quinta-feira, 22 de maio de 2008

«A PROBLEMÁTICA BARRA DO RIO DOURO» - 3 -


« I M A G E N S »

O vapor inglês Ruckinge, 83m/1,742tb, Constants (South Wales), Ltd., Cardiff, encalhado nas pedras da Ponta do Dente, quando em 18 pés de calado, auxiliado pelo rebocador Lusitânia, demandava a barra do Douro em 20-03-1931 dirigido pelo piloto José Pinto Ribeiro. Aquele vapor carvoeiro, safou no dia seguinte com o auxilio dos rebocadores Tritão e Lusitânia, seguindo para Leixões conduzido pelo mesmo piloto, auxiliado pelo seu colega Pedro Reis da Luz, a fim de aguardar melhor maré na barra do Douro. Na imagem vê-se os rebocadores Lusitânia e o Mars 2º, além da lancha de pilotar P4 e o salva-vidas da Afurada Gonçalo Dias e no molhe de Felgueiras bastantes curiosos assistindo às operações de salvamento. /(c) Gravura de noticia do jornal O Comércio do Porto de 21-03-1931/.

A 30-03-1936, pelas 16h35, foi içado nos mastros do cais do Marégrafo e do castelo da Foz o sinal de galhardetes convencional do calado de água dos vários vapores, que pilotados aguardavam maré para demandar a barra do Douro. Cerca das 17h00, após a entrada de quatro deles, coube a vez ao carvoeiro norueguês Inga I, piloto Francisco Soares de Melo, que fazendo o conveniente, contudo dificil enfiamento ao canal da barra e ao aproximar-se das pedras da Ponta do Dente, sofreu um estoque de água das águas de cheia e desgovernando a bombordo foi de encontro, pelo lado de oeste, aquela penedia, ficando arrombado. O Inga I, atravessado à vaga, que crescia a todo o momento, e à corrente do rio, foi levado por esta até a uma distância de cerca de 400 metros para oés-sudoeste do farolim da Barra, sem de nada lhe valerem os dois ferros lançados à água, acabando por se deter encalhado num banco de areia submerso, f0rmado por uma então recente cheia, um pouco a norte do local onde sete anos antes , tragicamente naufragara o vapor alemão Deister. Todos os elementos a bordo foram resgatados, após várias tentativas arrojadas do salva-vidas a motor Carvalho Araújo, que os conduziu à Cantareira, sob aplausos da assistência de curiosos, que nas margens assistiam ao salvamento.
O vapor Inga I, 76m/1,183tb, que fora construido em 1918 nos estaleiros de Moss e pertencia ao armador Johan Elliassen (A/S D/S Inga), Bergen, manteve-se encalhado por mais de um ano, apesar de ter suportado algumas tempestades. A 15-11-1936 foi solicitada a sua destruição, a fim de evitar futuras consequências, sobretudo a de dificultar o normal movimento da barra. A 05-05-1937, depois dos trabalhos interrompidos por várias vezes, foi finalmente destruído no local. O seu armador adquiriu o vapor norueguês Ba, o qual foi rebaptizado também de Inga I.
A imagem mostra o Inga I encalhado, a sua tripulação no pátio do Hotel Boa Vista, Foz do Douro, e a lancha salva-vidas Carvalho Araújo entrando a barra, já com os náufragos a bordo. /(c) Gravura de noticia do diário O Comércio do Porto de 01-04-1936/.


