Imagens do encalhe do JUANITA DE CHACARTEGUI, distinguindo-se por perto o COMANDANTE PEDRO RODRIGUES /imagens do Jornal de Noticias /.
24/06/1961
– Segundo tudo indica, o cabo Raso acaba de fazer uma nova vítima, o
navio-motor Espanhol JUANITA DE CHACARTEGUI, de 396 toneladas brutas, anteontem
encalhado naquela zona onde, há anos o paquete Inglês HILDEBRAND encontrou,
também o seu fim.
Nas
primeiras horas que se seguiram ao encalhe, ainda houve esperanças de salvar o
navio, mas depois verificou-se que ficara profundamente encravado, de proa,
entre duas rochas, ainda em mais outros dois recifes, aguçados como os
primeiros, que furaram o navio.
Primeiramente
o JUANITA DE CHACARTEGUI ficou de proa à terra, mas durante a noite de
anteontem para ontem, o mar, que esteve, no entanto, calmo, fez rodar a popa em
direcção a terra, até ficar a poucos metros da costa. Esta rotação deve ter
tido péssimas consequências para os rombos da proa do navio, que fez, deste
modo, uma rotação de quase cento e oitenta graus com os bicos das rochas
metidos no casco. Aliás, depois desta mudança, o navio ficou adornado, o que
até aí não se verificara.
Quando
o rebocador da AGPL, SERRA DE PORTALEGRE chegou ao local, pelas 23h30, o navio
Espanhol estava já inundado e de tal modo que de nada serviria tentar pô-lo a navegar
novamente. O rebocador só ali chegou aquela hora pelas simples razão de que o
pedido formal de socorro só foi apresentado na secção adequada da AGPL, pelas
20h30, ou seja cerca de quatro horas depois do encalhe, e como havia serviço no
porto a atender, teve de se esperar pela vinda do SERRA DE PORTALEGRE que
esteve a trabalhar na recolha dos destroços do quadrimotor a jacto que caiu ao
largo da Fonte da Telha, para poder mandá-lo, depois, dar assistência ao navio
sinistrado.
Parte
da carga do navio – 3.000 contos de bacalhau comprado pelo Grémio dos
Armazenistas de Mercearia – já está inundada, e os tanques de combustível,
ficaram também arrombados.
Os
representantes em Lisboa dos armadores do navio tentarão, agora, recuperar
ainda alguma carga e o que puderem do equipamento do JUANITA DE CHACARTEGUI,
enquanto os catorze homens da tripulação foram já desembarcados, juntamente com
os seus haveres.
O RMS HILDEBRAND encalhado no lugar dos Oitavos, perto do cabo Raso, a 25/09/1957 / imagem do Século Ilutrado /.
COMENTÁRIOS DO ENCALHE
A
zona do cabo Raso com as suas rochas que se estendem pelo mar dentro, à flor da
água ou a pequena profundidade e por largos metros, é, de facto, perigosa: e
mais ainda quando cai o nevoeiro, como sucedia no momento do encalhe do JUANITA
DE CHACARTEGUI e do HILDEBRAND.
No
entanto, toda a gente sabe, perfeitamente, pelo menos os que estão ligados à
navegação, que assim é, e trona-se difícil de compreender que uma zona
reconhecidamente perigosa e, aliás, dotada de um farol com sinais de nevoeiro,
continua a causar vitimas.
Quando
se deu o encalhe do paquete HILDEBRAND, da Booth Line, de Liverpool, falou-se
de possíveis e estranhos desvios que as agulhas magnéticas poderiam sofrer
naquela zona, mas a verdade é que os navios modernos dispõem de agulhas
giroscópicas que não são sensíveis a influências.
Agora,
com o JUANITA DE CHACARTEGUI, foi afirmado pelo seu capitão, sr. Fernando
Bilbau, que segundos antes do encalhe observou a sonda eléctrica e esta acusava
algumas dezenas de metros de profundidade; e o capitão só soube onde se
encontrava quando a proa enfiou pelas pedras. Isto sugere que, a bordo do
JUANITA DE CHACARTEGUI, no momento do acidente, não se fazia grande ideia da
posição do navio, doutro modo, não teria ele vindo tão direito ao perigo.
O
capitão Fernando Bilbau, em declarações aos jornalistas, lançou a
responsabilidade do facto de o navio não ter sido salvo por causa do atraso com
que chegou ao local o rebocador SERRA DE PORTALEGRE.
Este
atraso teria resultado da circunstância de não haver sido compreendido o
primeiro pedido de socorro que capitão Espanhol enviou, pela rádio, para a
Rádio Naval de Cascais. No entender do capitão Fernando Bilbau, quando o SERRA
DE PORTALEGRE chegou ao local do encalhe, já nada podia ser feito de bom, para
salvar o JUANITA DE CHACARTEGUI.
NOTA DO AUTOR DO BLOGUE
Numa
das imagens distingue-se por perto o vapor/rebocador dos pilotos da barra do
Tejo, o COMANDANTE PEDRO RODRIGUES, que fazia estação na baía de Cascais, e
normalmente um dos dois vapores dos pilotos eram os que chegavam em primeiro
lugar ao local de sinistros na área limítrofe daquela baía, até pela sua
localização, e sempre atentos a qualquer emergência, por conseguinte deve ter
sido o primeiro a chegar junto do encalhe, mas pelos vistos não pegou no
JUANITA DE CHACARTEGUI, e será que não havia mais rebocadores da AGPL, ou mesmo
de empresas privadas no porto de Lisboa?!
JUANITA DE CHACARTEGUI (1) – imo 5619486/ 50,5m/ 396tb/ 12 nós; 10/1960 entregue
por Astilleros del Abra SA., Bilbau, à Naviera Francisco Chacartegui SA,
Bilbau; 23/06/1961 em rota de Pasajes para Lisboa com um carregamento de
bacalhau perdeu-se junto so cabo Raso por encalhe devido a nevoeiro, que então
se fazia sentir.
Fontes;
Jornal de Noticias, Miramar Ship Index.
Rui Amaro
ATENÇÃO: Se
houver alguém que se ache com direitos sobre as imagens postadas
neste blogue,
deve-o comunicar de imediato. a fim da(s) mesma(s) ser(em) retirada(s), o que
será uma pena, contudo rogo a sua compreensão e autorização para a continuação
da(s) mesma(s) em NAVIOS Á VISTA, o que muito se agradece.
ATTENTION.
If there is anyone who thinks they have “copyrights” of any images/photos
posted on this blog, should contact me immediately, in order I remove them, but
will be sadness. However I appeal for your comprehension and authorizing the
continuation of the same on NAVIOS Á VISTA, which will be very much
appreciated.
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