segunda-feira, 28 de outubro de 2013

MAIS UMA TRAGÉDIA MARITIMA ENLUTA O MARTIRIZADO CENTRO PISCATÓRIO NORTENHO DAS CAXINAS, DESTA VEZ COM A MOTORA "JESUS DOS NAVEGANTES"


Autor João Viana, Figueira da Foz / ver nota no final do texto /

Nenhum dos oito homens da companha da embarcação de pesca que naufragou na tarde de sexta-feira, 25/10/2013, na sempre difícil barra da Figueira da Foz usava colete, situação essa, que o capitão do porto classificou de "incompreensível". Nenhum pescador usava colete, é uma situação que tem de ser vista. É incompreensível numa embarcação a sair a barra e naquelas condições de mar agitado, disse Rui Amado, capitão do Porto.
Presente na praia do Cabedelo, situada junto ao local do naufrágio e questionado sobre o assunto dos coletes salva-vidas, José Festas, da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, disse não conseguir perceber o que aconteceu.
"Não estou a dizer que não deviam usar colete salva-vidas, mas se o estivessem a usar, se calhar, com o barco a virar, teriam morrido mais tripulantes, porque com o colete envergado é muito difícil mergulhar", sublinhou.
José Festas aludiu ainda às condições de entrada e saída da barra da Figueira da Foz, após as obras de prolongamento do molhe norte, que lhe deram uma nova orientação (sul-sudoeste) e que obriga, de acordo com o comandante do porto, a uma "nova forma" de entrar e sair.
“A nova barra foi feita para os navios. Hoje, os barcos de pesca saem completamente de lado, com o vento e mar, a saída e entrada tem mais perigosidade", afirmou José Festas.
As buscas dos três desaparecidos da motora JESUS DOS NAVEGANTES foram retomadas ao início da manhã de sábado, para já, no mar, apenas com recurso à corveta NRP BAPTISTA DE ANDRADE  já que as condições adversas que se faziam sentir não permitiam a utilização do salva-vidas do ISN e outras embarcações da capitania do Porto da Figueira da Foz, adiantou.
A corveta, que começou a operar ao largo da Figueira da Foz ao nascer do dia, deslocou-se, entretanto, à zona do cabo Mondego - a norte do local do naufrágio - para recolher uma balsa que se presume pertencer à embarcação naufragada, indicou Rui Amado.
A barra do porto comercial que estava fechada a toda a navegação foi entretanto reaberta, embora condicionada a embarcações superiores a 35 metros, continuando por aferir o local exacto onde a motora JESUS DOS NAVEGANTES está localizada.
Rui Amado, capitão do porto, precisou que a embarcação naufragou "a 200 metros da barra, precisamente a sul", num local onde a profundidade é de "cerca de 15 a 20 metros", sustentou.
Desde a reabertura da barra, pelo menos três navios de carga já deixaram o porto da Figueira da Foz, tendo entrado um, constatou a Lusa no local.
O capitão do porto ouviu no último sábado os quatro tripulantes dos cinco que foram resgatados com vida, nomeadamente o mestre da embarcação, para apurar o que aconteceu na altura do naufrágio.
Um quinto tripulante, o ferido mais grave do naufrágio - um homem de 48 anos, de nome Luis Santos, que sofreu uma paragem cardio-respiratória e foi reanimado e estabilizado no hospital da Figueira da Foz, antes de ser transferido para os Hospitais da Universidade de Coimbra - estava, ao início da madrugada de sábado, com prognóstico muito reservado, informou aquela unidade de saúde.
Na praia do Cabedelo estava a decorrer a última prova do Circuito de Surf do Norte, mas a competição, segundo a autoridade marítima, não interfere com as buscas dos três pescadores desaparecidos.
Cinco camaradas foram resgatados com vida pelo salva-vidas do ISN, e havia três pescadores desaparecidos na sequência do naufrágio de sexta-feira na Figueira da Foz, contudo o corpo de um dos desaparecidos foi encontrado ao fim da manhã de sábado, e recolhido pelo helicóptero.
Um quinto tripulante, o ferido mais grave do naufrágio - um homem de 48 anos, de nome Luis Santos, que sofreu uma paragem cardio-respiratória e foi reanimado e estabilizado no hospital da Figueira da Foz, antes de ser transferido para os Hospitais da Universidade de Coimbra - estava, ao início da madrugada de sábado, com prognóstico muito reservado, informou aquela unidade de saúde. "Diria que tem uma esperança de 60% a 70% de se salvar", disse aos jornalistas Manuel Gameiro, diretor do Serviço de Urgência do Hospital Distrital da Figueira da Foz.
Já os restantes quatro resgatados - Francisco Fortunato, 40 anos, mestre e armador da embarcação naufragada, Eurico João, 26, Francisco Ferreira, 31, e António Reijão, 41 anos, que, segundo Manuel Gameiro, fazia anos no fatídico dia - estão bem e já têm alta clínica.
Estavam à espera dos familiares que vão chegar vindos do centro piscatório das Caxinas, o mais martirizado da costa Portuguesa, para os vir buscar", indicou o médico.
José Paiva, que estava a pescar num dos molhes interiores do rio, por volta das 17h15, disse que a embarcação esteve algum tempo a tentar sair a barra e que pouco depois viu a motora levantar-se no ar e desaparecer no mar. Três motoras preparavam-se para sair a barra e duas voltas de mar imprevistas bateram numa delas, a JESUS DO NAVEGANTES, e virou-a, disse também Mário Gomes, outro pescador no local.