Dois sugestivos aspectos da barra do Douro em 25-11-1935, distinguindo-se à direita o grupo de bandeiras e disco içados no mastro do cais do Marégrafo, sinal convencionado para a entrada de vapores a reboque com calados não superiores a 15 pés de água, justificado por na ocasião da preia-mar sondar-se apenas 14 pés de água no canal de navegabilidade, diante do cais do Touro, conquanto a escala do Marégrafo, situada no pontal da Cantareira, registar 19 pés. Em face da situação vários vapores foram-se abrigar ao porto de Leixões ou seguíram viagem para outros portos, apenas tendo entrado sete vapores, entre os quais os que se vê na imagem: Em cima, o vapor carvoeiro inglês Maud LLewellyn, 76m/1.454tb, Cardingan Shipping, Ltd, Cardiff, piloto Júlio Pinto de Carvalho, que vai de guinada a bombordo, pelo que o rebocador Lusitânia tenta trazê-lo a estibordo, a fim de entrar no canal e em baixo, vê-se o vapor português Silva Gouveia, 72m/958tb, Sociedade Geral, Lisboa, piloto Hermínio Gonçalves Reis, passando diante do dique da Meia Laranja, auxiliado pelo rebocador Neiva.

A 04-02-1954, cerca das 08h00, dirigido pelo piloto Jaime Martins, encalhava nas pedras do enrocamento do cais Velho, a cerca de cinquenta metros da pedra do Touro, devido a um forte estoque de águas de vazante, o navio-motor português Colares, 74m/1.158tb, da Sociedade Geral, Lisboa, tendo sido safo ao fim do dia com o auxilio dos rebocadores Vandoma, Montalto e Mercúrio 2º, indo de seguida, metido de proa, amarrar no lugar do Cavaco.

A 15-03-1963, já noite fechada, o vapor liberiano Silver Valley, 135m/7.161tb, Silver Star Shipping Corporation, Monrovia, interesses gregos, quando sob mau tempo e fortes pampeiros, que lhe reduziam a visibilidade, procurava o porto de Leixões. foi encalhar no Cabeço da barra do Douro, a cerca de 600 metros para oés-sudoeste do molhe de Felgueiras. O navio que era uma construção "Park Type" Canadiana de 1944, produzida em série, a fim de satisfazer o esforço de guerra, não resistiu à forte ondulação local, tendo em pouco tempo alquebrado, refugiando-se toda a tripulação à proa, suportando o mau tempo e a perigosa maresia que se fazia sentir. Os esforços dos meios de salvamento terrestres e maritimos não conseguiam resgatar os náufragos, pelo que as autoridades maritimas decidiram solicitar a vinda de helicópteros Franceses, que se encontravam em Alverca, e de facto foi a melhor solução encontrada e a primeira operação do género realizada na costa Portuguesa e talvez das pioneiras a nivel mundial. 27 homens foram resgatados em cerca de 40 minutos, num vaivém continuo pelos dois helicópteros, cerca das 15h00 do dia seguinte.
A imagem mostra um dos helicópteros assentando os patins do seu trem na amurada de proa do Silver Valley e os náufragos, dois a dois, iam subindo directamente para bordo, alcançando terra firme em 15 viagens. /(c) imagem de noticia de O Primeiro de Janeiro de 17-03-1963 /.

2 comentários:

SERGIO@CRUISES disse...

Grande blog de interesse maritimo, muitos parabéns pelo seu blog. Adicionei ao meu http://sergiocruises.blogspot.com .
Saudações maritimas,
Sergio@Cruises

Rui Amaro disse...

Olá Sérgio
Muito obrigado pelo comentário e o mesmo estou a dizer acerca do seu Blogue, que desconhecia e que apreciei imenso, pois de futuro não deixarei de o visitar,
Bonita imagem do cais da Pontinha, no qual reconheço o veterano Vénus, um dos Ybarras, um outro que não me recordo do nome, depois julgo que são o Funchal e um da CCN. Fundeados ao largo um Loide e o Berlin.
Embora haja um projecto para estruturação do cais da Pontinha, o que parece é que se esse cais já há bastantes anos era pequeno para o movimento de navios de cruzeiro, agora nem se fala. O Alberto João, homem dinâmico, tem é que mandar projectar novo cais para esse tipo de tráfego, e ainda para mais com o ferry da Armas da ligação Portimão/Funchal com o pessoal a viajar de carro até à Madeira ou vice-versa.
Já agora pode apreciar no Site Ships Nostalgia a minha colecção de postagens de imagens de navios.
Saudações marítimas
Rui Amaro