O "PATCHY" durante a construção /foto de autor desconhecido/.
Como experimentado construtor naval a nivel internacional, recebi em tempos, a encomenda para a construção de uma embarcação de tráfego local, destinada ao transporte de passageiros e veículos, o qual recebeu o nome caricato de “PATCHY”.
Apresentado o projecto e assinado o respectivo caderno de encargos, iniciou-se passados alguns dias a sua construção com o assentamento da respectiva quilha em doca seca, na presença de várias autoridades e individualidades convidadas, trabalhadores do estaleiro, populares e como não podia deixar de ser do armador e de mim próprio como gestor do estaleiro, tendo sido lançado foguetório e servido um beberete acompanhado da alocução dos usuais discursos.
Os trabalhos foram correndo normalmente com a presença do inspector do armador e da entidade classificadora, até que começaram a surgir os pedidos de alterações ao projecto inicial, hoje este, amanhã aquele e depois um outro e assim por diante, apesar do armador ter sido avisado das consequências, e como o cliente assim optava, a coisa foi correndo sem percalços de maior.
Quando a embarcação ficou pronta e realizou provas de mar, a autoridade inspectora, vistoriou a embarcação e detectou pequenas anomalias, próprias de tanta alteração ao projecto inicial, nomeadamente a velocidade que ficara um pouco reduzida, pudera, ou seja devido aos ditos “remendos”, como certa comunicação social, sem conhecimento de causa, “amanda” cá para fora palavrões desnecessários, quase que a deixar o meu internacionalmente prestigiado estaleiro de rastos, apesar do enormíssimo numero de unidades de todos os tipos, já construídas ,convertidas ou reparadas desde há bastantes anos, sem qualquer recusa de entrega por parte dos respectivos armadores nacionais e estrangeiros, os quais têm elogiado os trabalhos do meu estaleiro.
Acontece que o armador decidiu rescindir o contrato da construção do “PATCHY”, nomeadamente devido a não atingir a velocidade contratada, e sendo assim aquela interessante e eficiente unidade mercante já está a ser colocada no mercado internacional para venda, e felizmente já há potenciais interessados no navio. Ainda bem!
OBS. Não! Não! O caso acima relatado não tem nada a ver com aquele outro, que infelizmente tem sido deveras badalado por certa comunicação social, de modo tão deprimente para a industria de consrtrução naval nacional, e sobretudo para o estaleiro envolvido. Este é o “PATCHY”, cujo nome significa “remendado”.
Rui Amaro
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