Vários destroços da motora foram dando à costa, e curiosamente entre eles, a quilha, ou melhor o fundo, só por isto se entende que o embate foi fortíssimo.
Ao naufrágio acorreram os bombeiros, ISN e polícia marítima e seu material flutuante, GNR, INEM, Cruz Vermelha, etc.
O mestre José Festas e o capitão do porto da Figueira da Foz deram as “respostas certas” aos jornalistas, sobre uma das possiveis causas da tragédia da motora Poveira JESUS DOS NAVEGANTES, pois tal e qual como noutras barras, a barra da Figueira com o quebra-mar na direcção Sul-Sudoeste não será excepção, e como a ondulação na costa tem tendencia de noroeste, as motoras em ocasiões de mar de andaço, ficam a pairar dentro da barra, a aguardar um liso passageiro, e quando este se dá avançam a toda a força, algumas exitam e ficam-se pela barra, mas outras conseguem ultrapassar a rebentação, isto se forem de proa à vaga, caso das barras sem molhe bastante extenso, agora se têm um molhe bastante prolongado pela frente e deveras direccionado a Sul-Sudoeste, a manobra é mais complicada, nomeadamente pela falta de visibilidade da rebentação que se aproxima, pois têm de avançar de rumo a sul, ou seja de lado ou amura à rebentação, uns bons metros para lá do quebra-mar, e só nessa ocasião é que avançam de proa ao mar, isto significa que não se podem fazer ao mar, junto ao cabeço do molhe, é que com mar a crescer podem ser atiradas contra o molhe, por algum golpe de mar, e afundar-se, até mesmo embarcações de algum porte. Ora navegando de lado, e surgindo umas voltas de mar imprevistas, é fácil o naufrágio.
Quando do projecto dos molhes do Douro, que também tem o molhe norte direcionado a sudoeste, bati-me em crónicas nos jornais diários para que isso não viesse a ocorrer, já prevendo tragédias, como a agora ocorrida na Figueira da Foz, felizmente isso não tem sucedido por aqui, até porque a navegação, quer comercial, lúdica e pesqueira tem sido muito diminuta. Lembro-me de em finais da década de 50, ainda com a barra antiga, um navio, ter apanhado umas valentes voltas de mar de noroeste, e desgovernando para bombordo, para sul, e atravessado ao mar, galgou o banco da barra, e só perto de Lavadores é que conseguiu rodar para estibordo, e fazer-se ao largo.
No que respeita aos coletes salva-vidas, entendo que devem ser utilizados, mas pelo menos no cruzamento das barras, sobretudo em ocasiões de agitação marítima, e importante é a não utilização de botas de borracha altas, que enchendo de água, impossibilitam os seus utilizadores de nadar devido ao peso, e acabam por os fazer submergir. O meu pai que foi pescador desde os 13 anos de idade, e aos 25 piloto da barra do Douro/Leixões, quando na traineira cruzava as barras do Douro, Aveiro ou Figueira, barras em que correu sérios riscos de naufrágio, descalçava as botas e posicionava-se junto de uma bóia de salvamento, para o que desse e viesse, e num acidente numa traineira da Afurada, das maiores, de que era camarada, e demandava a barra do Douro com águas de vazante, aquela desgovernou e bateu de popa na pedra da Gamela, e partiu o cadaste e leme, lançando ferro de imediato, a tripulação que era de cerca de 30 homens, tratou de se recolher na chalandra, e vir para terra, mas ficaram a bordo o mestre, maquinista e o contra-mestre e mais dois camaradas, o meu pai e um outro da Afurada, que não sabia nadar. este muito aflito pedia ao meu pai que o salvasse, e atirando-se à água com uma bóia, trouxe-o a reboque agarrado a um dos pés, a distancia era curta, entre a Meia Laranja e o Cais Velho, infelizmente quando pôs os pés em terra, escorregou no limo e lá se foi, aparecendo o seu corpo passado 15 dias, precisamente na fatídica barra da Figueira da Foz.      
A 19 de Agosto pp, um camarada da motora JESUS DOS NAVEGANTES, agora naufragada, Carlos Manuel Milhazes Novo, caiu ao mar ao largo da Figueira da Foz, sem que ninguém desse por isso, e foi dado como desaparecido. O meu pai com 13 anos, moço de traineira, e um outro jovem moço, vinham na chalandra, a esgotar água, sob nortada, quando ao mar da Aguda, a bossa que ligava a chalandra à traineira rebentou, e como a companha estava a descansar nos beliches, e somente o mestre e o contra-mestre, este era seu pai e meu avô, vinham abrigados do vento na casa do leme e na condução da traineira, e só deram pela falta da chalandra, quando chegaram à barra do Douro, e de imediato retrocederam e foram em socorro dos moços e da chalandra, cujos remos estavam a bordo da traineira, que foram encontrados à deriva, já quase em cima da rebentação, ao mar de Espinho, e muito aflitos, pudera!
Fontes: Comunicação Social.
Rui Amaro

A FOTO É DA AUTORIA DO SR. JOÃO VIANA, QUE TEM OBTIDO EXCELENTES FOTOS DE EMBARCAÇÕES NO PORTO E BARRA DA FIGUEIRA DA FOZ, A QUEM SOLICITO AUTORIZAÇÃO DE A MESMA  CONTINUAR POSTADA NESTE BLOGUE

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1 comentário:

Rui Amaro disse...

Foram encontrados, esta terça-feira de manhã, dia 29, os corpos dos dois pescadores desaparecidos no naufrágio da motora JESUS DOS NAVEGANTES, na sexta-feira, dia 25: um, cerca das 8 horas, junto à praia do Pedrógão, em Leiria; outro, cerca das 9 horas, próximo da praia do Osso da Baleia, em Pombal. Ainda bem que foram encontrados, o que minimiza um pouco o infortúnio dos familiares.