivelmente nos conhecemos. Eu saio pouco de casa, devido a problemas de saúde, mas por vezes vou até à Cantareira, matar saudades dos tempos de outrora.
Sempre ao dispor
Um abraço
Rui Amaro
O Cabo-Piloto,Agostinho Vieira,era meu tio,e aqui lhe presto homenagem,pois conhecia melhor que ninguém,a entrada da barra de Viana do Castelo,perigosa como era naquele tempo.
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