RECORDANDO O REBOCADOR “TRITÃO” (1) DOS PORTOS DO DOURO E LEIXÕES

O TRITÃO fundeado junto do cais do Marégrafo, Cantareira, procedendo ao embargue de passageiros em dia de greve da Carris,  por volta de 1920, vendo a proa do ÀGUIA / foto de autor desconhecido - colecção F. Cabral, Porto /-

O TRITÃO prestando assistência ao paquete ANGOLA na sua viagem inaugural em 1948 / Flama /.

O TRITÃO amarrado no Caneiro da Ínsua no "laid up" em 1958 / F. Cabral, Porto /.

O rebocador a vapor TRITÃO (1), id 51751/ nº oficial P2646/ cff 33,5m/ boca 06,15m/ pontal 3,04m/ 156tb/ 57tl/ maquina North East Marine Engeenering Co., Newcastle/ T3 cyl, (11,5-18,5-30x18 ins) 80nhp/ 2 hélices/ __kn/ casco de ferro; 1888 entregue pelo estaleiro W. Dobson & Co.,Walker-on-Tyne, ao governo Português, e atribuído ao serviço dos portos do Douro e Leixões; Com a constituição por decreto de 29/10/1891 da Junta de Administração das Obras de Melhoramento da Barra do Douro, o TRITÃO, outras embarcações de apoio e mais material foram entregues à referida Junta, podendo o rebocador ser empregado no serviço Aduaneiro ou da Capitania, mediante prévia requisição pela respectiva entidade do Chefe do Departamento Marítimo do Norte. Foi mais tarde integrado na Junta Autónoma das Instalações Marítimas do Porto (Douro/Leixões) e, mais tarde na sucessora, a APDL -  Administração dos Portos do Douro e Leixões.

As funções atribuídas ao rebocador TRITÃO eram as mais variadas, como o demonstra o seguinte quadro respeitante ao ano de 1921:

Reboque de fragatas Douro/Leixões e vice-versa – 50

Reboque de navios de vela no Douro/Leixões – 25

Condução no mar de barcaças com entulho da Fábrica do Gás (Lugar do Ouro) – 63

Reboques do Douro para o mar – 8

Reboques no porto comercial do Douro – 5

Reboques de Leixões para o mar – 4

Assistência a navios no porto de Viana do Castelo – 1

Assistência a embarcações em dificuldades – 2

Para poder assistir a embarcações em perigo e com maior facilidade poder acorrer ao local, ou para realizar serviços de pilotagem, em ocasiões de mau tempo, devido às embarcações dos pilotos, ficarem impedidas de se fazerem ao mar, costumava mudar de fundeadouro para Leixões na quadra invernosa.

Por ser por vezes utilizado no serviço de passageiros, em 07/1909 foi fixada a sua lotação em 234 pessoas no serviço fluvial e 130 em viagens por mar.

Em 07/1911 como em outras ocasiões de greves da Carris, o TRITÃO, assim como o rebocador de pás ÁGUIA da firma J. H. Andressen participaram no transporte de passageiros no percurso Ribeira, Cantareira, Leixões e volta.

Prestou assistência a embarcações em dificuldades no mar, na costa e em portos da zona norte, onde quer que fosse chamado, e como tal aquando do naufrágio do paquete VERONESE, conduziu a reboque as lanchas salva-vidas RIO DOURO e CEGO DO MAIO para o local do sinistro, e prestando-lhes o devido apoio.

Nos últimos anos, e com o funcionamento da nova doca nº 1, foi transferido para o porto de Leixões, operando juntamente com o rebocador MIRA, também da autoridade portuária daquele porto.

1958 com a vinda dos novos rebocadores adquiridos pela APDL – Administração dos Portos do Douro e Leixões, foi determinada a sua venda, entrando em “laid up” amarrado no caneiro da Insua, lugar do Ouro.
Ao primeiro concurso não apareceram licitantes, pelo que foi aberto em 05/1959 novo concurso. Desta vez aparecerem interessados na compra do velho e prestante rebocador, com perto de 70 anos de serviço, e pouco depois procedeu-se ao trabalho de demolição, que consta que foi realizado na praia do molhe norte do porto de Leixões, junto ao porto de serviço.

Fontes; Tyne Tugs & Tug Builders; F, Cabral.

Rui Amaro

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